Mbappé está fazendo uma Copa que o coloca no caminho de recordes (inclusive o de Giroud) e talvez muito mais
O atacante do Paris Saint-Germain fez mais uma partida exuberante na vitória por 3 a 1 sobre a Polônia, pelas oitavas de final

Olivier Giroud abriu o placar para a seleção francesa neste domingo. Um gol importante, aos 44 minutos do primeiro tempo, e bem marcado: dominou, girou e bateu cruzado para vencer o melhor goleiro da Copa do Mundo (até as oitavas de final). Com ele, Giroud superou Thierry Henry e se isolou como maior artilheiro da história da França. Seu reinado provavelmente será curto porque, no mesmo jogo, Kylian Mbappé colocou a bola na rede duas vezes, dando sequência a uma Copa do Mundo excelente que o encaminhará para bater vários recordes.
Mbappé, por exemplo, tornou-se o jogador mais jovem a marcar nove gols em Copa do Mundo, superando Eusébio. Com esse número, o atacante do PSG igualou o companheiro de clube, Lionel Messi, mesmo tendo disputado três Mundiais a menos. Deixou nomes como Rivaldo, Cristiano Ronaldo, Diego Maradona, Guillermo Stábile e Leônidas da Silva para trás. Sem considerar possíveis lesões ou erosões profundas do projeto esportivo da seleção francesa, seu horizonte são os 16 de Miroslav Klose para arrebatar o recorde absoluto.
A vantagem de Giroud como principal goleador da França é maior, agora em 19 gols, mas há uma diferença de 13 anos entre eles. Se Mbappé tiver uma carreira normal em seleções – o que no ambiente francês nunca é possível dar como certo -, esse recorde será dizimado. Ele foi bastante impressionante na fase de grupos pela forma física absurda que estava exibindo. Contra a Polônia, fez um jogo diferente. Não aproveitou tanto as oportunidades de arrancar. Foi um atacante completo, que trabalhou mais com os companheiros. Deu o passe para o gol de Giroud, marcou o segundo recebendo apenas no fim do contra-ataque e acrescentou o terceiro com um lindo chute no ângulo.
Esta é uma Copa do Mundo diferente para Mbappé. Na Rússia, não era exatamente uma revelação porque havia ajudado o Monaco a conquistar o Campeonato Francês, brilhara na Champions League e estava no Paris Saint-Germain há um ano, contratado como o segundo jogador mais caro da história. Mas não importa o que fizesse, a liderança do time seria de jogadores mais veteranos, como Griezmann, Kanté e Pogba. Mbappé foi bem. Marcou quatro gols, teve uma atuação especial contra a Argentina nas oitavas de final e foi de fato eleito o melhor jovem da competição, ainda aos 19 anos.
Agora ele sabe que apenas, com aspas do tamanho da Torre Eiffel, um título da Copa do Mundo o separa de ser ungido por unanimidade o melhor jogador do mundo. Não em prêmios que, em si, têm menos importância do que parece. Seu compatriota Karim Benzema foi consagrado pela percepção popular antes da France Football ou da Fifa. Mbappé joga como um faz tempo, em regularidade, produção e fator “uau”, mas no futebol de clubes, isso geralmente precisa ser acompanhado pelo título da Champions League. Na seleção não é que é mais fácil porque a Copa do Mundo é um torneio especial e extremamente difícil, mas está ficando mais próximo. Faltam três partidas.
Na visão macro de quem cresceu idolatrando Zinedine Zidane, sabe que marcar seu nome como o herói de um título mundial o eleva a outro patamar na história do futebol. Mbappé é consciente disso e, se não está trabalhando com esse fim em mente, é para lá que está caminhando. Griezmann faz uma Copa do Mundo brilhante. Maduro, despreocupado em ser a estrela, ajudando na ligação entre o meio escalado com apenas dois jogadores por Deschamps e o ataque. Contra a Polônia, teve momentos de volante. O segundo gol sai de um chutão que ele deu do campo de defesa e foi excepcionalmente bem dominado por Giroud. Ousmane Dembélé também está bem, carregando sua recuperação no Barcelona, embora, como sempre, peque nas tomadas de decisão.
Mas a estrela da companhia está sendo Mbappé, sem sombra de dúvidas. Matou o jogo contra a Austrália, decidiu contra a Dinamarca e, mesmo nos minutos finais contra a Tunísia, era quem mais buscava o jogo para reverter uma derrota que na prática não fazia diferença para a seleção francesa. Em um time que às vezes é culpado de ser acomodado, está com fome, com um físico exuberante, a parte técnica em dia e a imortalidade diante dos olhos. É uma combinação perigosíssima.