Ligue 1

As peças começam a se encaixar, e o Monaco agora bate à porta da embolada briga pelo título da Ligue 1

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Sem sucesso em sua busca por um técnico capaz de dar resultados constantes e um sentido de evolução desde a primeira saída de Leonardo Jardim, o Monaco tem patinado na Ligue 1 em busca de uma direção. Thierry Henry durou três meses, entre outubro de 2018 e 2019, Jardim fracassou em sua segunda passagem, ao longo de 2019, e Robert Moreno tampouco trouxe as respostas esperadas na primeira metade de 2020. Niko Kovac, que no Bayern de Munique pareceu estar diante de um desafio acima de sua capacidade, tem mostrado agora, na equipe monegasca, ser um nome capaz de fazer a diferença – e logo em sua primeira temporada.

Ainda em sua primeira temporada, Kovac arrumou a casa, passou a dar um padrão de jogo à equipe e, depois de sofrer inicialmente com resultados inconstantes, sobretudo com uma defesa ainda fragilizada, acertou as peças e agora tem colhido os frutos. O setor defensivo, não se engane, ainda precisa de ajustes para ser menos vazado, mas já está num ponto em que não estava no início. Se antes os problemas defensivos custavam importantes vitórias a um time que não sofria de falta de volume de jogo ofensivo, agora o saldo tem sido suficiente para alçar o Monaco a um novo patamar.

Algo encaixou na equipe de Kovac entre o fim do ano passado e o início deste ano. Depois de duas semanas de trégua, os monegascos chegaram com tudo para 2021 e mantêm, atualmente, a melhor sequência positiva da Ligue 1. Dos sete jogos que disputou no ano, o time venceu todos os sete, e a sequência invicta é ainda maior: nove partidas, com oito vitórias e um empate, batendo, entre outros, Nice e Olympique de Marseille.

Dentro do panorama completo do bom momento do Monaco, podemos encontrar também boas narrativas se desenvolvendo. Como na equipe que venceu a Ligue 1 de 2016/17 e que encantou a Europa com sua campanha semifinalista de Champions League, vários jogadores jovens têm se fixado no time titular e deixando uma primeira boa marca no futebol profissional: o zagueiro Badiashile, de 19 anos; os volantes Tchouaméni (21) e Youssouf Fofana (22); e Sofiane Diop, meia ofensivo de 20 anos, ocupam hoje espaços de destaque no time principal e têm visto seu valor crescer mesmo em meio a um cenário financeiro altamente impactado pela pandemia do Coronavírus.

O sucesso do Monaco, é claro, não seria possível sem uma boa mescla com jogadores mais experientes, e estes têm feito muito bem o trabalho de absorver a pressão e liderar a equipe. O destaque principal vai para os jogadores ofensivos. Wissam Ben Yedder, autor de 11 gols e cinco assistências na temporada da Ligue 1, mantém o papel de protagonista dos últimos anos, contando agora com um excelente parceiro em Kevin Volland. O alemão, contratado nesta temporada, demorou um pouco para engrenar, mas deslanchou e já soma 12 gols e 8 assistências em 22 jogos, uma contribuição direta de quase um gol por jogo.

Por fim, chegamos àquela que tem sido a peça de maior destaque neste momento de alta dos monegascos. Depois de sofrer com uma lesão que o tirou de 15 dos 17 primeiros jogos da Ligue 1 em 2020/21, o russo Aleksandr Golovin voltou voando ao time de Kovac, com sua grande fase individual se confundindo com o próprio momento coletivo do Monaco.

Foi justamente a partir do retorno de Golovin que o Monaco deu início à sua sequência de sete vitórias seguidas, e a contribuição do russo não é de se desprezar. Ainda ganhando ritmo, entrando como reserva no segundo tempo, o meia deixou um gol e duas assistências em seus quatro primeiros jogos desde a recuperação da lesão na coxa. Por fim, no jogo contra o Nîmes, na rodada passada, seu primeiro como titular desde a primeira rodada da Ligue 1, marcou um hat-trick e deu uma assistência para construir a vitória por 4 a 3, fora de casa.

Aos bons sinais que têm se multiplicado recentemente, soma-se agora a chegada de um nome jovem, bastante promissor e com perfil que se encaixa bem na filosofia do Monaco. Krépin Diatta, ponta contratado em janeiro do Club Brugge, ainda dá seus primeiros passos na equipe, mas é um dos jovens do futebol africano cujo potencial mais gera expectativas. Aos 21 anos, já faz parte da seleção senegalesa e acaba de dar seu primeiro salto significativo ao deixar a Bélgica para disputar uma das cinco grandes ligas europeias.

Com a constância que tem mostrado e o crescimento individual e coletivo visto ao longo da temporada, o Monaco começa a forçar o seu espaço dentro da conversa sobre a briga pelo título, em uma temporada embolada como há muito tempo não vemos na Ligue 1. O líder é o surpreendente Lille (54 pontos), seguido de perto por Lyon (52), PSG (51) e, agora, Monaco (48).

O desafio, no entanto, não será fácil, já que além de precisar referendar o grande momento ao longo das próximas 14 partidas, o Monaco precisaria contar com uma queda de nível de duas outras equipes que fazem ótima temporada, Lille e Lyon, além de torcer para que o trabalho de Mauricio Pochettino demore para engrenar – o que parece não estar acontecendo, com o argentino vencendo cinco de seus sete jogos de Ligue 1 à frente dos parisienses.

De qualquer forma, para um clube que vive ainda o início de um trabalho sob o comando de Kovac, a temporada vai se desenhando de forma surpreendentemente positiva – com motivos para acreditar que, enfim, o Monaco pode estar reencontrando o seu melhor caminho, do qual derrapou há quatro anos, de busca contínua por participações na Champions League.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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