Foi contra o Brasil, mas não tem como sentir raiva de Zidane por aquela partidaça em 2006

Farei uma confissão a vocês: eu já senti raiva de Zidane – e talvez você compartilhe esse sentimento comigo. Eu era apenas um menino de oito anos no fatídico dia de 1998, em que o camisa 10 carequinha arrebentou com o Brasil. Já não gostava muito dele, das vezes em que a Juventus atrapalhava o caminho do Borussia Dortmund de Chapuisat, meu time favorito no Fifa 97 do Mega Drive. Mas naquele 12 de julho ele me fez chorar. Ainda não conseguia entender a maestria que ia além daqueles dois golpes fatais.
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Só que o tempo dá sabedoria. Faz você crescer gostando ainda mais de futebol. E era impossível não se render a Zidane. A Eurocopa de 2000 foi outro triunfo do craque, sem precisar da tristeza do outro lado. E a transferência ao timaço que o Real Madrid formava o tornou ainda mais irresistível, conquistando títulos e dando show – como conseguiu, tudo junto, naquela final da Champions de 2002. A raiva, aos poucos, se transformava em admiração. Para ter a sua transição definitiva em 1º de julho de 2006, no novo encontro com o Brasil em uma Copa do Mundo.
Aquela derrota já não valeu lágrimas, por mais que a Seleção tivesse time (pelos craques no papel, não pelo que jogou de fato) para ir além. Só não dava para sentir um pingo de raiva. Como vencer Zidane jogando tanto e tratando tão bem a bola? Após a partidaça contra a Espanha, o camisa 10 conseguiu ser ainda mais fantástico. Talvez a sua melhor atuação em Copas, superior até mesmo à decisão da Copa de 1998. E não é que a derrota do Brasil também dava motivos para sorrir? Zidane teria mais dois jogos para prolongar a sua carreira. Por mais que o final não tenha sido o mais feliz, deu para aproveitar. Um dos maiores craques da história, de gosto amargo para o Brasil, mas de lembranças tão doces para o futebol. Tamanha classe ajuda a relevar qualquer sentimento de torcedor.
Abaixo, o vídeo com todos os lances de Zidane naquele jogo. Melhor não perder nenhum segundo: