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Christophe Galtier, técnico do PSG, é detido pela polícia por racismo

Treinador foi levado sob custódia por declarações dadas ainda como técnico do Nice contra negros e muçulmanos

O técnico do Paris Saint-Germain, Christophe Galtier, foi preso pela polícia em Nice como parte das investigações sobre racistas contra negros e muçulmanos. As declarações dadas foram ainda quando o treinador estava no Nice, na temporada passada. A informação foi confirmada pelo The Athletic nesta sexta-feira pelo promotor da cidade.

Galtier, de 56 anos, era técnico do Nice na temporada passada e foi acusado em abril de usar comentários racistas e discriminatórios sobre seus os jogadores da sua própria equipe. O filho do treinador, John-Valovic Galtier, também foi levado sob custódia como parte da mesma investigação. Tanto Christophe Galtier quanto seu filho negaram as acusações quando elas surgiram, ainda em abril.

Como surgiu a denúncia contra Galtier

As acusações vieram em um e-mail do então diretor de futebol do Nice, Julien Fournier, para Dave Brailsford, diretor da INEOS, empresa que é dona do clube do litoral francês. A mensagem continua alegações bastante sérias sobre as declarações de Galtier e seu filho.

O advogado de Galtier divulgou comunicado em que o técnico nega as acusações “com a maior firmeza”. O treinador ainda afirmou em coletiva de imprensa que irá tomar medidas legais contra aqueles que estão, segundo ele, “prejudicando a sua reputação”. Galtier entrou com uma medida legal por “comentários ofensivos e difamatórios”.

A polícia de Nice tomou depoimentos de Didier Digard, que terminou a temporada como técnico do time, e do presidente do clube Jean-Pierre Rivere. Foi feita uma busca no centro de treinamento do Nice, tudo como parte do processo de investigação por “motivos de discriminação com base em suposta raça ou pertencimento a religião”.

Galtier, Nice e PSG se manifestaram em abril

Ainda em abril, Nice e PSG se manifestaram. “Os fatos relatados dizem respeito a duas pessoas que já não trabalham para a OGC Nice. Esta situação foi tratada com a maior seriedade na altura dos acontecimentos. O clube não fará mais comentários”, diz comunicado do Nice.

“Sérias alegações foram feitas na mídia contra nosso técnico Christophe Galtier. Christophe respondeu claramente, negando-os firmemente e anunciando que iria entrar com uma ação legal. O clube apoia Christophe Galtier após as inúmeras e inaceitáveis ​​ameaças que recebeu e agora quer que a verdade seja apurada pela justiça”, disse comunicado do PSG, também em abril.

Quais são as acusações contra Galtier e seu filho?

No e-mail enviado por Julien Fournier foram feitas diversas acusações contra Galtier. Uma delas inclui Galtier dizendo ao então diretor esportivo que “não dava para ter tantos jogadores negros e muçulmanos no time”. O filho de Galtier foi acusado também de fazer comentários ofensivos e discriminatórios desse tipo. O e-mail descreve o que seriam reuniões entre Galtier, Fournier e Valotic-Galtier.

Segundo Romain Molina, da RMC, Valovic-Galtier afirmou a Fournier que seu pai, que é também seu cliente, estava insatisfeito porque o diretor “montou um time de escória”, que não refletia Galtier, e que havia “apenas negros e metade da equipe está na mesquita na sexta-feira à tarde”.

Fica ainda pior. Galtier teria dito a Fournier que o time “não refletia a cidade” e descrevia que ele visitou um restaurante na cidade e que “todo mundo vinha dizer que temos um time de negros”. O e-mail ainda diz que o técnico queria reduzir o número de jogadores muçulmanos no elenco, incluindo “Jean-Clair Todibo, Youcef Atal, Hicham Boudaoui, Amine Gouiri e Mario Lemina”. O técnico ainda não queria contratar Ozann Kabak por ele ser muçulmano.

Galtier, ainda segundo a descrição no e-mail de Fournier, teria dito que o período do Ramadã dava ao técnico a oportunidade de reclamar continuamente sobre o fato de “ter muitos jogadores muçulmanos no time”. Fournier ainda afirma que todas essas informações foram passadas a Bob Ratcliffe, irmão de Jim Ratcliffe, presidente e dono da empresa.

Galtier ainda teria pedido aos jogadores muçulmanos que não fizessem o jejum do Ramadã, algo que Hicham Boudaoui e Jean-Clair Todibo se recusaram. Todibo, inclusive, teria ficado furioso e chutado um cone durante o treinamento por isso.

Galtier deve sair do PSG

Independente do resultado da investigação, Christophe Galtier está de saída do PSG. O clube estava insatisfeito com o seu trabalho e, mesmo que ele tenha contrato até junho de 2024. Há negociações que, segundo informações mais recentes, estão avançadas com o espanhol Luis Enrique para assumir o cargo. Galtier, portanto, deve ser demitido e possivelmente receber uma multa por isso.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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