Europa

Por que Uefa foi cobrada a mudar o pagamento de premiações

Medida proposta por grupo de clubes foi apresentada à Comissão Europeia

A União de Clubes Europeus (UEC) pediu à Uefa, entidade máxima do futebol no continente, para mudar a política de pagamentos de premiações aos times da Europa. A solicitação foi anunciada nesta segunda-feira (12) com a indicação de ser uma “proposta estratégica”.

No comunicado, a UEC requisitou que ao menos 5% da receita anual referente às Competições de Clubes sejam redirecionados a mecanismo financeiro de desenvolvimento e treinamento de atletas que competem em torneios da Uefa para serem entregues a times formadores, independentemente se essas equipes participam dos campeonatos da entidade.

O que motiva o pedido da UEC à Uefa?

O grupo chamou a proposta de “Prêmio de Desenvolvimento do Jogador” (PDR, na sigla em inglês) e afirmou se tratar de uma forma de “restaurar a justiça e o equilíbrio no ecossistema do futebol” fundamentado em méritos.

O princípio é claro: os clubes que investem no desenvolvimento de seus jogadores devem ser recompensados de forma justa quando esses jogadores contribuírem para o sucesso das competições europeias –, dizia o texto.

A ideia é recompensar as equipes formadoras que não estejam entre as 36 classificadas à Champions League com parte desses 5%. Para isso, a UEC determinou que os valores tenham como base os minutos jogados e os prêmios conquistados pelos atletas. O montante que possa restar deve ser redistribuído entre os elegíveis.

A nota oficial destacou que Fifa e Uefa têm regulamento “desatualizado” em relação ao assunto. A primeira por se tratar de “transferência, e não ao sucesso”, enquanto a instituição europeia não prevê nenhuma premiação aos clubes pelo desenvolvimento de jogadores.

A PDR aborda essas deficiências e introduz justiça ao vincular recompensas financeiras ao papel de um clube no desenvolvimento de talentos; sustentabilidade, oferecendo fluxo de receita previsível particularmente importante para times fora da elite e incentivos ao encorajar investimento a longo prazo nos jovens e infraestrutura.

Simulação do grupo mostrou que, caso a medida estivesse em vigor na atual temporada, com a receita da Competição de Clubes em 4,9 bilhões de dólares (R$ 27,8 bilhões), quase 1.500 times da primeira à sexta divisão seriam contemplados, e 400 receberiam mais de 100 mil euros (R$ 630 mil).

O Ajax é o líder da lista, com estimativa de angariar mais de 5,3 milhões de euros (R$ 33,4 milhões). Schalke 04, Bayer Leverkusen, Sporting, Chelsea e Stuttgart teriam ganhos na casa de 3 milhões de euros (R$ 18,9 milhões). Rennes ficaria com 2,5 milhões de euros (R$ 15,7 milhões) dessa fatia, enquanto Lille e Borussia Monchengladbach somariam 2,4 milhões de euros (R$ 15,1 milhões) cada.

TimePDR estimado para 2024/25
Ajax5,3 milhões de euros
Schalke 043,4 milhões de euros
Bayer Leverkusen3,3 milhões de euros
Sporting3,3 milhões de euros
Chelsea3,2 milhões de euros
Stuttgart3,1 milhões de euros
Rennes2,5 milhões de euros
Lille2,4 milhões de euros
Borussia Monchengladbach2,4 milhões de euros
Lyon2,1 milhões de euros

Além desses, clubes como o escocês Aberdeen FC (215 mil euros), o suíço Lugano (56 mil euros), o inglês Bury FC (15 mil euros) e o sérvio FK Palilulac (mil euros) seriam outros agraciados.

Frenkie de Jong não joga pelo Barcelona desde abril deste ano
Frenkie de Jong, do Barcelona, conquistou projeção no futebol ao defender o Ajax (Foto: Imago)

“Reconhecemos a proposta”, afirmou um porta-voz da Uefa ao “The Athletic”. “O sistema de solidariedade foi revisto com as partes interessadas e com a Associação Europeia de Clubes (ECA) antes do início do ciclo e está em seu primeiro ano de operação. O assunto será abordado quando chegar a hora”, complementou.

Embora tenham conceitos semelhantes, ECA e UEC não são a mesma organização. O primeiro, segundo o jornal, é o grupo “preferido” da Uefa, e o segundo foi criado como uma alternativa a isso em 2023.

Foto de Milena Tomaz

Milena TomazGerente de Mercado

Jornalista entusiasta de esportes que integra a equipe de redação da Trivela. Se formou em Comunicação Social em 2019.
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