Uma grande noite europeia em Old Trafford: Manchester United vira contra o Barcelona e vence duelo de pesos pesados
Antony marcou na metade do segundo tempo para arrancar um resultado simbólico aos Red Devils, além da vaga nas oitavas de final da Liga Europa

O Manchester United teve grandes noites europeias desde a aposentadoria de Alex Ferguson. A vitória sobre o Paris Saint-Germain nas oitavas de final da Champions League em 2019 foi enorme. Em Old Trafford, a principal foi aquele 6 a 2 sobre a Roma na semifinal da Liga Europa dois anos depois. A desta quinta-feira entra nesse grupo. No mínimo. Pelo tamanho, pela qualidade do adversário e pelas circunstâncias. Com um gol de Antony no segundo tempo, o Manchester United venceu o Barcelona de virada por 2 a 1 para seguir vivo na Liga Europa.
O United está na segunda competição da Europa, ainda distante de uma possível final, mas esse foi um duelo entre dois dos times em melhor forma no continente, independentemente do palco em que se enfrentaram. E como no Camp Nou, os jogadores dos Red Devils e seu técnico Erik ten Hag souberam encarar o desafio com maturidade e inteligência. Como no Camp Nou, começaram mal, fizeram ajustes, melhoraram, dominaram o jogo. Sinal de bravura de quem entra em campo. Sinal de que quem está no banco de reservas sabe o que está fazendo.
Porque o simbolismo maior dessa vitória sobre o Barcelona não é a classificação às oitavas de final, mas uma confirmação do ótimo trabalho de Ten Hag. Outras serão necessárias porque de bons sinais a torcida do Manchester United está cansada desde que Ferguson mascou chiclete pela última vez. É inegável, porém, que quase dez anos depois o maior campeão inglês finalmente parece estar no caminho certo.
E o Barcelona não tem tanto a lamentar. Fez um bom primeiro tempo e um segundo tempo ruim. Sentiu os desfalques, principalmente de Pedri e Gavi, os corações do seu meio-campo. Caiu cedo na Liga Europa, mas contra um grande adversário. Travou um duelo que nos lembrou, não que fosse necessário, do peso de camisas como as do Barça e do Manchester United. E não será surpresa se o virmos novamente no mata-mata da Champions League ano que vem.
Escalações
Depois de ser meia no Camp Nou, Wout Weghorst voltou a ser o centroavante (que não finaliza), com Rashford à esquerda. Erik ten Hag tomou outra decisão um pouco diferente, abrindo Bruno Fernandes na linha de armadores pela direita, com Jadon Sancho mais centralizado. Lisandro Martínez retornou à defesa, ao lado de Varane, e Luke Shaw foi o lateral esquerdo do Manchester United.
O Barcelona estava desfalcado de seus dois principais meio-campistas – os garotos Pedri e Gavi – e de Ousmane Dembélé. Xavi Hernández montou o setor com Sergio Busquets, Frenkie de Jong e Franck Kessié, com Sergi Roberto em uma rara aparição mais avançado, ao lado de Raphinha e Robert Lewandowski. A defesa teve Jules Koundé, Ronald Araújo, Andreas Christensen e Alejandro Baldé, sem grandes surpresas.
Primeiro tempo
Nos primeiros minutos da etapa inicial, parecia que teríamos outro grande thriller como no jogo de ida. Porque logo de cara, Casemiro encontrou um lindo lançamento para deixar Bruno Fernandes na cara de Ter Stegen. O meia português dominou, entrou na área e teve tempo para encontrar uma solução melhor do que chutar em cima do goleiro do Barcelona. Era um começo vívido e que não demorou a gerar um gol, quando o próprio Fernandes derrubou Baldé dentro da área com um puxão pouco inteligente. Lewandowski cobrou com paradinha. Não cobrou muito bem. De Gea conseguiu buscar de mão trocada, mas chegou um pouco atrasado e apenas espalmou para o lado interior da trave.
O gol dos visitantes deixou a partida mais morna porque o Barcelona estava muito bem postado para se defender e, com a bola, soube cozinhar, deixar o tempo passar, construir frustração no adversário. A novidade de Ten Hag não funcionou muito bem, tanto que ele terminou o primeiro tempo com uma reorganização: Sancho à esquerda, Rashford à direita e Fernandes de volta ao meio. Mas Ter Stegen passou por poucos apuros.
Ao contrário de De Gea. A instantes do intervalo, o goleiro espanhol, que não é conhecido por ser um grande passador, mandou a bola curta para a frente, pelo meio. Não havia nenhuma pessoa vestida de vermelho nem perto da região pretendida. Sergi Roberto interceptou e invadiu a área, mas foi desarmado por um carrinho de Casemiro e, ainda no chão, o volante brasileiro conseguiu bloquear o rebote de Kessié, então, se formos tirar alguma conclusão dos primeiros 45 minutos em Old Trafford, é que Casemiro é um monstro.
Segundo tempo
Ten Hag retornou com Antony no lugar de Weghorst. O brasileiro foi aberto pela direita, com Rashford centroavante, Sancho pela esquerda e Bruno Fernandes pelo meio com Fred, à frente de Casemiro. A troca causou efeitos imediatos. Aos dois minutos, o Barcelona teve sérias dificuldades para afastar a bola, Sancho encontrou Bruno Fernandes que acionou Fred se infiltrando na entrada da área. O meia dominou e bateu de perna direita no canto de Ter Stegen para deixar tudo igual.
O Barcelona era outro time. Muito mais competente para atrapalhar a posse de bola adversária e castigar em rápidas transições. Pouco depois do gol, Antony recebeu em velocidade pela direita e ganhou de Christensen, que conseguiu se recuperar para evitar o passe ao meio da área. Projetava-se um duelo tático muito interessante porque o Barcelona executou melhor a sua proposta no primeiro tempo, o United havia respondido, e agora a bola estava novamente no colo de Xavi.
O técnico espanhol, porém, não tinha muita coisa no banco para mudar o panorama, nem conseguiu fazê-lo com as peças que estavam em campo. O United seguiu escapando sempre que possível, e as únicas finalizações catalãs na etapa final vieram aproximadamente aos 20 minutos. A cabeçada de Koundé foi espalmada por De Gea por cima do travessão, uma excelente defesa, e depois Kessié mandou um chute sem problemas de fora da área.
A apoteose aconteceu aos 28. Raphinha foi pressionado por Bruno Fernandes. Meio que pisou a bola. Perdeu. Garnacho recebeu e mandou em cima da marcação. Fred também foi bloqueado. Na terceira tentativa, Antony, que pouco antes havia irritado Ten Hag pela sua tomada de decisão, mandou uma chapada de primeira para virar o jogo.
Xavi havia colocado Ferrán Torres, muito bem no fim de semana, na vaga de Sergi Roberto. Lançou Ansu Fati e Marcos Alonso depois do segundo gol. Até conseguiu pressionar na base do abafa. Lewandowski teve a chance. Recebeu em velocidade, bateu girando cruzado e venceu De Gea, mas Varane conseguiu cortar quase em cima da linha. O lance foi anulado por impedimento.
Foi pouco para evitar a eliminação. O Barcelona agora se concentrará em conquistar o título do Campeonato Espanhol e na Copa do Rei, na qual tem clássicos contra o Real Madrid no começo de março, enquanto o Manchester United segue marchando na Liga Europa.