Liga Europa

Orquestrado por Özil e com um gol magnífico de Ramsey, o Arsenal atropelou o CSKA Moscou

O Arsenal vê a Liga Europa como a última esperança em uma temporada desanimadora. A competição continental surge como tábua de salvação para o time de Arsène Wenger, sem perspectivas de alcançar o Top Four da Premier League e sequer figurando entre os semifinalistas da Copa da Inglaterra desta vez. Ao menos no torneio da Uefa, os Gunners têm tudo para aparecerem entre os quatro melhores. Nesta quinta, os londrinos encaminharam a classificação nas quartas de final. Em seu primeiro encontro com o CSKA Moscou, golearam por 4 a 1, em resultado marcado pelo incisivo futebol exibido no primeiro tempo.

Escalando o melhor time à disposição, o Arsenal começou pressionando, com uma bola de Henrikh Mkhitaryan pelo lado de fora da rede e um tento anulado de Ramsey. Já aos oito minutos, o time da casa abriu o placar. A trama belíssima contou com vários passes trocados, relembrando os Gunners de outros tempos. Dentro da área, Hector Bellerín cruzou para Aaron Ramsey fuzilar. O CSKA, todavia, não seria passivo na noite. Adotou uma postura aberta e começou a ameaçar a meta de Petr Cech logo na sequência. Arrancou o empate aos 15 minutos, em uma cobrança de falta perfeita de Aleksandr Golovin. O meio-campista colocou um efeito impressionante na bola, que pegou uma curva e caiu bem no ângulo da meta inglesa.

O Arsenal não sentiu o baque. E não demoraria a construir sua goleada. O árbitro assinalou pênalti sobre Mesut Özil e Alexandre Lacazette converteu, anotando o segundo aos 23. Já o mais bonito foi o terceiro, cinco minutos depois. Após sequência de triangulações na lateral, Özil passou por elevação e, ligeiramente adiantado, Ramsey saiu de cara para o gol. “A la Giroud”, o galês girou o corpo e bateu de calcanhar. O lance não foi tão plástico quanto o do centroavante meses atrás, mas já serviu para encobrir Igor Akinfeev, culminando em uma obra de arte.

O CSKA até tentava diminuir, se aproveitando das fragilidades da defesa adversária, mas não conseguia passar por Cech. Já do outro lado, a precisão dos Gunners nos arremates era excelente. O quarto gol veio logo aos 35, em mais uma assistência de Özil, agora servindo Lacazette, que dominou e acertou o canto. O alemão, aliás, protagonizava uma atuação impecável. Ditava o ritmo do time e dava passes cirúrgicos com uma facilidade digna de sua qualidade técnica acima da média.

Durante a segunda etapa, o Arsenal seguiu dominante, mas não tão voraz. Criou outras tantas chances de marcar o quinto gol, mas esbarrou na defesa do CSKA, mais atenta. Os defensores russos bloquearam bolas cruciais, assim como Akinfeev fez boas defesas. Além disso, ainda houve um arremate de Ramsey que estalou a trave e um lance claríssimo no qual Lacazette falhou. A se lamentar, apenas a substituição de Mkhitaryan, com dores no joelho. Já os russos tiveram um tento anulado pela arbitragem, mas não mais do que isso, diminuindo o ritmo em relação ao primeiro tempo.

É de se destacar a exibição primorosa de alguns dos protagonistas do Arsenal, como tantas vezes os torcedores exigem. Özil simplesmente orquestrou o ataque. Além dele, as chegadas de Ramsey mais à frente foram fundamentais e Lacazette resolveu quando necessário. De fato, ninguém esperava muitas complicações dos Gunners contra o CSKA Moscou. Ainda assim, a goleada aumenta a tranquilidade para a viagem à Rússia – que deve ser tensa apenas por questões extracampo, entre elas o hooliganismo e a cisão diplomática dos britânicos com o Kremlin. O time de Arsène Wenger tem tudo para dar um passo à frente na competição e, aí sim, ver o nível de exigência aumentar – possivelmente, contra Atlético de Madrid, RB Leipzig ou Lazio nas semifinais.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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