Liga Europa

O Arsenal flertou com a desgraça, mas acabou reagindo e carimbou a vaga na semifinal

O Arsenal já estava avisado. Depois do que aconteceu com o Barcelona e com o Real Madrid na semana, todo cuidado era pouco em relação à vantagem construída no primeiro jogo pelas quartas de final da Liga Europa. Tudo bem, a diferença em relação ao CSKA Moscou pode ser considerada até maior em relação ao que se viu na Champions com Roma ou Juventus. Os Gunners, de qualquer forma, possuem uma predisposição a flertar com a desgraça. E o próprio Arsène Wenger admitiu a cautela. No fim das contas, os londrinos avançam às semifinais, mas com uma certa dose de drama. O time tomou pressão dos moscovitas durante boa parte da partida na VEB Arena e ficaram a um gol da eliminação no segundo tempo. Ao menos reagiram e, com dois tentos nos 15 minutos finais, asseguraram o empate por 2 a 2.

A vitória do Arsenal por 4 a 1 no Estádio Emirates jogava toda a responsabilidade sobre o CSKA. E os russos, que já tinham atuado de maneira surpreendentemente aberta na Inglaterra, até podendo fazer mais gols, partiram para cima diante de sua torcida. Os Gunners tentavam conectar contra-ataques, sem sucesso. Já a partir dos 20 minutos, as finalizações dos anfitriões se tornaram constantes. O time da casa aumentava sua carga principalmente pelos lados do campo, mas não vinha conseguindo acertar o pé. Já aos 39, aconteceu o primeiro gol. Após cruzamento da esquerda, Kirill Nabakin cabeceou para defesa de Petr Cech, mas no rebote Fedor Chalov não perdoou.

O final de primeiro tempo intenso do CSKA motivou o time rumo à segunda etapa. E, com o Arsenal tentando fechar os espaços em sua área, os russos arriscavam bastante de longe. Em um lance assim, nasceu o segundo gol, aos cinco minutos. Cech rebateu o arremate de Aleksandr Golovin e, na sobra, Nabakin puniu os Gunners novamente. Para se redimir, o goleiro faria grande defesa pouco depois, em outro tiro de Golovin cobrando falta. Naquele momento, um gol seria suficiente aos moscovitas. Pareciam mais próximos de marcar, com chutes e cruzamentos perigosos.

O Arsenal acordou apenas aos 20 minutos, quando percebeu os riscos e passou a atacar com mais velocidade, enquanto a posse de bola era dos russos. E o gol que daria tranquilidade saiu aos 30, com todos os méritos de Welbeck. O atacante deu um lindo drible de corpo na linha lateral e passou para Mohamed Elneny, se projetando à área. Recebeu a enfiada do egípcio e tocou na saída de Igor Akinfeev. Com isso, os moscovitas necessitavam de dois gols para forçar a prorrogação. Até buscaram abafar, mas sem criar. Já nos acréscimos, saiu o empate, dando uma impressão de comodidade que não foi real. Contragolpe puxado por Elneny, que cedeu mais uma assistência, desta vez a Aaron Ramsey.

Por aquilo que apresentou nesta quinta, o Arsenal precisa tomar cuidado na sequência da Liga Europa. Apesar das grandes partidas contra o Milan ou mesmo na ida diante do CSKA Moscou, segue como uma equipe de debilidades, que se afunda na apatia com frequência. Olympique de Marseille e Red Bull Salzburg indicaram que estão longe de ser azarões na competição. E o esforço dos Gunners é necessário, diante de sua tábua de salvação na temporada, para tentar voltar à Liga dos Campeões em 2018/19. Resta esperar por uma força continental que os londrinos não exibem há tempos, alcançando sua primeira semifinal desde 2008/09 e buscando a primeira final desde 2006.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
Botão Voltar ao topo