Este é o Guia Trivela da Liga Europa 2022/23
Analisamos os 32 participantes da fase de grupos da Liga Europa, que promete equilíbrio e imprevisibilidade desde o início da etapa principal
A Liga Europa ganhou mais peso desde a temporada passada. A Uefa optou por concentrar equipes das grandes ligas e times eliminados nas preliminares da Champions dentro do torneio secundário. O que se viu foi um altíssimo nível competitivo, desde as fases iniciais, o que não era muito o padrão anterior – quando a fase de grupos se arrastava. Melhor ainda, a LE soa bem mais equilibrada e imprevisível. Em muitos grupos parece bem difícil cravar os dois classificados, quando os níveis se aproximam. Surpresas são possíveis, como Eintracht Frankfurt e Rangers provaram com campanhas históricas para fazer a última decisão.
A empolgação se mantém rumo à segunda edição da Liga Europa nesse formato. Existem pesos pesados na fase de grupos, mas no geral as chaves são niveladas e oferecem um lugar ao sol a todos. A promessa de grandes jogos é enorme, especialmente com o empenho maior demonstrado dentro de campo. E o número de destaques vale a atenção, ainda mais às vésperas de uma Copa do Mundo. Abaixo, preparamos um guia com análises mais curtas dos 32 participantes, para acompanhar a competição. Confira:
Grupo A
Arsenal
O ótimo início de temporada credencia o Arsenal como talvez a principal força da Liga Europa neste pontapé inicial. Entretanto, teoria e prática podem não se correlacionar tão diretamente assim. O nível de motivação dos Gunners tende a ser diferente na competição continental em relação à Premier League, assim como Mikel Arteta deve rodar o elenco. De qualquer maneira, depois de um ano de ausência nos torneios da Uefa, a reaparição se torna importante. E um título europeu na estante dos londrinos, depois de quase três décadas, também seria interessante. As últimas empreitadas do clube além das fronteiras não foram das mais empolgantes, apesar da decisão perdida contra o Chelsea em 2019.
A continuidade de Arteta, por si, é um trunfo. O treinador consegue se reinventar à frente do Arsenal e alavanca um projeto que realmente pensou no médio prazo, a partir das apostas em tantos jovens. As contratações neste mercado foram pontuais, como Gabriel Jesus, Oleksandr Zinchenko e Fábio Vieira. Bem mais importante é o amadurecimento de quem estava no elenco. Investimentos de outras janelas se provam como certeiros, a exemplo de Aaron Ramsdale, Ben White e Martin Odegaard. Enquanto isso, promessas do porte de Bukayo Saka e Gabriel Martinelli desabrocham. A dúvida fica por saber se a equipe terá profundidade o suficiente para manter o rendimento na Liga Europa.
PSV
Pela segunda temporada consecutiva, o PSV pinta na fase de grupos da Liga Europa quando tinha bola para disputar a Champions. Desta vez, a tentativa seria frustrada na última fase preliminar, diante do Rangers. Por mais que os Boeren atravessem um momento de transição, com Roger Schmidt dando lugar a Ruud van Nistelrooy no comando, a equipe apresenta credenciais para figurar nos escalões mais altos. Até por isso, tem condições de fazer uma campanha melhor do que foi a última na Liga Europa, quando acabou repescado para a Conference e sucumbiu nas quartas de final. O time vem de derrota na rodada da Eredivisie e deixou a primeira colocação, mas tem qualidade para ambicionar taças.
Um dos méritos do PSV é não ter sofrido grandes baixas no mercado de transferências. Mario Götze até saiu, mas os Boeren conseguiram segurar jogadores com muito cartaz no mercado – a exemplo de Cody Gakpo, seu grande protagonista, além de Ibrahim Sangaré. Melhor ainda que os reforços, sem custar muito, deixaram o conjunto mais forte. Walter Benítez, Guus Til e Luuk de Jong agregam experiência em alto nível sem grandes custos, enquanto Savinho e Xavi Simmons podem crescer no Estádio Philips. A filosofia de jogo ofensiva também está preservada, o que pode auxiliar ainda outros na ascensão, como Joey Veerman e Noni Madueke. É time para, no mínimo, mata-matas.
Bodo/Glimt
O Bodo/Glimt parecia preparado para dar um salto rumo à Champions nesta temporada. Depois da campanha marcante na última Conference, os bicampeões noruegueses tiveram algumas goleadas incontestáveis nas preliminares da Champions, mas também indicavam problemas fora de casa. Foi o que custou caro na última fase classificatória, com a derrota diante do Dinamo Zagreb. De qualquer maneira, estar na Liga Europa eleva o patamar do Raio. E a dedicação à frente continental deverá ser maior, visto que o tri nacional não deve acontecer, com o Molde dez pontos à frente no topo da tabela com só mais nove rodadas pela frente – os alviazuis venceram por 4 a 1 o confronto direto do último sábado.
A linha de trabalho do Bodo/Glimt está preservada, com o técnico Kjetil Knutsen no comando desde 2018. Porém, a cada janela de transferências os aurinegros veem seus destaques saírem, alguns em fim de contrato. É até impressionante como os substitutos não permitiram uma queda de nível tão substancial assim. Nomes como Amahl Pellegrino, Ola Solbakken e Hugo Vetlesen ganharam importância com o tempo. Dos mais antigos, vale destacar também o meia Ulrik Saltnes e o lateral Alfons Sampsted. E o principal reforço desta janela de transferências é Patrick Berg, capitão nos títulos nacionais, mas que não emplacou numa breve passagem pelo Lens. Volta para sustentar a força dos aurinegros.
Zurique
O Zurique paga o preço de seu sucesso. Depois de temporadas de marasmo no Campeonato Suíço, inclusive com um rebaixamento recente, a equipe viveu uma campanha meteórica para reconquistar o título após 13 anos. O problema veio com o desmanche imediato, a começar com a saída do técnico André Breitenreiter, que assumiu o Hoffenheim. Os alvicelestes até buscaram um substituto experiente, o austríaco Franco Foda, mas o início na Super League é péssimo. A equipe ainda não venceu depois de sete rodadas e ocupa a vice-lanterna. Ao menos, os problemas não impactaram tanto na caminhada continental. Superado pelo Qarabag nas preliminares da Champions, o time passou por Linfield e Hearts para alcançar a Liga Europa. Entretanto, num grupo duro, deve ser coadjuvante.
Alguns dos principais jogadores do título deixaram o Zurique, com menção principal ao artilheiro Assan Ceesay (fisgado de graça pelo Lecce) e ao promissor Wilfried Gnonto (que rendeu menos que podia ao assinar com o Leeds United). Sem tanto dinheiro, a diretoria fez apostas em jogadores sem renome, com menção principal ao rodado centroavante Ivan Santini. O jeito é contar com outras lideranças da campanha do título para fazer um papel digno na Liga Europa. O zagueiro Becir Omeragic é o mais promissor, mas o meio-campo se destaca com as opções de Antonio Marchesano, Adriàn Guerrero e Nikola Boranijasevic, além do ídolo Blerim Dzemaili, aos 36 anos.
Grupo B
Rennes
Esta é a quinta temporada consecutiva que o Rennes disputa a fase de grupos das competições europeias. A relevância é expressa no futebol francês, rendendo inclusive a inédita aparição na Champions League. E os rubro-negros têm capacidade para chegar mais longe, com a campanha na última Conference encerrada nas oitavas de final. Bruno Génésio faz um trabalho sólido à frente dos bretões, ainda que o início da Ligue 1 não impressione tanto, com só duas vitórias nas primeiras seis rodadas. Mas é um conjunto forte e que, num grupo acessível nesta Liga Europa, tem condições totais de alcançar novamente os mata-matas.
O mercado de transferências foi lucrativo para o Rennes, mas o clube precisa lidar com a saída de referências como Nayef Aguerd e Gaëtan Laborde, enquanto o promissor Mathys Tel se despediu rumo ao Bayern. Por outro lado, o clube soube reinvestir. O ataque ganha qualidade com Amine Gouiri e Arnaud Kalimuendo, enquanto a vinda de Steve Mandanda é simbólica. A equipe precisa se realinhar com muitas novidades na zaga, enquanto outros talentos do meio para frente continuam, a exemplo de Benjamin Bourigeaud, Lovro Majer e Martin Terrier. Isso sem falar na qualidade dos jovens sempre formados na Bretanha. Kamaldeen Sulemana e Jérémy Doku carregam reputações com suas seleções aos 20 anos, mas vale prestar atenção também em Désiré Doué, meia de 17 anos que já fez até gol na Ligue 1.
Fenerbahçe
O Fenerbahçe vem em uma temporada de transformações. Depois de começar mal no último Campeonato Turco e melhorar, o clube resolveu trazer Jorge Jesus. Com o treinador também desembarcam uma batelada de contratações, que não se encaixam de imediato. A eliminação para o Dynamo Kiev nas preliminares da Champions frustrou bastante, mas sinais de melhora vieram para superar Slovácko e Austria Viena, alcançando a fase de grupos da Liga Europa. Já o início na Süper Lig alterna goleadas e tropeços, o que deixa os Canários no meio de tabela. Por enquanto, não dá para cravar fracasso ou sucesso sobre o Fener, mas não se nega que o clube aposta alto nesta mudança.
O Fenerbahçe se desfez de jogadores importantes, com destaque à venda de Kim Min-jae, enquanto abriu mão de nomes que não rendiam o esperado – Mesut Özil puxando o bonde. As compras se concentram em várias figurinhas carimbadas que precisam dar liga. Há a legião brasileira composta por João Pedro, Luan Peres, Lincoln, Willian Arão e Gustavo Henrique, bem como opções rodadas do porte de Joshua King, Ezgjan Alioski, Emre Mor e Michy Batshuayi. Com pouco tempo de trabalho, não dá para dizer que tantas figuras novas já formam um time. É uma reconstrução ampla, embora se escore em nomes mais antigos, com destaque ao goleiro Altay Bayindir, ao zagueiro Attila Szalai, ao meia Ferdi Kadioglu e ao atacante Enner Valencia. Vale ficar de olho também no meia Arda Güler, de 17 anos.
Dynamo Kiev
Por todas as limitações causadas pela guerra na Ucrânia, a mera presença do Dynamo Kiev na fase de grupos da Liga Europa já é valiosa. O clube passou os últimos meses limitado a amistosos e atravessa um início de Campeonato Ucraniano sob dúvidas, diante dos riscos que a retomada da competição representa em meio aos conflitos em parte do território. Apesar disso, quase deu para pintar na Champions jogando em campo neutro. Algozes de Fenerbahçe e Sturm Graz, os alviazuis caíram apenas na última fase preliminar, diante do Benfica. Conta a experiência do veteraníssimo Mircea Lucescu, que segue no comando técnico aos 77 anos e não quis abandonar o barco por conta do conflito.
Outra consequência da guerra é a perda de boa parte do elenco no mercado de transferências. Os jogadores estrangeiros, sobretudo, deixaram o Dynamo. Diferentemente do Shakhtar Donetsk, entretanto, os alviazuis não tinham tanta dependência da legião brasileira e reúnem a base da seleção ucraniana. Até por isso, trouxeram apenas dois reforços na atual janela. O protagonismo permanece com ídolos locais, a exemplo de Viktor Tsygankov, Ilyia Zabarnyi, Georgiy Bushchan, Mykola Shaparenko e Sergiy Sydorchuk. Como a espinha dorsal atua há mais tempo junta, o Dynamo não deve enfrentar tantos problemas de entrosamento. Vale mencionar ainda o lateral polonês Tomasz Kedziora, raro estrangeiro que ficou no grupo.
AEK Larnaca
O futebol cipriota chega forte nesta temporada continental e o AEK Larnaca será um de seus representantes. Os auriverdes disputarão a fase de grupos de uma copa europeia pela terceira vez, com o retorno após quatro anos. Tiveram seus méritos nas preliminares. A equipe vendeu caro a queda para o Midtjylland na Champions, só nos pênaltis. Depois, passou por Partizan Belgrado e Dnipro-1 na LE. São boas credenciais a um clube que não chama tanta atenção, já que nunca venceu o Campeonato Cipriota, apesar de cinco vices desde 2015. O responsável pela jornada é o espanhol José Luis Oltra, com experiência principalmente na segunda divisão de seu país. O clube nos últimos anos apostou sistematicamente em comandantes ibéricos, com destaque a Andoni Iraola.
Assim como tantos clubes cipriotas, o AEK Larnaca conta com uma enorme legião de estrangeiros em seu elenco. O principal reforço da temporada é o volante Pere Pons, trazido do Alavés. Já um nome conhecido é o do atacante Ivan Trickovski, capitão auriverde e figura importante na seleção da Macedônia do Norte. O venezuelano Roberto Rosales e o sérvio Nenad Tomovic são outras figurinhas carimbadas em ligas maiores. No geral, o plantel é formado por jogadores sem tanta projeção internacional. Entre eles está o meia luso-brasileiro Gus Ledes, que chegou a atuar na base do Barcelona, mas já rodou bastante aos 29 anos.
Grupo C
Roma
A sensação que a conquista da Conference League causou ao redor da Roma certamente deixa o clube mais ávido para a disputa da Liga Europa. Depois de um mercado de transferências tão badalado, os giallorossi também desejam crescer na Serie A e pelo menos conquistar um lugar dentro do G-4. Entretanto, há a consciência do efeito positivo que outro sucesso continental pode causar e José Mourinho não abrirá mão disso. O início na Serie A empolgava pelos pontos acumulados, não tanto pelo nível de atuação, até que a goleada sofrida diante da Udinese se tornasse um baque. Apesar disso, o revés não diminui as virtudes dos romanistas para buscarem mais.
O mercado da Roma dispensa apresentações, sobretudo pela adição de Paulo Dybala, enquanto nomes como Andrea Belotti, Mady Camara, Nemanja Matic e Zeki Çelik dão opções ao elenco. As lesões começam a preocupar, com o lamento sobre Georginio Wijnaldum, mas também problemas físicos de nomes importantes como Nicolò Zaniolo e Tammy Abraham. Apesar de tudo isso, é uma equipe com qualidade abundante. A volta de Leonardo Spinazzola está entre as boas notícias, enquanto Lorenzo Pellegrini continua jogando o fino no meio-campo. Outros coadjuvantes crescem, a exemplo de Nicola Zalewski. O fato de não perderem destaques no mercado também eleva as expectativas.
Betis
O Betis disputará a Liga Europa pela segunda temporada seguida e sabe que poderia fazer mais na última edição do torneio. Os verdiblancos venderam caríssimo a eliminação diante do Eintracht Frankfurt, que terminou com a taça. Depois da conquista na Copa do Rei e dos bons momentos no Campeonato Espanhol, emplacar na competição continental soa como uma possibilidade – até porque o vizinho Sevilla possui a Liga Europa em alta conta. Um importante trunfo dos beticos está na continuidade de Manuel Pellegrini, um dos treinadores mais experientes do torneio, que chega à sua terceira temporada completa no Estádio Benito Villamarín e realiza um ótimo trabalho.
O Betis teve problemas no mercado de transferências, devido às limitações financeiras. Até contratou Luiz Henrique e Luiz Felipe, além de comprar em definitivo Willian José, mas teve dificuldades na inscrição de atletas em La Liga e perdeu nomes fundamentais na defesa, como Marc Bartra e Héctor Bellerín. O alívio é que a debandada poderia ter sido maior, sobretudo pelo assédio em cima de Nabil Fekir. Continua sendo um bom time, com uma espinha dorsal forte composta por Rui Silva, Guido Rodríguez, Sergio Canales, Juanmi e Borja Iglesias. Também será mais uma oportunidade de apreciar o talento do veteraníssimo Joaquín, que aparentemente fará a última temporada da carreira.
Ludogorets
O Ludogorets atravessa a maior hegemonia do futebol europeu, com 11 títulos consecutivos do Campeonato Búlgaro. Os alviverdes pintaram duas vezes na etapa principal da Champions, mas o costume é mesmo figurar na Liga Europa, com a sexta participação consecutiva em fases de grupos. Só duas vezes alcançaram os mata-matas, porém. Neste início de temporada, a dinastia local sofre a ameaça do CSKA Sofia e do CSKA-1948, dois clubes que brigam pela mesma herança histórica. Já as preliminares continentais não inspiram confiança, com uma eliminação categórica para o Dinamo Zagreb na Champions, além de dificuldades para superar o Zalgiris Vilnius na Liga Europa. A posição do técnico esloveno Ante Simundza não parece tão garantida.
A ascensão do Ludogorets desde a última década se vale de diversos jogadores brasileiros. Nomes como Igor Thiago, Rick e Cauly fazem parte da base titular, enquanto o lateral Cicinho é uma bandeira em Razgrad. Apesar da saída de Alex Santana rumo ao Athletico Paranaense, o clube buscou Nonato e Pedro Henrique no Internacional, além de Pedro Naressi no Ceará. Já entre os jogadores de outras nacionalidades, o ganês Bernard Tekpetey representa um perigo no comando de ataque. Também há destaques entre os búlgaros, como Kiril Despodov e Anton Nedyalkov, além do promissor Dominik Yankov.
HJK Helsinque
O HJK Helsinque é o único clube da Finlândia a ter disputado fases de grupos das competições continentais, e conseguiu figurar pelo menos uma vez em todos os certames. Depois da presença na última Conference League, os alviazuis retornam à Liga Europa oito anos após sua última participação. A equipe caiu nas preliminares da Champions diante de Viktoria Plzen, mas apresentou seu valor ao superar Maribor e Silkeborg nas classificatórias da LE. Mesmo como potencial figurante, a presença internacional já vale bastante. Paralelamente, o HJK disputa a reta final do Campeonato Finlandês, em busca do tricampeonato nacional. A fase regular da competição termina neste final de semana, antes do hexagonal decisivo.
Uma das virtudes do HJK Helsinque é a continuidade em seu comando. O técnico Toni Koskela está no cargo desde 2019 e inicia sua carreira de forma bastante promissora, aos 39 anos. Conta com um elenco bastante jovem, que mistura alguns nomes da seleção local com apostas estrangeiras. O lateral Jukka Raitala e o meia Perparim Hetemaj são os mais experientes entre os finlandeses. Já entre os estrangeiros se sobressaem promessas ofensivas, como o ganês Malik Abubakari e o sérvio Bojan Radulovic, além do goleiro norte-irlandês Conor Hazard. O Brasil dá sua contribuição ao sucesso com o lateral Murilo, líder em assistências na temporada.
Grupo D
Braga
A Liga Europa é a casa do Braga. Se os minhotos não costumam se intrometer tanto para buscar vagas na Champions League, sobram como quarta força no Campeonato Português e batem cartão no torneio continental secundário. São 11 participações ao menos na fase de grupos, a quarta consecutiva. Os arsenalistas merecem respeito pelo desempenho na última temporada, com a queda para o Rangers apenas nas quartas de final. Experiência além das fronteiras não falta e o time ainda anima pelo começo na liga nacional, na segunda colocação. Os bracarenses estão sob nova direção, sob o comando de Artur Jorge, antigo ídolo do clube que passou anos dirigindo a base e agora substitui Carlos Carvalhal.
Durante o mercado de transferências, o Braga lucrou alto com a venda do zagueiro David Carmo ao Porto. As apostas são de custo mais baixo, mas com a interessante contratação do centroavante Simon Banza, além dos empréstimos de Diego Lainez e Uros Racic do futebol espanhol. Destaque do Famalicão no último ano, Banza já soma cinco gols nas primeiras cinco rodadas do Portuguesão. Entre os nomes mais antigos do elenco, Ricardo Horta e Al Musrati são os jogadores de maior peso. E se os brasileiros têm ampla história entre os minhotos, o goleiro Matheus permanece como um dos melhores de sua posição na liga nacional, em defesa que ainda reúne o lateral Fabiano Silva e o zagueiro Vítor Tormena.
Union Berlim
O Union Berlim cresceu degrau a degrau nas últimas temporadas. Os Eisernen conquistaram o acesso inédito à Bundesliga, sobreviveram na primeira temporada com sobras, descolaram uma vaga na Conference League e agora pintam na Liga Europa, num momento empolgante em que brigam até por liderança no início do Campeonato Alemão. O trabalho do técnico Urs Fischer é um dos mais consistentes das grandes ligas europeias, com uma identidade de jogo bastante evidente, que não se perde nem com as intensas movimentações no mercado de transferências, e nem se fecha a ajustes pontuais que fazem a equipe crescer. É nesse embalo que surge a nova caminhada continental, com o plus de poder jogar no Estádio An der Alten Försterei, caldeirão barrado na temporada passada pelas normas da Uefa que até então proibiam setores em pé.
A rotatividade alta no elenco fez o Union Berlim se despedir de jogadores importantes, como Taiwo Awoniyi e Grischa Prömel. A resposta no mercado viria com uma série de reforços, alguns deles já fundamentais na boa largada pela Bundesliga. Morten Thorsby, Janik Haberer, Danilho Doekhi e Jordan Siebatcheu não demoraram a apresentar valor. Entretanto, quem realmente arrebenta é o atacante Sheraldo Becker, autor de cinco gols na Bundesliga e com uma intensidade impressionante na linha de frente. O goleiro Frederik Rönnow é outro em momento favorável, ajudado por Robin Knoche, Christopher Trimmel e Rani Khedira do meio para trás. Apesar da eliminação na fase de grupos na Conference passada, os berlinenses parecem prontos a avançar para os mata-matas.
Union St. Gilloise
A Liga Europa oferece um grato reencontro à Union St. Gilloise. O clube possui 11 títulos no Campeonato Belga, acumulados até a década de 1930, mas passou 48 anos longe da primeira divisão. O retorno à elite na temporada passada não poderia ser mais agradável, com o time ocupando a liderança na maior parte do tempo, mas terminando com um vice-campeonato que rendeu a volta às competições europeias depois de 58 anos. A USG disputou cinco edições da Copa das Cidades com Feiras, precursora da atual Liga Europa. Já nesta temporada continental, a equipe entrou nas preliminares da Champions e até venceu o Rangers na ida, mas sucumbiu em Glasgow. Ao menos, disputará a fase principal. Paralelamente, o início no Campeonato Belga é satisfatório, com quatro vitórias em sete rodadas e a quinta colocação.
Obviamente, a reestreia impactante no Campeonato Belga gerou perdas. O técnico Felice Mazzù assumiu o Anderlecht e o substituto é Karel Geraerts, seu antigo assistente. Já o elenco perdeu destaques principalmente para o Brighton, de mesmos donos, incluindo Deniz Undav e Kaoru Mitoma. O meia Casper Nielsen foi outro bom talento a sair, rumo ao Club Brugge. As reposições se concentram em jogadores menos conhecidos, exceção feita ao rodado espanhol José Rodríguez. Por enquanto, quem deslancha no início da temporada é o ponta Simon Adingra, emprestado pelo Brighton. Outros destaques importantes há mais tempo no grupo são o meia Teddy Teuma e o centroavante Dante Vanzeir, esse até convocado pela seleção belga diante do sucesso feito na campanha passada.
Malmö
Disputar a Liga Europa não estava nos planos do Malmö, que vem de um início de temporada claudicante nas competições continentais. Os celestes foram eliminados pelo Zalgiris Vilnius nas preliminares da Champions, após terem sofrido contra o Víkingur. Ao menos fizeram sua parte na Liga Europa, contra Dudelange e Sivasspor. Os problemas culminaram na demissão do técnico Milos Milojevic, que chegou este ano como substituto de Jon Dahl Tomasson, mas durou só 25 jogos. O comando agora acaba entregue a Age Hareide, um dos maiores treinadores do futebol escandinavo. São quatro títulos nacionais entre Noruega, Suécia e Dinamarca, além de passagens pelas seleções norueguesa e dinamarquesa. Em sua estadia anterior no clube, foi campeão da liga sueca e botou a equipe duas vezes na fase de grupos da Champions.
O momento do Malmö também não inspira confiança no Campeonato Sueco. O time só venceu uma das últimas seis partidas na liga e, restando nove rodadas para o fim, é apenas o sétimo colocado. Veljko Birmancevic foi um nome importante que deixou a equipe, mas Isaac Kiese Thelin chegou bem para o comando do ataque. O elenco ainda inclui outros jogadores experientes como Jo Inge Berget, Ola Toivonen, Martin Olsson e Niklas Moisander. A empolgação parecia maior durante a campanha na última fase de grupos da Champions. Mesmo assim, há quem busque seu lugar ao sol, com o lateral Felix Bejimo e o meia Hugo Larsson entre os destaques nas preliminares continentais.
Grupo E
Manchester United
O Manchester United precisará fazer o “esforço” de disputar a Liga Europa. Depois da campanha ruim na última Premier League, o torneio secundário é o que sobra aos Red Devils, mesmo tão ignorado. Cristiano Ronaldo fez bico, mas voltará a figurar na competição pela primeira vez desde 2002/03, quando estava no Sporting. Resta saber qual o nível de interesse dos mancunianos, quando a recuperação na Premier League é a prioridade. Depois das humilhações contra Brighton e Brentford, o trabalho de Erik ten Hag engrena e o time emenda quatro vitórias consecutivas. O elenco é profundo para conciliar as duas frentes. Nas últimas vezes que pintou na Liga Europa, ao menos, o United honrou a competição com campanhas longas – incluindo o título de 2017 e o vice de 2021.
O mercado de transferências do Manchester United foi abastado e alguns jogadores acostumados à Champions poderão atuar em outro nível continental. É o exemplo de Casemiro. Lisandro Martínez, Antony e Christian Eriksen são outros nomes mais afeitos ao principal palco continental. Enquanto isso, as quintas-feiras também poderão oferecer ocasiões importantes para jogadores em xeque aumentarem seu nível competitivo. É o caso de Marcus Rashford, que despontou na competição quando garoto e vem bem nos últimos jogos. Jadon Sancho, Fred e Harry Maguire são outros chamuscados que não deveriam recusar a oportunidade. E, claro, Cristiano Ronaldo, que segue como reserva no início com Ten Hag.
Real Sociedad
Durante as últimas temporadas, a Real Sociedad começou bem o Campeonato Espanhol e não conseguiu manter o ritmo no segundo turno. As dúvidas persistem, pensando que o mercado de transferências não ampliou o elenco dos bascos. Porém, mesmo com esses entraves, a Liga Europa serve de boa vitrine à equipe que recentemente já conquistou a Copa do Rei. É outra chance de bom papel. O time de Imanol Alguacil disputou o torneio nas duas últimas temporadas, mas caiu logo na primeira fase dos mata-matas em ambas. O início irregular em La Liga não inspira tanto os txuri-urdin, com duas vitórias nas primeiras quatro rodadas.
Os principais reforços da janela de transferências vieram do meio para frente. As maiores expectativas ficam para Umar Sadiq, que estreou com gol, mas também chegaram Takefusa Kubo, Brais Méndez e Momo Cho, enquanto Alexander Sörloth voltou em outro empréstimo. É no setor ofensivo que também precisam ser preenchidas as lacunas de Alexander Isak e Adnan Januzaj, ambos negociados. Já outros bons nomes dos bascos permanecem na Reale Arena. A defesa conta com os bons serviços de Álex Remiro e Robin Le Normand, enquanto Mikel Merino e Martín Zubimendi são importantes na cabeça de área. Os maiores talentos dependem de sequências mais saudáveis, mas as lesões atrapalham David Silva e Mikel Oyarzabal.
Sheriff Tiraspol
O Sheriff Tiraspol não conseguiu repetir a história gloriosa da temporada passada, quando levou a bandeira de Moldova pela primeira vez à fase de grupos da Champions League. Mas não que a Liga Europa seja um terreno estranho para os aurinegros, muito pelo contrário. Será a quinta aparição na etapa principal do torneio. Não é de se duvidar que os moldavos possam pintar nos mata-matas, apesar das mudanças. Herói no último ano, o técnico Yuriy Vernydub deixou o cargo em março, para combater na guerra da Ucrânia. Stjepan Tomas já é o segundo a passar pelo banco de reservas desde então. A equipe perdeu as duas para o Viktoria Plzen nas preliminares da Champions, mas ao menos superou o Pyunik Yerevan nos pênaltis para alcançar a Liga Europa.
Muitos jogadores de destaque na Champions League também saíram. A debandada tinha começado ainda em janeiro e teve outras despedidas na atual janela. É o caso do ponta Adama Malouda Traoré, do meia Sebastien Thill, do goleiro Georgios Athanasiadis e do zagueiro Gustavo Dulanto, fundamentais na empreitada. O único titular na vitória sobre o Real Madrid que permanece no elenco é o volante Edmund Addo. Consequentemente, o número de aquisições também é grande, com menção principal a Felipe Vizeu, levado da Udinese. Nessa reconstrução, o ponta Rasheed Akanbi e o meia Steve Ambri se colocam como novos protagonistas nesse início de temporada. A legião brasileira também segue bem representada com os laterais Renan Guedes e Heron, além do atacante Pernambuco.
Omonia Nicósia
O Omonia Nicósia é mais um clube que valoriza o bom momento do Chipre nos torneios continentais. Os alviverdes passaram fácil pelo Gent nas preliminares da Liga Europa, com duas vitórias. Com isso, o clube que nunca tinha jogado fases de grupos até 2020/21 emendará sua terceira participação consecutiva, ainda que limitado à Conference no último ano. É mais um sinal positivo da agremiação que quebrou jejuns de uma década no Campeonato Cipriota e na Copa do Chipre durante as duas últimas temporadas. À frente do processo está Neil Lennon, treinador de ampla experiência principalmente por seus trabalhos no Celtic e no cargo em Nicósia desde março. Substituiu Henning Berg, que conseguiu feitos marcantes após assumir em 2019.
Durante o mercado de transferências, o Omonia Nicósia buscou alguns jogadores rodados e com experiência em seleções nacionais. A lista de figurinhas carimbadas inclui Karim Ansarifard, Moreto Cassamá, Roman Bezus e Gary Hooper. O elenco alviverde se baseia em um grande número de estrangeiros, que ainda inclui peças como Tim Matavz, Mix Diskerud, Ádám Lang e Fouad Bachirou. Experiência internacional é o que não falta, considerando ainda dois brasileiros, o goleiro Fabiano e o ponta Bruno. Vale ficar de olho também em Loizos Loizou, camisa 10 de 19 anos que desponta na seleção cipriota.
Grupo F
Lazio
Apesar da aparição recente na Champions, a Lazio é um clube bem mais acostumado à Liga Europa nos últimos anos. São dez participações na fase de grupos desde 2009/10. Mas não que as campanhas costumem ser longas, encerradas quase sempre no início dos mata-matas, como na temporada passada. O torneio continental deveria ser um objetivo mais em conta aos biancocelesti, ainda mais num momento de continuidade sob as ordens de Maurizio Sarri, em seu segundo ano no cargo. O time apresentou potencial em alguns resultados nesse início de temporada, embora também acumule tropeços e não chame tanta atenção na Serie A.
O mercado de transferências não garantiu tantas armas novas assim. A defesa ganhou as adições de Luis Maximiano, Ivan Provedel e Alessio Romagnoli, enquanto Marcos Antônio e Matías Vecino são boas opções do meio para frente. Os protagonistas dos laziali, no geral, possuem uma rodagem considerável no clube. Ciro Immobile, Luis Alberto, Felipe Anderson e Sergej Milinkovic-Savic formam o núcleo duro dos laziali, mesmo com interesses periódicos de outros clubes. Quem também começa a nova temporada chamando atenção é Pedro, fantástico na vitória sobre a Inter. Mas não é um elenco tão numeroso para suportar o excesso de partidas.
Feyenoord
O Feyenoord fez por merecer o respeito nos torneios continentais, depois do que ocorreu na temporada passada. A campanha do Stadionclub na Conference League foi memorável, por mais que o título tenha escapado na decisão contra a Roma. Os neerlandeses apresentaram um bom futebol, superaram adversários difíceis e foram consistentes – algo que também se notava na Eredivisie. Existe uma confiança sobre o trabalho de Arne Slot, que permanece no cargo mesmo com ofertas de outros cantos. O time corresponde no início da liga nacional, com quatro vitórias em cinco rodadas, apesar dos adversários mais acessíveis. Agora, o caldeirão do De Kuip deve ferver pela empolgação recente com os compromissos internacionais.
Um ponto de interrogação sobre o Feyenoord é quanto ao impacto que a janela de transferências teve sobre o elenco. A equipe foi depenada, com a saída de diversos destaques da Conference passada. Luis Sinisterra, Marcos Senesi, Tyrell Malacia, Fredrik Aursnes, Guus Til, Reiss Nelson e Cyriel Dessers puxam o bonde dos que saíram. Justin Bijlow, Gernot Trauner, Lutsharel Geertruida e Orkun Kökcu foram dos raros protagonistas que ficaram. A consequência é uma baciada de reforços que buscam seu espaço. Nomes como Quinten Timber e Sebastian Szymanski pintam como novos destaques. O Stadionclub também ganhou uma tinta verde e amarela, com as adições de Igor Paixão e principalmente Danilo, com cinco gols do centroavante nesta largada na Eredivisie.
Midtjylland
O Midtjylland é um clube que se estabelece nas copas europeias. Os dinamarqueses jogarão fases de grupos pela quarta vez, a terceira consecutiva, com uma aparição na Champions dentro disso. Entretanto, os tricolores atravessam uma crise que preocupa. A equipe foi amassada pelo Benfica nas preliminares da Champions, após sofrer contra o AEK Larnaca, e só venceu duas partidas nas oito primeiras rodadas do Campeonato Dinamarquês, na oitava posição. Não surpreende que a diretoria até mudou de técnico neste intervalo. Bo Henriksen foi demitido após pouco mais de um ano no cargo. O novo comandante é Albert Capellas, espanhol reconhecido por seu trabalho na base, sobretudo no Barcelona.
Durante os últimos meses, o Midtjylland se despediu de jogadores importantes como Raphael Onyedika e Awer Mabil. Já a lista de reforços inclui alguns jogadores com mais rodagem, como o ponta Anders Dreyer e o meia Kristoffer Olsson, além do retorno do artilheiro Sory Kaba. Mas não é que a empolgação ande tão grande. Pione Sisto permanece na tentativa de reerguer sua carreira, enquanto o zagueiro Henrik Dalsgaard é outro com sua história na seleção local. Também há um importante grupo de brasileiros que auxilia nos últimos anos, com Juninho e Paulinho titulares na defesa, além da presença importante de Evander no meio.
Sturm Graz
O Sturm Graz chegou a disputar fase de grupos na Champions League durante a virada do século, mas o momento atual também tem sua importância à fama internacional. Os alvinegros disputarão a etapa principal da Liga Europa pelo segundo ano consecutivo, um feito inédito. Podem garantir pontos importantes à Áustria no Ranking da Uefa, com boas campanhas do país em anos recentes. É o que resta, quando anda tão difícil de desbancar o Red Bull Salzburg na Bundesliga. Não será dessa vez que o Sturm Graz fará oposição aos Touros Vermelhos, com apenas três vitórias nas primeiras sete rodadas da liga. Mas dá para lutar no cenário continental, sobretudo após uma demonstração de competitividade com a eliminação apertada diante do Dynamo Kiev nas preliminares da Champions.
O técnico Christian Ilzer é o responsável pelos bons desempenhos recentes, desde 2020 no cargo. O time conta com jogadores talentosos principalmente no meio-campo, onde figuram nomes como Jon Gorenc Stankovic, Manprit Sarkaria e Otar Kiteishvili. E se por um lado o centroavante Rasmus Höjlund saiu a peso de ouro rumo à Atalanta, a diretoria conseguiu garantir um bom número de opções ao ataque. William Böving, Emanuel Emegha e Albian Ajeti são novas opções ao setor. Também vale ficar de olho no meia Tomi Horvat, destaque do Mura na última Conference.
Grupo G
Olympiacos
A partir da década de 1990, o Olympiacos se firmou como um clube de fase de grupos na Champions. Os últimos anos, porém, veem os gregos mais vezes deslocados à Liga Europa. É o que acontece pela segunda temporada consecutiva. A eliminação para o Maccabi Haifa na LC foi traumática, enquanto a Thrylos passou apenas nos pênaltis por Slovan Bratislava e Apollon Limassol na LE. Os alvirrubros ainda não disputaram quartas de final continentais neste século, mas precisam de um chacoalhão para melhorar na atual temporada. Já houve até troca de técnico, com o tricampeão nacional Pedro Martins dando lugar ao espanhol Carlos Corberán em agosto.
Outra injeção de ânimo para o Olympiacos foi dada na última semana, com a contratação de Marcelo. A escolha do lateral pode causar estranheza, entre as opções que teria, mas serve como sinal de ambição aos gregos. Num mercado em que seu dono Evangelos Marinakis quebrou a banca no Nottingham Forest, jogadores interessantes também chegaram em Pireu. O meia Pep Biel e o ponta Konrad de la Fuente são dois que realmente podem elevar o nível do time, enquanto Sime Vrsaljko foi outro medalhão adicionado. Tentam renovar uma base repleta de figurões. Tomas Vaclík é o goleiro, Kostas Manolas e Sokratis Papastathopoulos são opções na zaga, Mathieu Valbuena se apresenta na armação e Youssef El Arabi segue presente no ataque. Também são importantes jogadores da seleção local, como o ponta Georgios Masouras e o volante Andreas Bouchalakis.
Freiburg
O Freiburg mudou de patamar dentro do futebol alemão nos últimos anos. A Liga Europa amplia os horizontes do clube da Floresta Negra, com a primeira participação em cinco anos e a volta à fase de grupos depois de oito anos. Se no passado as aparições da equipe no torneio continental pareciam um ponto fora da curva, agora parecem corresponder a um processo de boas campanhas na Bundesliga. Méritos de Christian Streich, um excelente treinador que já completa quase 11 anos à frente do projeto. O crescimento finca raízes e inclui a inauguração do Estádio Europa Park, que pela primeira vez será utilizado nas competições internacionais. O clima é de motivação, ainda mais com a equipe na liderança do Campeonato Alemão após cinco rodadas.
A presença continental garantiu renda extra ao Freiburg e o clube contratou muitíssimo bem na janela de transferências. A saída de Nico Schlotterbeck é bastante sentida, mas a compensação veio em alto nível com Matthias Ginter. O clube também buscou alternativas ofensivas com Michael Gregoritsch, Daniel Kofi-Kyereh e Ritsu Doan. Mesmo sem um elenco tão robusto, o Freiburg disputará a Liga Europa com capacidade de rotação. Alguns bons jogadores podem aproveitar a oportunidade. Christian Günter, Vincenzo Grifo e Nicolas Höfler são nomes constantes nos bons desempenhos da equipe. Jovens como Roland Sallai e Maximilian Eggestein ainda podem considerar a vitrine em busca de transferências maiores.
Nantes
O Nantes possui uma história continental tantas vezes esquecida. Os Canários disputarão as copas europeias pela 22ª vez em sua história, com semifinais de Champions e Recopa no currículo. Entretanto, a hibernação das últimas décadas afastou os auriverdes dos compromissos internacionais por 20 anos. O retorno acontece graças ao título na Copa da França passada, em equipe conduzida brilhantemente por Antoine Kombouaré. Só não dá para saber se o copeirismo irá se sobrepor às oscilações que se notam dentro da Ligue 1. Se a campanha passada foi mediana, a atual se atravanca pelo excesso de empates, com a equipe na zona intermediária da tabela.
Pela experiência internacional, Moussa Sissoko foi o principal reforço do time. Ignatius Ganago e Mostafa Mohamed chegaram como apostas ao comando do ataque. São aqueles que precisam preencher a lacuna deixada pela saída de Randal Kolo Muani. De resto, a base está preservada, com bons nomes em todos os setores. Alban Lafont é um goleiro excelente para o nível dos Canários, enquanto Andrei Girotto se destaca na zaga liderada por Nicolas Pallois. Fábio da Silva é opção na ala, enquanto Pedro Chirivella é o ponto de equilíbrio no meio. Mais à frente, o talento de Ludovic Blas e Moses Simon pode desequilibrar. É uma equipe que já fez grandes atuações na temporada passada, mas peca por tantas vezes não oferecer seu máximo.
Qarabag
O Qarabag ostenta uma sequência impressionante nas competições continentais, considerando seu porte. Os azeris disputaram fases de grupos nas últimas nove temporadas. A equipe bate cartão desde 2014/15, com uma presença na Champions e outra na Conference. Desta vez, a equipe sobe um degrau ao retornar à Liga Europa. E quase deu para jogar a Champions novamente. O Qarabag foi ótimo nas preliminares, ao eliminar Lech Poznan, Zurique e Ferencváros. Merecia melhor sorte contra o Viktoria Plzen, quando jogou mais, mas acabou eliminado. Pela bola apresentada, dá para buscar os mata-matas. Seria mais um feito a longuíssima lista do técnico Qurban Qurbanov, que completou incríveis 14 anos à frente do time, essencial na ascensão desde 2008.
Um dos jogadores que mais encantam no Qarabag é brasileiro: o ponta Kady, que arrebentou nas preliminares da Champions. Os meio-campistas Júlio Romão e Richard são outros na base principal, mas sem a mesma influência. Ofensivamente, a equipe funciona muito bem. Ramil Sheydayev e o recém-contratado Owusu também mostram serviço neste início de temporada. Vão precisar suprir a ausência do centroavante Ibrahima Wadji, que vinha de ótimo ano e acabou vendido para o Saint-Étienne. Outro detalhe interessante é que dez jogadores da equipe estiveram na última convocação da seleção do Azerbaijão, com o capitão Maksim Medvedev usando a braçadeira em ambos os times.
Grupo H
Monaco
Pela segunda temporada consecutiva, o Monaco bate na trave em sua tentativa de ingressar na Champions League. Os alvirrubros fizeram jogos parelhos contra o PSV, mas acabaram derrotados nas preliminares e terão que se contentar com a Liga Europa. O empate com o Paris Saint-Germain foi um bom sinal na Ligue 1, embora o início da campanha não seja tão animador quanto a reta final da edição passada. Apesar disso, os monegascos merecem certa atenção pelo trabalho qualificado de Philippe Clement. O belga chegou em janeiro e transformou o rendimento da equipe em seus primeiros meses. Demonstra capacidade de alcançar algum grande feito, que seja uma caminhada longa dentro das copas europeias.
O Monaco teve dinheiro para gastar nas últimas semanas, com um mercado bastante lucrativo pelas vendas de Aurélien Tchouaméni e Sofiane Diop. O clube fez uma limpa no elenco, com saídas de veteranos como Cesc Fàbregas e Djibril Sidibé. Entretanto, não foram tantas contratações. Mohamed Camara é uma ótima aquisição na cabeça de área, enquanto Malang Sarr veio emprestado para a zaga. O ataque ganhou Takumi Minamino e Breel Embolo. São complementos a outros bons jogadores à disposição. A zaga é qualificada com Benoît Badiashile, Axel Disasi e Guillermo Maripán, além de Alexander Nübel no gol. Caio Henrique e Vanderson têm sua relevância pelos lados, enquanto Youssouf Fofana é outro jovem a despontar no meio. Já na frente, Wissam Ben Yedder é a grande referência, acompanhado por outras alternativas como Aleksandr Golovin, Kevin Volland e Krépin Diatta. Não é o time mais badalado no principado dos últimos anos, mas dá um ótimo caldo.
Ferencváros
O peso da camisa do Ferencváros é histórico, mas os húngaros voltaram a ser respeitados por aquilo que fazem em campo nos últimos anos, como um dos times mais competentes do Leste Europeu. Esta será a quarta temporada consecutiva com o clube presente em fases de grupos, três delas na Liga Europa e outra na Champions. Até existe uma sensação de que a equipe poderia mais, ao sucumbir diante do Qarabag na LC, antes de passar com goleada pelo Shamrock Rovers na LE. Mas é um trabalho tão qualificado que, no Campeonato Húngaro, a liderança é mantida após sete rodadas mesmo com os alviverdes fazendo dois jogos a menos que os concorrentes. O time cresceu recentemente, desde a chegada do experiente Stanislav Cherchesov, em seu primeiro trabalho após deixar a seleção da Rússia.
O elenco do Ferencváros mescla apostas do Leste Europeu e jogadores de outros cantos, sobretudo africanos. Seria um mercado de transferências com muitas saídas, incluindo de Oleksandr Zubkov e Robert Mak no ataque. O reforço mais interessante é o de Adama Malouda Traoré, um dos destaques do Sheriff Tiraspol e que arrebenta neste início de temporada. Também buscaram Amer Gojak no Dinamo Zagreb para o meio. Mais alguns estrangeiros que fazem diferença são Ryan Mmaee e Franck Boli no ataque, além de Aïssa Laïdouni pelo meio-campo, todos jogadores de seleção. Também há o contingente da seleção local, que fortalece a defesa com o goleiro Dénes Dibusz e o zagueiro Endre Botka. O atacante Marquinhos, ex-Atlético Mineiro, é o brasileiro do plantel.
Estrela Vermelha
O Estrela Vermelha já atravessou seu trauma nesta temporada europeia. Os alvirrubros tinham a classificação nas mãos, quando uma série de trapalhadas dentro de casa custou a queda na última fase das preliminares da Champions, contra o Maccabi Haifa. O ídolo Dejan Stankovic, três vezes campeão nacional como técnico, preferiu pedir o boné por fracassar em sua terceira tentativa de alcançar a fase de grupos da LC. A Liga Europa é menos do que gostariam, mas já garante a sexta participação consecutiva nas copas continentais, quatro delas no torneio secundário. E algumas boas atuações sempre colocam os sérvios como potenciais candidatos aos mata-matas. Deverá ser assim com o técnico Milos Milojevic, antigo assistente de Stankovic que tentará conduzir a equipe ao hexa nacional.
Apesar de algumas perdas no mercado de transferências, o Estrela Vermelha acertou a mão na contratação de Osman Bukari. O ponta de 23 anos, que estava no Nantes, teve algumas atuações excelentes nas preliminares da Champions. Quem também volta é o atacante Aleksandr Pesic, que teve uma passagem anterior muito boa pelo Marakana. De resto, os Crveni reúnem um elenco bastante acostumado com o nível continental. O goleiro Milan Borjan e o zagueiro Aleksandar Dragovic são os mais experimentados atrás. O meio tem bons jogadores como Mirko Ivanic e Guélor Kanga. Mais à frente, quem muitas vezes resolve os jogos é Aleksandar Katai, enquanto o ídolo El Fardou Ben segue à disposição como reserva. É um time acostumado a esse nível de competição.
Trabzonspor
A Turquia não contará com um representante sequer na fase de grupos da Champions League. O maior lamento em relação a isso fica para o Trabzonspor, que não conseguiu coroar sua temporada de sonho, com a reconquista da Süper Lig após 38 anos, se garantindo também no principal palco continental. A Tempestade do Mar Negro jogou abaixo do esperado e sucumbiu diante do Copenhague na última fase preliminar. Resta a Liga Europa, que disputará pela quarta vez nos últimos nove anos. Não é um começo tão animador assim também no Campeonato Turco de 2022/23, com tropeços que deixam o time na oitava posição. Mas o técnico Abdullah Avci, no comando desde 2020, tem bagagem para honrar os azulgrenás além das fronteiras.
O mercado de transferências foi surpreendente, inclusive pela saída de nomes importantes. A maior surpresa ficou para a venda de Andreas Cornelius, grande figura no título, que voltou para o Copenhague. Nomes como Ahmetcan Kaplan, Berat Özdemir, Anthony Nwakaeme e Gervinho também fizeram as malas. A reposição se concentrou em muita gente badalada. Maxi Gómez é a nova referência no ataque, com o empréstimo também de Yusuf Yazici. Vários jogadores chegaram das grandes ligas, a exemplo de Enis Bardhi, Marc Bartra, Trezeguet, Jens Stryger Larsen e Jean-Philippe Gbamin. Entretanto, os azulgrenás precisam montar praticamente um novo time. Entre os destaques que ficam, o goleiro Ugurcan Cakir é um dos melhores do país, enquanto a defesa tem Vítor Hugo e Bruno Peres. Marek Hamsik e Anastasios Bakasetas dão casca para o meio. Já no ataque, com a ausência de Edin Visca com uma fratura no braço, Djaniny tem aparecido bem nesses primeiros compromissos.