Liga Europa

Com oito mil escoceses no Estádio Olímpico, o Celtic calou a Lazio com outro épico: de virada e no último minuto

Os duelos entre Lazio e Celtic pela Liga Europa ganharam conotação de “clássico continental”, por todo o pano de fundo político envolvendo os clubes. As hostilidades marcaram o primeiro jogo em Glasgow, com várias ações das torcidas. Já nesta quinta, se as provocações não se repetiram nas arquibancadas do Estádio Olímpico, os escoceses voltaram a comemorar uma vitória épica para cima dos italianos. De novo de virada, e com um gol no último minuto, os Bhoys conquistaram o triunfo por 2 a 1. Garantiram a classificação antecipada aos mata-matas, para grande festa dos cerca de oito mil torcedores escoceses presentes em Roma.

Havia uma tensão óbvia ao redor da partida, sobretudo depois do clima em Glasgow. As autoridades italianas reforçaram a segurança em seus pontos turísticos, enquanto determinaram uma lei seca a partir da noite da última quarta na capital. Ainda assim, dois torcedores escoceses foram esfaqueados num bar na véspera do jogo, sem correr risco de morte. Para apaziguar o ambiente, a diretoria da Lazio resolveu realizar uma homenagem a Rod Stewart, torcedor ilustre do Celtic.

Ao menos, dentro do Estádio Olímpico, a atmosfera se incendiava apenas pelo futebol. A Lazio viu sua curva vazia, diante da punição por episódio de racismo contra o Rennes. Seus ultras acabaram se deslocando a outros setores do estádio. Já o Celtic contou com o apoio massivo dos viajantes, que coloriram as tribunas com bandeiras e sinalizadores. Conseguiram rivalizar no barulho com os anfitriões.

E o espetáculo valorizou o grande jogo de futebol que se viu em campo. Durante o primeiro tempo, a Lazio parecia disposta a dar o troco pela derrota na Escócia. Novamente os biancocelesti abriram o placar, aos sete minutos, em cruzamento que Ciro Immobile completou dentro da área. Os italianos eram melhores, mas o Celtic chegou ao empate aos 38, após uma saída de bola errada dos adversários. Mohamed Elyounoussi deu uma linda enfiada para James Forrest fuzilar. Antes do intervalo, os laziali botariam pressão, mas os alviverdes se safariam, com direito a uma bola salva em cima da linha por Christopher Jullien.

De volta ao segundo tempo, o Celtic cresceu. Os escoceses apostavam bastante nos contragolpes e pegavam a defesa da Lazio exposta. A virada poderia ter vindo neste momento, mas a equipe estava mal na pontaria. Os biancocelesti voltaram a responder com o passar dos minutos e passaram a se impor mais no campo de ataque durante a meia hora final. Faltava superar Fraser Forster. Assim como no primeiro jogo, o goleiro acumulava milagres. A grande defesa aconteceu já aos 40, em batida de Luis Alberto que o arqueiro salvou com uma só mão.

A Lazio até se mostrava mais propensa a conquistar a vitória. Entretanto, as alterações de Neil Lennon se provaram decisivas e o Celtic buscou o resultado aos 50 do segundo tempo – no último minuto dos acréscimos. Novamente, os italianos deram bobeira na saída de bola e Odsonne Edouard interceptou um passe no campo de ataque, com a defesa escancarada. O substituto Olivier Ntcham passou livre pela direita e, ao invadir a área, deu um leve toque por cima do goleiro Thomas Strakosha. Na comemoração, pediu silêncio e provocou uma explosão de alegria entre os milhares de torcedores escoceses, situados atrás da meta.

Durante a ida, a vitória do Celtic por 2 a 1 havia se consumado aos 44 do segundo tempo. A equipe provou como dava para ser ainda mais emocionante, e na casa dos adversários. O resultado isola os Bhoys na liderança do Grupo E da Liga Europa, com 10 pontos, e eles já não correm mais riscos de perder a classificação. O segundo lugar é do Cluj, que tem nove pontos. Com somente três pontos, em terceiro, a Lazio dependerá de um milagre para alcançar os romenos.

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Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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