Virada do United sobre Juventus em Turim teve mais sorte que futebol, com deleite de Mourinho
O Manchester United arrancou uma virada incrível diante da Juventus, em Turim, nesta quarta rodada da fase de grupos da Champions League. O placar de 2 a 1 era improvável, especialmente porque o time não fazia um grande jogo e, pior ainda, tomou 1 a 0, gol de Cristiano Ronaldo. Só que aí, na reta final do jogo, o time comandado por José Mourinho conseguiu um gol de falta, um gol contra em outra bola parada e, de repente, o time inglês sai de campo com uma vitória. Com direito a comemoração de Mourinho depois do jogo.
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Depois de vencer em Old Trafford, a Juventus veio a campo com seu time titular. Jogando em um 4-3-3, com Pjanic, Khedira e Betancur no meio e Cuadrado, Dybala e Cristiano Ronaldo no ataque, o time italiano tentou aproveitar para conseguir mais uma vitória. Ronaldo, desta vez, foi o mais próximo de um centroavante, dentro do que cabe em sua característica de um jogador que se mexe mais que um autêntico 9.
No outro lado, o Manchester United foi a campo com algumas alterações. Na defesa, Victor Lindelof ao lado de Chris Smalling pelo centro, com Ashley Young em uma lateral e Luke Shaw na outra. No meio-campo, Ander Herrera ganhou a posição de Fred. Romelu Lukaku, machucado, ficou fora do jogo e quem ganhou a chance de começar no ataque foi Alexis Sánchez, que ficou ao lado de Jesse Lingard e Anthony Martial. Um ataque sem referência dentro da área.
O primeiro tempo teve a Juventus melhor em campo, pressionando mais e chutando mais a gol. Foram 10 chutes a gol dos mandantes só na primeira etapa, mas apenas um deles acertou o gol. O United chutou três vezes e também acertou o gol uma vez só. Apesar de melhor em campo, a Juventus tinha dificuldade de criar chances claras.
No segundo tempo, o jogo passou a ter mais chances. Primeiro, com um chute perigoso de Dybala, que acertou o travessão. O gol da Juventus parecia maduro, porque o time rondava a área do United. Até que ele veio, em uma maneira até inesperada: uma bola longa. Leonardo Bonucci, um especialista nesse tipo de lance, colocou a bola precisamente nas costas da defesa dos ingleses e Cristiano Ronaldo, de primeira, marcou um golaço: 1 a 0, aos 20 minutos do segundo tempo.
Tudo indicava que o jogo era da Juventus. A torcida, inclusive, provocava Mourinho, ex-treinador da Inter, o mandando enfiar a Tríplice Coroa, por lá chamada de tripleta, em determinado lugar. Talvez um pouco cedo demais, porque o Manchester United partiria para uma reação que, olhando naquele momento do gol da Juve, parecia improvável.
Mourinho tirou Lingard e colocou Rashford em campo. Também tirou Ander Herrera e Alexis Sánchez, dois jogadores que faziam um jogo ruim, e colocou em campo Juan Mata e Marouane Fellaini. A estratégia você deve imaginar: o belga, grandalhão e bom cabeceador, foi para a área tentar uma bola alta. Mata entrou para dar a criatividade que o time precisava e ser o jogador da bola parada.
Aos 41 minutos, falta para o United na meia lua. Juan Mata cobrou com uma categoria imensa: belo gol e empate por 1 a 1. O resultado já parecia bom para o Manchester United, só que ficaria ainda melhor. Aos 45 minutos, em cobrança de falta do lado esquerdo do ataque, a bola foi alçada na área, Fellaini raspou e Pogba disputou com Bonucci e Alex Sandro. A bola bateu em Alex Sandro e entrou: 2 a 1, já nos acréscimos.
A vitória veio e, com o apito final, Mourinho entrou em campo, calmamente, e colocou a mão no ouvido, provocando a torcida adversária. Bonucci não gostou, foi cobrar o treinador. Rusgas ainda da época de Mourinho na Itália, quando ele treinou a Inter e foi campeão italiano nos dois anos que esteve por lá, sendo que ganhou a Tríplice Coroa no segundo ano. O único time italiano a conseguir o feito até hoje. Aliás, o último italiano a ganhar a Champions, já que a Juventus chegou duas vezes à final, mas acabou derrotada. A torcida sabia disso e o provocou enquanto vencia. Ele sabia disso e provocou de volta com a vitória no bolso. Tudo normal e parte do jogo.
Uma vitória enorme para as pretensões do United. O time vai a sete pontos e está em segundo lugar do grupo, dois pontos atrás da Juventus, que agora deixa de ter aproveitamento perfeito. O Valencia vem em seguida com cinco pontos. O United fica em uma situação confortável, considerando que o Valencia não tem jogado lá grande coisa e o Young Boys não deve ser problema para ninguém.
O incrível é que o Manchester United segue arrancando vitórias que parecem acontecer quase por acaso, com um golpe de sorte e uma confiança que, claro, vai se construindo quando você enfileira resultados assim. Tem seus méritos, evidentemente. O futebol não é dos melhores, mas os resultados, inegavelmente, melhoraram. Melhor para Mourinho, que se fortalece em um momento de muita pressão. Diante de um time que é um dos candidatos ao título, conseguiu uma vitória. Precisará de desempenho melhor para brigar por títulos, mas para quem precisava de resultados, não deixa de ser um triunfo importante.