Vinte minutos avassaladores do Bayern foram bons demais para o Arsenal aguentar
Não dá para reclamar dos resultados do Bayern de Munique, que está invicto há onze jogos, com dez vitórias. O desempenho, no entanto, ainda tem sido irregular. Empatou com o Schalke 04, em casa, venceu o Werder Bremen apertado e só foi abrir o placar contra o Ingolstadt, vice-lanterna, aos 45 minutos do segundo tempo. Mas, nesta quarta-feira, apresentou o pacote completo. O time de Carlo Ancelotti teve 20 minutos avassaladores no começo do segundo tempo, um excelente jogo no geral, e goleou o Arsenal por 5 a 1 no jogo de ida das oitavas de final da Champions League.
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Foi a melhor atuação da equipe sob o comando de Ancelotti, que assumiu no lugar de Guardiola no começo da temporada, e exatamente na hora acerta. Com brilhantes apresentações de Robben, Thiago e Lewandowski, a classificação para as quartas de final pela sexta vez seguida está muito bem encaminhada. Em Londres, daqui a três semanas, pode até ser derrotado por três gols de diferença para avançar na principal competição europeia de clubes.
Uma vantagem tão grande não era previsível no primeiro tempo. O Bayern de Munique também começou pressionando o Arsenal, mas enfrentou uma defesa muito sólida. Wenger armou duas linhas bem próximas para bloquear a área comandada por Ospina, e os bávaros não conseguiam se infiltrar. Criaram apenas uma chance, com Vidal, de média distância, defendida sem problemas pelo colombiano. Apenas a genialidade de Robben foi capaz de quebrar a muralha. Sabe aquela jogadinha manjada dele? Então. Aos 11 minutos, ele dominou na ponta direita e todo mundo sabia o que o holandês ia fazer. Ninguém, porém, conseguiu impedir. Trouxe para o meio, armou a perna esquerda e bateu colocado, no ângulo.
Atrás do placar, ficou escancarado o quanto o Arsenal apenas se defendia, sem conseguir jogar. A saída de bola invariavelmente parava na pressão do Bayern de Munique, e Özil, que deveria ser o toque de talento da criação e da construção de jogo, havia dado menos passes do que Neuer na metade do primeiro tempo. Apenas uma finalização inglesa a essa altura, bloqueada. O que colocou o time na partida foi um lance fortuito. Koscielny tomou à frente de Lewandowski que, aparentemente sem a intenção, chutou o francês. Lance de interpretação.
O árbitro marcou pênalti, e entramos em um momento de pura loucura: Sánchez cobrou e Neuer defendeu. O rebote voltou pingando para o chileno, que furou o chute. A bola continuou pingando na área do Bayern de Munique, sem que nenhum homem de vermelho conseguisse afastar, e Sánchez tentou, pela terceira vez, fazer o gol. E fez.
O Arsenal melhorou depois de empatar e criou outras duas boas chances. Chamberlain cruzou da direita e achou Xhaka livre na entrada da área. O chute, de primeira, parou nas mãos de Neuer. Özil escapou pela esquerda e bateu cruzado. Neuer espalmou. Os visitantes foram aos vestiários aliviados com o gol fora de casa que poderia ser precioso e, principalmente, com a boa atuação dos últimos 20 minutos. O Bayern de Munique sentiu o gosto amargo do desperdício: poderia ter saído de campo com um placar melhor. Isso foi rapidamente consertado.
Wenger levou dois sustos logo no começo do segundo tempo. Ospina precisou ser atendido, e Koscielny sentiu lesão. O goleiro colombiano conseguiu ficar em campo, mas o zagueiro francês precisou ser substituído por Gabriel Paulista. E o Bayern aproveitou os desfalques. Pouco a pouco, voltou a engolir o Arsenal, mas, desta vez, concretizando as oportunidades.
Jogada de manual pela direita: Robben recebeu e puxou para o meio. No corredor aberto por essa movimentação, Lahm projetou-se, recebeu o passe e cruzou para o centroavante. Lewandowski subiu muito alto e cabeceou, muito bem colocado, no contrapé de Ospina. Foi a virada.
Três minutos depois, o polonês foi simplesmente brilhante: saiu da área para receber o passe e emendou de calcanhar. Desmontou totalmente a defesa do Arsenal e deixou Thiago cara a cara com Ospina: 3 a 1.
Dez minutos depois, aos 18 do segundo tempo, saiu o quarto gol. O Arsenal havia escapado por pouco três vezes. Lewandowski escapou nas costas da defesa, mas perdeu o ângulo. Ainda assim, driblou Ospina e chutou bloqueado, acertando o travessão. Robben bateu o rebote, e Gibbs bloqueou com a mão. Pareceu pênalti. No escanteio cobrado, Martínez cabeceou da entrada da pequena área e Ospina fez uma defesa espetacular. A goleada batia à porta. No lance seguinte, Thiago pegou o rebote na entrada da área e chutou reto. A bola desviou em Xhaka e enganou o colombiano.
O Arsenal ficou atordoado, sem rumo. A partida, na prática, terminou neste momento. O Bayern de Munique administrou bem os minutos restantes e ainda conseguiu expandir a dificuldade do milagre que os ingleses precisam no Emirates, graças a uma bobeada de Chamberlain, que não pode perder a concentração daquela maneira, em um jogo eliminatório de Champions League, contra um dos mais dominantes times dos últimos anos. Tentou sair jogando na entrada da área, mas foi desarmado por Kimmich. Thiago recolheu, tocou para Müller que, sem pressa, com a frieza de sempre, levou para o meio e fez o quinto gol alemão.
A fragilidade defensiva e o ataque inofensivo do Arsenal contribuíram para a goleada, mas o Bayern de Munique soube aproveitar com eficiência impecável. E se havia dúvidas do quanto este time pode jogar sob o comando de Ancelotti, foi também uma exibição promissor. Para dar esperanças aos bávaros.