Quão bom é o Monaco? Eles deram uma amostra fazendo duas grandes partidas para eliminar o City

O Monaco é uma das sensações da temporada europeia. Lidera o Campeonato Francês com um ataque arrasador e uma equipe cheia de jovens. No entanto, como saber o quão bom está o time armado por Leonardo Jardim? Como o Paris Saint-Germain sabe muito bem, os testes domésticos nem sempre são confiáveis. A hora do vamos ver contra os grandes da Europa costuma ser outra história, mas o Monaco superou esse teste e eliminou o Manchester City nas oitavas de final da Champions League, depois de duas grandes partidas.
LEIA MAIS: Golaço de Moutinho ajudou o Monaco a manter-se na ponta da Ligue 1
O duelo da Inglaterra havia sido eletrizante. Com Falcao pegando fogo, o Monaco conseguiu marcar três vezes na casa do Manchester City, que acabou vencendo por 5 a 3. Os gols marcados, porém, foram valorosos para os franceses, que precisavam apenas de uma vitória comum por dois tentos de diferença para se classificar – a não ser que acontecesse outro show de gols. E com isso em mente, Jardim não enviou o time para frente de qualquer jeito. Tocou a bola com calma e inteligência, tanto que deu três finalizações a gol e marcou duas vezes no primeiro tempo.
Qual era a proposta do City? De acordo com o que aconteceu em campo, era deixar o relógio correr. Os ingleses não conseguiram jogar nos primeiros 45 minutos. Não deram uma finalização, certa ou errada, e nem mantiveram a posse de bola, o que também seria uma maneira de se defender. O Monaco teve 53% de posse, contra 47% da equipe de Guardiola. E se a proposta era se defender muito bem, isso também não funcionou.
Logo aos 8 minutos, Mbappé escapou entre as linhas do City, entrou na área e chutou para boa defesa de Caballero. Na cobrança de escanteio, Mendy apareceu livre, pela esquerda, e chutou bloqueado. Bernardo Silva recolheu o rebote e cruzou rasteiro para Mbappé, na frente do gol, completar e marcar seu 11º gol em 16 partidas este ano.
O segundo saiu na marca de meia hora. Lemar e Mendy realizaram uma boa trama, novamente pela esquerda. O meia foi à ponta, segurou a bola, girou, pensou um pouquinho, e não foi pressionado. Evidência da falta de intensidade dos visitantes no primeiro tempo. Esperou a passagem de Mendy e rolou na medida certa. O cruzamento do lateral encontrou Fabinho entrando na área. O chute de Fabinho encontrou o fundo das redes.
Naturalmente, o Manchester City voltou diferente no segundo tempo e, aos 20 minutos, já havia assumido o controle da partida e levado perigo três vezes, pelos lados do campo. De Bruyne deu um passe perfeito para Sterling, quebrando as linhas de defesa do Monaco, e o atacante inglês entrou na área até chegar na cara do goleiro. Em vez de finalizar, rolou para a Agüero, mas todo mundo sabia que ele faria isso. Raggi cortou.
Pelo outro lado, Sané fez linda jogada e também entrou na área. Também cruzou para Agüero, que colocou a perna na bola de qualquer jeito e perdeu uma grande oportunidade. A terceira chance foi criada por Silva, que dominou na entrada da área, driblou a marcação e rolou para o argentino, cujo domínio, um pouco longo demais, o fez perder o controle da bola. Ainda assim, saiu a finalização, muito bem defendida por Subasic. Aos 22, de novo Silva: achou Sané pela esquerda, e o alemão tentou bater direto, mesmo sem ângulo. Acertou o lado de fora da rede.
O gol já era maduro e quase uma inevitabilidade quando Sané foi às redes. O Monaco havia recuado demais. E se as principais armas do Manchester City vinham sendo os pontas (acionados por Silva), foram eles que combinaram para marcar. Sterling recebeu pela direita, mas, em vez de buscar a linha de fundo como estava fazendo sempre, cortou para o pé esquerdo e bateu. Subasic cedeu o rebote e Sané apareceu para conferir.
Estava difícil para o Monaco resgatar o toque de bola que havia dominado o Manchester City no primeiro tempo. Havia finalizado apenas uma vez a gol em toda a segunda etapa. A solução foi recorrer à bola parada: Lemar cobrou, pela lateral direita, com curva, em direção ao gol de Caballero. Sempre uma bola difícil para o goleiro. Bakayoko completou de cabeça e fez 3 a 1, placar que os franceses precisavam. Eficiência: quatro chutes certos a gol, três gols.
O Manchester City tentou pressionar no fim da partida, mais na base do abafa, e criou muito pouco. Não deu tempo de reverter sua sorte. Pela primeira vez, Pep Guardiola disputou uma edição da Champions League sem chegar às semifinais. Pela quarta vez, o Monaco eliminou uma equipe inglesa na Champions League (United em 1998, Chelsea em 2004 e Arsenal em 2015). E deu uma amostra da força da sua equipe além das fronteiras da França. Está entre os oito melhores times da Europa.