O Chelsea doutrinou a Juventus e ofereceu uma atuação de gala, daquelas que serão lembradas por muito tempo em Stamford Bridge
Com muita qualidade coletiva e grandes tramas, o Chelsea goleou a Juventus por 4 a 0 e confirmou a classificação

Existem noites europeias que ficam na memória dos torcedores. E essas partidas não precisam necessariamente acontecer num mata-mata de Champions League. Há duelos de peso desde a fase de grupos que, a depender do que ocorre em campo, servem como uma consagração. Tal sensação é exatamente o que se reproduz em Stamford Bridge, numa atuação que parece um apêndice ao Chelsea campeão europeu em 2020/21. Os Blues dominaram a Juventus com uma superioridade raras vezes vista nesta temporada. O placar de 4 a 0 dimensiona a diferença entre os times, mas não totalmente a qualidade de jogo do time de Thomas Tuchel. Foi uma verdadeira exibição de gala, com muitos protagonistas, que evidencia o potencial inclusive de vários jovens do elenco. Em consequência, a classificação para os mata-matas se confirmou.
Escalado no seu 3-4-3, o Chelsea tinha como arma principal Ben Chilwell e Reece James nas alas, apoiando Callum Hudson-Odoi e Hakim Ziyech nas pontas. Era nisso que o jogo se centrava. Jorginho e N'Golo Kanté controlavam a equipe na cabeça de área, com Christian Pulisic funcionando como um falso nove. A Juventus entrou num 4-4-2. Federico Chiesa e Álvaro Morata eram os jogadores mais adiantados, com Manuel Locatelli servindo de principal peça no meio, onde Massimiliano Allegri optou por jogadores de menor mobilidade. Mais atrás, Juan Guillermo Cuadrado e Alex Sandro eram os laterais, na tentativa de combater a arma dos oponentes.
A expectativa de uma partida entre ataque e defesa não demorou a se confirmar em Stamford Bridge, com o Chelsea tomando as rédeas das ações e a Juventus fechada atrás. Só que a intensidade dos Blues não demorou a levar os bianconeri a perigo. Logo aos três minutos, Callum Hudson-Odoi e Ben Chilwell surgiram na área após cruzamento de N'Golo Kanté, mas não aproveitaram. A movimentação dos londrinos era ótima, com trocas de posições e muito volume, além de investidas pelos dois lados. Já os juventinos permaneciam enclausurados, sem escape nos contragolpes.
O Chelsea ainda levou um tempo para transformar sua superioridade em tantas oportunidades de gol. Trevoh Chalobah teve uma cabeçada torta aos dez e os Blues arriscaram alguns cruzamentos, mas a Juventus conseguia se safar. Um aviso mais contundente aconteceu aos 24, numa cobrança de falta de Reece James que Wojciech Szczesny defendeu. Logo na sequência, o gol dos ingleses saiu. Depois da cobrança de escanteio, a bola bateu sem querer em Antonio Rüdiger e ficou viva na área, onde Chalobah definiu de primeira. Ainda existia dúvida por um toque de mão involuntário do alemão, que não foi marcado após revisão do VAR.
A Juventus teve seu grande lance no primeiro tempo pouco depois, aos 29, num lindo lançamento de Manuel Locatelli para Álvaro Morata. O atacante saiu de frente para o gol e deu um toquinho por cima de Édouard Mendy. Thiago Silva, então, conseguiu uma recuperação sensacional e rasgou a bola quase em cima da linha. Seria basicamente o único respiro da Velha Senhora, antes que o Chelsea voltasse a controlar as ações e a rondar o gol. Szczesny também faria uma grande defesa aos 37, se esticando todo para desviar o chute de Reece James.
A única preocupação do Chelsea foi a saída de Kanté, aos 38, sentindo lesão e dando lugar a Ruben Loftus-Cheek. Na reta final da primeira etapa, os Blues tentaram aumentar a vantagem, diante da forma como se situavam no campo de ataque. Jorginho deu um bolão a Hudson-Odoi na área, mas Leonardo Bonucci conseguiu abafar a jogada. Por fim, nos acréscimos, Rodrigo Bentancur chutou de fora da área e errou o alvo por pouco, no que não diminuía a preocupação com o primeiro tempo claramente inferior dos juventinos.
O segundo tempo recomeçou com a Juventus tentando marcar de maneira um pouco mais adiantada. No fim, isso apenas concedeu mais espaço para o Chelsea explorar sua velocidade, especialmente pelos flancos. As chances se tornaram até mais frequentes do que no primeiro tempo, com ótimas participações de Reece James e Hudson-Odoi nessas estocadas. E os dois ajudariam a construir um placar mais condizente com o ótimo futebol dos Blues. James marcou o segundo, aos 11. Depois de um cruzamento desviado no primeiro pau, o ala teve tempo de matar no peito e mandar o chute cruzado para vencer Szczesny.
Ainda assim, o melhor aconteceu mesmo um minuto depois, com o terceiro do Chelsea, numa jogadaça coletiva. Começou com uma inversão de Rüdiger para James, que depois recuou para Hakim Ziyech na entrada da área. O passe de primeira chegou a Loftus-Cheek, que escapou no meio de cinco marcadores com seus dribles, num curtíssimo espaço. Por fim, a assistência caiu nos pés de Hudson-Odoi, que ficou com o trabalho mais fácil de bater de chapa às redes. A vibração no estádio e a própria comemoração efusiva dos Blues indicava a confiança quanto à noite inspirada que viviam.
Depois das duas pancadas, o Chelsea pôde até diminuir a rotação. E o problema seria a lesão sofrida por Chilwell, substituído por Marcos Alonso aos 24. Timo Werner entraria no lugar de Christian Pulisic logo depois. Com o Chelsea acomodado na partida, Mason Mount e Saúl Ñíguez saíram do banco. A Juventus chegou até a buscar o gol de honra, mas mal conseguia finalizar. E quando Weston McKennie bateu de fora, Édouard Mendy estava lá para fazer ótima defesa.
Contudo, a impressão era de que o Chelsea só precisava forçar para fazer mais, o que quase aconteceu aos 43. Ziyech apareceu de frente para o crime e Szczesny realizou uma senhora defesa, para espalmar o arremate rasteiro. E quando parecia que as provas do domínio dos Blues não eram mais necessárias, no último minuto dos acréscimos, aos 50, veio o golpe de misericórdia. A defesa juventina falhou depois de uma inversão e Ziyech cruzou com açúcar para Werner se encontrar com as redes. O apito final soou logo depois, para botar ponto final à noite perfeita dos londrinos.
O Chelsea assume a liderança do Grupo H da Champions, com os mesmos 12 pontos da Juventus, mas vantagem no saldo do confronto direito. As duas equipes estão classificadas aos mata-matas e decidem quem passará na primeira posição durante a última rodada. O Zenit ganhou como prêmio de consolação a vaga na Liga Europa, após empatar com o Malmö na Suécia durante os minutos finais, por 1 a 1. Os russos somam quatro pontos, contra um dos suecos, e levam a melhor por antecipação graças à vantagem no confronto direto.