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O Bayern reafirmou como seu conjunto é superior às estrelas do PSG e avançou de forma incontestável

O Bayern de Munique nem fez um bom primeiro tempo, mas manteve o PSG sob controle e cresceu na segunda etapa para vencer de novo

As diferenças entre Bayern de Munique e Paris Saint-Germain eram claras desde o sorteio das oitavas de final da Champions League. Os parisienses podem contar com as maiores estrelas, mas os bávaros são muito superiores como conjunto. E depois que essa noção se tornou clara na partida de ida, com a vitória alemã por 1 a 0 no Parc des Princes, ela se reafirmou na Allianz Arena. O Bayern trabalhou melhor como coletivo, soube lidar com a vantagem construída anteriormente e ainda aproveitou as brechas para anotar seus gols. O novo triunfo, agora por 2 a 0, reafirma a superioridade do time de Julian Nagelsmann, que também tem ótimas peças, e se deu ao luxo de utilizar Sadio Mané só nos minutos finais. Enquanto isso, o projeto estelar do PSG outra vez morre na praia, com críticas óbvias sobre a falta de engrenagens.

O Bayern aprendeu com a eliminação diante do PSG há duas temporadas. Os bávaros controlaram muito melhor os espaços e contiveram as chances dos adversários. Não foi uma atuação perfeita do time da casa, com um primeiro tempo de pouca projeção ofensiva e dificuldades na saída de bola – quando Sommer quase deu um gol de presente. A firmeza defensiva valeu o empate neste momento, com muito entendimento entre Upamecano e De Ligt, além da cobertura de Stanisic sobre Mbappé. Já no segundo tempo, o Bayern cresceu e trabalhou melhor em seu ataque, com a projeção de Goretzka e o onipresente Thomas Müller. O time contou com a estrela de Choupo-Moting, no lugar certo para marcar o gol decisivo após uma roubada de bola de Müller. Depois disso, com a vantagem ampliada, ficava ainda mais fácil de manejar os oponentes. Um contra-ataque concluído por Gnabry definiu a parada.

Por sua vez, o PSG teve suas chances, mas foi uma partida muito aquém do que se espera de um time tão badalado. Que tenha sido um primeiro tempo melhor dos parisienses, não foi nada tão gritante, e o melhor lance ofensivo dependeu de uma pixotada do goleiro adversário. Não era o ímpeto que se esperava de quem havia perdido em casa. E o segundo tempo decepcionou ainda mais, pela forma como a equipe não encontrou soluções após tomar o gol. Foi um jogo ruim de Mbappé, encaixotado pela marcação. O atacante até tentou, mas errou bastante e foi individualista em alguns lances. Mas Messi conseguiu ser pior. O craque basicamente inexistiu em campo. Não teve sequer um lampejo, nem mesmo para servir os companheiros. No geral, faltou repertório para quem tem dois jogadores deste calibre.

As escalações

O Bayern de Munique entrou em campo sem surpresas, com Josip Stanisic cotado como titular e Sadio Mané ainda limitado à reserva. Yann Sommer ocupava o gol, com a linha de zaga formada por Stanisic, Dayot Upamecano, Matthijs de Ligt e Alphonso Davies. Joshua Kimmich e Leon Goretzka fechavam o meio. A trinca de meias era composta por Kingsley Coman, Thomas Müller e Jamal Musiala. Eric Maxim Choupo-Moting era a referência no ataque. Já o PSG vinha num esquema com três zagueiros. Gianluigi Donnarumma era protegido por Danilo Pereira, Sergio Ramos e Marquinhos. Achraf Hakimi e Nuno Mendes abriam nas alas, com a faixa central ocupada por Vitinha, Marco Verratti e Fabián Ruiz. O ataque trazia Lionel Messi e Kylian Mbappé, as duas grandes preocupações.

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Primeiro tempo

O Bayern tentou sair nos primeiros movimentos, com mais posse de bola ofensiva e também uma marcação adiantada que sufocava a saída de bola do PSG. Mbappé conseguiu acelerar pelo lado esquerdo aos dois minutos, mas sua batida terminou nos braços de Sommer. Com o passar dos minutos, os parisienses também adiantaram a marcação e atrapalharam a construção dos bávaros. Desta maneira, seria um início de partida mais travado. Nenhum dos times concedia espaços, assim como não atacava com tanto vigor. Quase todas as bolas do PSG buscavam o lançamento longo para Mbappé. O atacante chegou a mandar a bola para dentro aos 13, mas num lance em que claramente cometeu falta em Sommer.

Não era um bom começo do Bayern. A equipe tive dificuldades em tramar suas jogadas desde o campo de defesa e a primeira finalização, de Goretzka, não deu trabalho para Donnarumma. O PSG apresentava uma postura até melhor, com seu encaixe na marcação. E tinha a ameaça de Mbappé, que acertou a parte externa da rede num tiro sem muito ângulo, aos 19. Os parisienses pareciam se sentir mais à vontade na partida. Conseguiram uma ótima chance aos 25, também pela esquerda, mas agora com Nuno Mendes. O ala cruzou e Messi entrava com espaço na área, mas seria travado providencialmente por Alphonso Davies, bem na hora do chute. Sommer e De Ligt também pararam o argentino na sequência, num lance de insistência.

O Bayern finalmente teria um período maior no campo de ataque depois dos 30 minutos. Enquanto rondava à espreita, o time conseguiu um bom lance individual com Musiala. O garoto girou para cima de Danilo Pereira e queimou o chute contra Donnarumma, que rebateu para fora. Coman também era mais acionado na direita. E o PSG teve problemas aos 35, quando Marquinhos sentiu lesão e deu lugar a Nordi Mukiele. A troca ao menos serviu para esfriar os bávaros, levando os parisienses ao ataque. Num momento de pressão, quase saiu o gol, aos 38. Sommer deu uma bobeira enorme e perdeu a bola na área. Vitinha estava com o gol aberto para marcar, mas chutou mal e De Ligt se recuperou para um carrinho salvador, quase em cima da linha.

O fim do primeiro tempo seria um pouco mais animado, com os dois times procurando mais os limites do campo. Alphonso Davies e Musiala seriam bloqueados de um lado, enquanto Sommer foi muito bem para se antecipar a uma arrancada do Mbappé do outro. A partida ganhava um ritmo um pouco mais intenso. Entretanto, os sistemas defensivos estavam bem. Os desarmes e interceptações prevaleciam para evitar oportunidades mais claras. Sergio Ramos, De Ligt e Upamecano estavam entre os melhores dos 45 minutos iniciais.

Segundo tempo

O PSG voltou para o segundo tempo sem Mukiele, que também se lesionou e deu lugar ao garoto El Chadaille Bitshiabu. A partida voltou novamente com um ritmo maior, como foi no fim da primeira etapa. Mbappé seria bloqueado de um lado, enquanto Donnarumma assustou numa saída errada do outro. Choupo-Moting aparecia mais na área. O atacante seria brecado por Danilo Pereira, antes de balançar as redes aos oito minutos. Num cruzamento de Musiala, o centroavante deu um leve desvio na bola. Porém, o tento foi anulado por interferência de Thomas Müller no caminho às redes.

O banho de água fria não brecou o Bayern, que continuou em cima na sequência do duelo. Testava mais a defesa do PSG e, numa bola parada, Goretzka cabeceou por cima. Já o gol surgiu aos 16, graças à pressão exercida pelos bávaros na saída de bola adversária. Com marcação dupla, Verratti entregou o ouro para Thomas Müller, que logo acionou Goretzka. O meio-campista também foi muito rápido no serviço, fazendo Sergio Ramos passar lotado no carinho, e deixou Choupo-Moting sozinho com as redes, para apenas escorar. Desta vez, nada impediria a comemoração do camaronês.

Precisando de dois gols o PSG foi para cima. Finalmente a equipe passou a ocupar o campo de ataque de maneira mais agressiva e Mbappé teve um bom avanço pela linha de fundo. Já aos 19, Sommer veio ao resgate. Numa cabeçada fulminante de Sergio Ramos após escanteio, o goleiro voou para fazer seu milagre. O suíço logo trabalhou de novo, num chute de Mbappé sem muito ângulo. Do outro lado, Julian Nagelsmann respondeu com a entrada de Leroy Sané, para dar mais velocidade ao contragolpe. Contudo, pelo momento da partida, a saída de Choupo-Moting não parecia exatamente a melhor escolha.

O PSG acionou Warren Zaïre-Emery no banco, no lugar de Fabián Ruiz, e em teoria ficava mais ofensivo. Só em teoria, porque não era o que se via na prática. O time não tinha penetração. O Bayern baixava seus blocos de marcação e protegia muito bem sua área. Ficava ainda mais difícil para Mbappé aparecer, enquanto Messi era nulo. Os bávaros até conseguiam ser mais perigosos. Foram alguns avanços em sequência no contra-ataque, desperdiçados pelas decisões ruins de Sané na hora de concluir as jogadas. Foram pelo menos três bolas em que o ponta falhou, incluindo um três contra dois. O segundo tento dos alvirrubros até parecia mais maduro.

Os dois times fizeram mudanças aos 37 minutos. Hugo Ekitiké e Juan Bernat eram cartadas de Christophe Galtier no PSG, saindo Vitinha e Nuno Mendes. Só então Sadio Mané entrou no Bayern, no lugar do aplaudido Musiala. Depois de muito tempo silencioso, os parisienses voltaram a assustar numa cabeçada de Sergio Ramos para fora. Depois, Upamecano foi ótimo num desarme quando Hakimi pintava na área. E os bávaros se viram forçados a outra troca, quando Coman deu lugar a Serge Gnabry após sentir lesão. De quebra, João Cancelo também entrou, na vaga de Thomas Müller. A esta altura, bastava aos anfitriões cuidarem do relógio.

E se os contra-ataques eram um anúncio do que poderia ser definido antes do apito final, o Bayern concluiu a parada aos 44 minutos, com auxilio daqueles que vieram do banco para o segundo gol. Depois da roubada de bola de Kimmich na intermediária, Cancelo partiu com o campo aberto e serviu Gnabry, com um tiro cruzado que saiu do alcance de Donnarumma. A frustração ao redor do PSG era palpável, num time morto para os cinco minutos de acréscimos. Davies ainda tentou o terceiro, mas parou em Donnarumma. Só dava os alemães no ataque. Mané tentava o dele e viu um tento anulado por impedimento. Ficou nisso. A classificação já era incontestável.

O Bayern parte entre os favoritos para conquistar a Champions, como de costume. Deixa para trás o amargor da eliminação contra o PSG em 2021 e mostra uma capacidade competitiva maior. Não é uma temporada tão impressionante dos bávaros até o momento. Contudo, é um time que conhece os atalhos da competição (vide os 100% de aproveitamento na fase de grupos) e também tem ótimos recursos. Prova disso é como o PSG, mais com nome do que com futebol, ficou pelo caminho. É ver como esse impacto da eliminação será absorvido em Paris. Mas, pela bagunça interna, há grandes chances de uma mudança de direção ainda mais profunda.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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