Champions League

Num jogo de ritmo alucinante, os 6 a 2 do Bayern não dimensionam como o Salzburg deu trabalho

O Red Bull Salzburg havia sido um adversário indigesto ao Liverpool, então campeão anterior da Champions League, na edição passada do torneio continental. E os Touros Vermelhos voltaram a colocar a coroa em xeque, desta vez no embate diante do Bayern de Munique na Red Bull Arena. Numa partida extremamente elétrica, e gostosa de se assistir, a equipe de Jesse Marsch até pareceu pronta a encerrar a sequência de vitórias dos bávaros na competição. Contudo, apesar do equilíbrio proposto pelos austríacos, o esquadrão de Hansi Flick criou oportunidades mais claras e conseguiu impor sua superioridade no fim. A goleada por 6 a 2, porém, não dimensiona as ameaças sofridas pelos alemães ao longo da noite.

O Salzburg precisou de minutos para mostrar como poderia complicar ao Bayern. Os austríacos iniciaram a partida com aceleração máxima e já pareciam testar a exposição da zaga alemã. Foi assim que o primeiro gol veio, aos quatro minutos, a partir de um ataque direto. Numa boa trama iniciada por Mergim Berisha, Sekou Koïta finalizou, mas Jérôme Boateng bloqueou o arremate. A sobra caiu livre com o próprio Berisha na esquerda e o atacante bateu forte, para vencer Manuel Neuer. O goleiro, aliás, atuava adiantado para tentar conter os lançamentos forçados pelos Touros Vermelhos.

O Bayern não perdeu sua segurança com a derrota parcial. Logo a pressão aumentaria. Serge Gnabry quase empatou na sequência, com o goleiro Cican Stankovic já driblado, mas André Ramalho tirou a bola em cima da linha. Logo depois, a arbitragem marcou um pênalti sobre Lucas Hernández, mas revogou após conferir no vídeo. E haveria ainda um tento de Gnabry anulado por impedimento, após o ponta ser lançado em velocidade. Do outro lado, André Ramalho assustou Neuer em uma cabeçada. Mas, na intensa trocação, a balança pendia aos bávaros e o empate saiu aos 21. Thomas Müller sofreu pênalti claro, convertido por Robert Lewandowski.

O Red Bull Salzburg também não se amedrontou com o gol e tentou fazer uma partida igual. Teria uma reclamação de pênalti a seu favor, por uma bola no braço de Corentin Tolisso, mas a arbitragem não conferiu. A pressão alta e a rapidez dos austríacos mantinham o cenário aberto. Entretanto, a qualidade do Bayern pesaria à reação. Lewa já poderia ter virado num contragolpe, saindo de frente para o gol após o passe de Kingsley Coman, mas bateu por cima. Não era uma partida na qual os bávaros exibiam seu volume ofensivo costumeiro. Mas deu para anotar o segundo antes do intervalo, aos 44. Lewa acionou Thomas Müller na direita e o alemão invadiu a área para cruzar. Procurava Tolisso, mas Rasmus Kristensen mandou contra as próprias redes.

O segundo tempo seguiria na mesma toada alucinante. Prova disso veio logo no primeiro minuto, quando Berisha achou Enock Mwepu e o volante bateu de primeira, rasteiro. Neuer fez uma defesa fantástica, desviando com a ponta dos dedos a bola que seguia ao seu contrapé. Na sequência da partida, entretanto, o Bayern se mostrava mais pronto ao terceiro gol. Os bávaros encontravam mais brechas para acelerar e incomodavam. Joshua Kimmich bateu para fora e Stankovic se esticou para espalmar a bomba de Gnabry. Neuer até precisava aparecer do outro lado, mas nada comparado ao ritmo no qual os alemães corriam. Aos 19, Coman ainda lamentaria um tiro que estalou o travessão.

Por mais que a vitória se esboçasse ao Bayern, o Salzburg mostrou que não estava morto aos 21. As alterações de Jesse Marsch fizeram efeito imediato e renderam o empate. André Ramalho interceptou o passe de Lewandowski e já acionou Masaya Okugawa, que acabara de sair do banco. O japonês deslocou Neuer e deu esperanças aos austríacos, que acordaram com o gol e passaram a pressionar. Okugawa arriscou de novo e, depois, Noah Okafor poderia até ter assinalado o terceiro, demorando a decidir até facilitar a intervenção de Neuer.

O Bayern, de qualquer forma, também tinha seus talentos no banco. E o gás final à vitória, e à goleada, aconteceu depois que Hansi Flick realizou três substituições de uma só vez. Entraram Bouna Sarr, Javi Martínez e Leroy Sané. Os bávaros cresceram e retomaram a dianteira quatro minutos depois, aos 34. Kimmich cobrou escanteio e Jérôme Boateng subiu para definir de cabeça. Então, o Salzburg se desesperou na busca pelo empate e se abriu. Müller pararia em Stankovic, enquanto Sané assinalou o quarto aos 38. Kimmich roubou a bola no meio e puxou o contragolpe, entregando ao ponta na entrada da área. Então, o novo reforço foi magistral, ao limpar a marcação e definir com muita categoria em direção ao ângulo.

Neste momento, a reação do Salzburg parecia muito difícil, mas a boa atuação do time permitia acreditar. Todavia, isso também significou se expor a um adversário superior como o Bayern, o que resultaria no placar largo. Javi Martínez descolou um cruzamento primoroso para Lewandowski cabecear como manda o manual e anotar o quinto aos 43. Por fim, depois que Stankovic conteve Sané, deu tempo ao sexto nos acréscimos. Douglas Costa acabara de sair do banco e avançou à linha de fundo. André Ramalho fez o corte parcial do cruzamento, mas Lucas Hernández lançou um foguete rumo ao barbante.

O Bayern de Munique emenda seu 14° triunfo consecutivo na Champions, mesmo ficando por um fio em Salzburg. Chega aos nove pontos na liderança do Grupo A, praticamente classificado às oitavas. O Atlético de Madrid, que mais parecia uma ameaça, não soma metade dos pontos. O Salzburg, por sua vez, só tem um empate até agora. A apresentação na Red Bull Arena, ao menos, mostram que os Touros Vermelhos podem fazer mais pela segunda vaga.

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Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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