Messi? Quem provoca uma peregrinação de turcos em Berlim é Alex
Por Caio Carrieri, de Berlim
O desavisado que passa pela Rua Budapeste, no oeste de Berlim, terá a certeza de que o Fenerbahçe, da Turquia, é um dos finalistas da Champions League. Mais ainda, o desinformado imaginará que o elenco do clube turco está hospedado no hotel do número 25 da via, já que centenas de torcedores, vestidos dos pés à cabeça de azul e amarelo, fazem campana na porta da hospedaria. Mas é uma pessoa – ou melhor, um ídolo – que atrai uma multidão diuturnamente ao local: Alex, o Alex de Souza para os fanáticos do Fener.
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Em sua primeira cobertura internacional como comentarista da ESPN Brasil, o ex-jogador consagrado em Istambul após quase uma década de muita dedicação prestada ao Fenerbahçe mobiliza parte dos inúmeros turcos que residem na capital alemã. O assédio e a demonstração de carinho são tão intensos que até geraram consequências: a ESPN teve de providenciar segurança extra, até a polícia foi acionada pelo hotel e, em uma das saídas da Alex para gravar boletins pela cidade, a equipe da TV precisou de driblar os torcedores ao sair por uma porta alternativa.
“Eu reagi bem porque vivi isso de maneira intensa durante nove anos (na Turquia)”, contou o ex-camisa 10 à Trivela, em um ambiente do hotel fora do campo de visão dos aficionados. “A única preocupação que eu sempre tenho é quando estou com a minha família, o que não é o caso aqui. Mas também existe a preocupação com a equipe da ESPN, porque existe uma linha de procedimento a que o pessoal está acostumado, já que eles estão na estrada com o jornalismo há muito tempo. Não quero que esse tipo de atitude atrapalhe o trabalho. Para mim, particularmente, não tem problema, porque estou acostumado”.
A paixão dos fãs vai além de fotos e autógrafos. Em um jantar em Berlim, Alex foi reconhecido por um torcedor, que rapidamente tentou agradar o ídolo – de maneira inusitada, diga-se. Bastou o dono de um restaurante especializado em waffles fazer uma ligação para providenciar um carro com o porta-malas recheado com doces personalizados para o craque. “Alex FB”, lia-se em um dos pratos.
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“Não sei explicar o que houve (para despertar essa paixão), porque fui para a Turquia, entrei na cultura deles, me comportei bem e joguei futebol. Joguei bem futebol, esse é um fato real. Não tive altos e baixos, sempre mantive um bom nível desde o momento da minha chegada até a minha saída. Bom número de gols, números de passes, partidas importantes, títulos, caminhos interessantes que antes não existiam para o clube na Copa da Uefa e na Champions League. Mas não vejo algo a mais para que eles tenham essa loucura por mim”, analisou o ex-meio-campista que conquistou seis títulos em Istambul, sendo duas vezes o Campeonato Turco.
Pouco após o bate-papo de Alex com a Trivela, dezenas de torcedores seguiam sem arredar o pé da entrada do hotel, mesmo depois de serem recebidos por Alex para uma sessão de fotos e autógrafos no lobby. “I love you Alex! I love you Alex!”, gritaram em forma de agradecimento.
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Nesta sexta-feira, as delegações de Juventus e Barcelona desembarcam em Berlim, onde treinarão no período da tarde no palco do confronto das 15h45 (horário de Brasília) de sábado. Haverá tamanha mobilização para ver Messi? “Não estou nem aí para ele, eu amo o Alex” resume bem o cabeleireiro Oguzhan Hemde, realizado por ter visto o ídolo de perto. Como discordar das homenagens a quem tem uma estátua na Turquia?
Abaixo, uma das cenas impressionantes no hotel em Berlim: