Lewandowski marcou um gol de bicicleta antológico, numa duríssima vitória do Bayern na neve contra o Dynamo Kiev
Lewa assinou uma obra-prima em Kiev, mas num jogo em que o Bayern passou por momentos de sufoco

O gol de bicicleta que Robert Lewandowski anotou nesta terça-feira de Champions League estará, sem dúvidas, em qualquer compilação de melhores lances do artilheiro. A pedalada fatal apresentou o ápice da qualidade técnica e do faro de gol do polonês. Mas, quando a história do jogo na Ucrânia for recontada, é preciso dizer que a vitória por 2 a 1 do Bayern de Munique contou com certos contornos heroicos. Os bávaros sofreram com os muitos desfalques, com o gramado pesado pela neve e até mesmo com uma rara noite desconcentrada de Manuel Neuer. Do outro lado, jogando todas as suas fichas na competição, o Dynamo Kiev também fez uma boa partida e botou pressão pelo empate até o apito final. Porém, o triunfo por 2 a 1 premia o golaço de Lewa e também sela a primeira colocação dos alemães no Grupo E.
O Bayern precisou lidar com vários desfalques, entre os jogadores lesionados, os suspensos, os isolados por COVID-19 e os mantidos em quarentena – em meio à discussão sobre aqueles que não se vacinaram. A lista de ausentes incluía Joshua Kimmich, Serge Gnabry, Jamal Musiala, Niklas Süle, Dayot Upamecano e Marcel Sabitzer. Apenas seis jogadores ficaram no banco. Diante das opções limitadas, Tanguy Nianzou ganhou mais uma chance na zaga, enquanto Corentin Tolisso jogou no meio. O setor ofensivo tinha um tridente formado por Leroy Sané, Thomas Müller e Kingsley Coman, além de Robert Lewandowski na referência. Já o Dynamo Kiev contava com seus destaques, a exemplo de Mykola Shaparenko, Sergiy Sydorchuk e Viktor Tsygankov.
O campo também oferecia um desafio maior ao Bayern, com a neve atrapalhando o jogo mais cadenciado da equipe. E uma invasão de campo logo de cara interrompeu o andamento do duelo. Quando foi possível realmente dar continuidade à partida, o Dynamo Kiev complicava com uma marcação alta que bloqueava a saída de bola alemã. Os ucranianos buscavam um jogo mais direto no ataque e esboçavam certos perigos, com direito a uma bola que cruzou a pequena área. Porém, quando a pelota sobrou para Lewandowski, o artilheiro foi capaz de uma genialidade que abriu o caminho aos 14 minutos.
O cruzamento espirrou na marcação e a bola subiu. Com espaço, Lewa teve raciocínio rápido e qualidade no movimento: emendou uma bicicleta perfeita, em pedalada que quicou e acabou no fundo das redes. A vantagem dava mais tranquilidade para o Bayern exercer seu domínio. Os bávaros se postavam no campo de ataque e mantinham a pressão. Entretanto, a criação não era tão contundente, com cruzamentos rifados e chutes bloqueados pelos anfitriões. Neuer ainda deu um susto imenso, naquele que poderia ter sido o maior frango de sua carreira. Aos 29, numa bola recuada por Leon Goretzka, o goleiro furou bisonhamente o chute. Deu sorte, já que a bola mansa bateu na trave, antes da zaga afastar.
O Dynamo teve bons minutos na sequência do jogo, com movimentação inteligente e alguns lances mais agudos. Até um pênalti chegou a ser revisado para os ucranianos. Mas, na reta final da primeira etapa, o Bayern conseguiu ampliar a vantagem aos 42. Após uma paciente troca de passes, Tolisso abriu a jogada e Thomas Müller deu um inteligente corta-luz. Coman apareceu livre na ponta direita e bateu forte, no alto da meta. Antes do intervalo, Tolisso ainda quase marcou o terceiro, mas o goleiro Georgiy Bushchan espalmou.
O segundo tempo foi retomado com o gramado limpo, sem mais neve, e alterações no Dynamo Kiev. As mudanças surtiram efeito na equipe ucraniana, que retomou a partida pressionando. Quase o gol saiu numa chance dupla, aos dois minutos. Neuer fez uma defesaça no chute desviado de Shaparenko e, no rebote, ainda negou a nova tentativa do meio-campista, mesmo caído. O Bayern demorou a se postar no campo de ataque, o que só conseguiu depois de dez minutos. Marc Roca entraria no lugar de Coman neste momento, após Bouna Sarr já ter suplantado Lucas Hernández. Entretanto, o respiro dos bávaros não duraria tanto.
O Dynamo retomou o controle do jogo e descontou aos 25 minutos, num contra-ataque. A troca de passes pegou a defesa desorganizada, com muitos toques de primeira até Tsygankov servir Denys Garmash, que definiu por entre as pernas de Neuer. O abafa continuou e, numa atuação claudicante de Neuer, o goleiro rebateu um chute de Sydorchuk que quase o complicou. Lewandowski tentaria responder pouco depois, num tiro que passou ao lado da trave. Contudo, de novo Sydorchuk levaria perigo no minuto seguinte.
Não bastasse todo o sufoco, o Bayern ainda perdeu Tanguy Nianzou por lesão. Leon Goretzka precisou ser improvisado na zaga por conta disso. E o volante chegaria a salvar sua equipe com um carrinho fantástico, aos 44, quando Tsygankov invadia a área com espaço. Nos acréscimos, o Dynamo Kiev não se deu por vencido e martelou um pouco mais, com batidas para fora. Tsygankov ainda proporcionou o último arremate perigoso, mas os bávaros seguraram o resultado. Uma vitória que sai bem melhor do que o placar indica, pelas dificuldades e pelas limitações.
O Bayern de Munique chega aos 15 pontos no Grupo E da Champions, com 100% de aproveitamento. Os bávaros já estavam classificados desde a rodada passada e se confirmam na liderança. Já o Dynamo Kiev não tem mais chances de classificação para as oitavas, com apenas um ponto. A única esperança para os ucranianos agora é a repescagem para a Liga Europa, e isso se o Benfica perder.