Guia da Champions League 2022/23 – Grupo F: Real Madrid, RB Leipzig, Celtic e Shakhtar
O Real Madrid é o time a ser batido na chave, que promete situações abertas para a segunda vaga, com destaque à empolgação do Celtic e à superação do Shakhtar, apesar da qualidade superior do elenco do RB Leipzig
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Por que acompanhar
Um grupo de Champions League que traz o Real Madrid como o seu cabeça de chave fala por si. Os merengues são o principal símbolo da competição e sempre partem como favoritos – ainda mais depois do que aconteceu na temporada passada, com todos os milagres para render um título tão emblemático. A fase inicial pode não oferecer o melhor teste possível ao time de Carlo Ancelotti, mas servirá para manter a rotação alta dos madridistas, especialmente numa temporada em que conciliar o ritmo no Campeonato Espanhol terá exigências maiores pela concorrência.
E a segunda vaga do Grupo F se sugere suficientemente aberta para manter o clima. O RB Leipzig seria o virtual candidato, mas o mau início da temporada não o credencia totalmente. O time precisa reagir, num momento em que Domenico Tedesco se vê ameaçado. O Celtic apresenta um jogo de qualidade para tentar buscar o seu sucesso, e o renascimento recente do futebol escocês também causa um impacto positivo nos alviverdes. A empolgação ao redor do time tende a ser grande, num momento animado da rivalidade em Glasgow. Já o Shakhtar Donetsk tenta superar todos os entraves que a guerra representa. É quem possui menos confiança, mas ainda uma bagagem razoável no torneio.
Títulos
Real Madrid: 14 (1955/56, 1956/57, 1957/58, 1958/59, 1959/60, 1965/66, 1997/98, 1999/00, 2001/02, 2013/14, 2015/16, 2016/17, 2017/18, 2021/22)
RB Leipzig: nenhum
Celtic: Um (1966/67)
Shakhtar Donetsk: nenhum
Retrospecto recente
Real Madrid
2021/22: campeão
2020/21: semifinais
2019/20: oitavas
2018/19: oitavas
2017/18: campeão
RB Leipzig
2021/22: preliminares
2020/21: oitavas
2019/20: semifinais
2018/19: não participou
2017/18: preliminares
Celtic
2021/22: preliminares
2020/21: preliminares
2019/20: preliminares
2018/19: preliminares
2017/18: fase de grupos
Shakhtar Donetsk
2021/22: fase de grupos
2020/21: fase de grupos
2019/20: fase de grupos
2018/19: fase de grupos
2017/18: oitavas
Ambição
Real Madrid
O Real Madrid não pode entrar na Champions League com outra ambição diferente de ser campeão. A tradição dos merengues no torneio fala por si e as condições de título sempre estão evidentes, inclusive pela mística do clube. E as credenciais do time de Carlo Ancelotti continuam muito fortes. Os madridistas permanecem com um elenco bem servido, com protagonistas decisivos, com bons jogadores em ascensão e com um técnico que conhece o torneio como poucos. Será uma das equipes vistas como favoritas desde o início, também por ser a atual detentora da Orelhuda – com tamanhos méritos.
RB Leipzig
O RB Leipzig precisa colocar ordem na casa. E com a Bundesliga já virando missão difícil naquele que permanece como intuito do clube, o título, a maneira será concentrar forças na Champions League. Os Touros Vermelhos possuem uma histórica semifinal no currículo, mas o desempenho no geral é irregular e não à toa a presença nos mata-matas não costuma ser garantida. Depois das pedreiras encaradas na última edição, com a concorrência de PSG e Manchester City na chave, passar às oitavas se torna uma obrigação maior. A partir disso, é ver como o time de Domenico Tedesco poderá se portar.
Celtic
O Celtic retorna à fase de grupos da Champions League após cinco temporadas. A melhora do coeficiente da Escócia, com a contribuição do próprio rival Rangers, encurtou o caminho dos alviverdes. Mesmo assim, o time está interessado em alavancar um pouco mais esses números e fazer jus à sua tradição num torneio que já conquistou. Os Bhoys deverão colocar como ambição mínima a conquista da repescagem para a Liga Europa. Uma vaga nas oitavas, porém, não seria totalmente surpreendente. Também é importante o dinheiro da premiação garantido pela presença continental.
Shakhtar Donetsk
O Shakhtar Donetsk sabe que um papel honroso na Champions League, desta vez, não significa necessariamente a classificação para a próxima fase. A guerra gera uma série de limitações aos Mineiros, com diversas perdas de talentos no elenco (sobretudo os brasileiros) e a falta de ritmo competitivo. Disputar a fase de grupos já será importante pelo dinheiro de premiação que a competição garante e também pela exposição em relação à causa ucraniana. É ver como será o rendimento de uma equipe que perdeu seu treinador e passou os últimos meses basicamente limitada a amistosos. O início no Campeonato Ucraniano, ao menos, guarda um bom aproveitamento.
Ponto forte
Real Madrid
A camisa do Real Madrid é seu grande diferencial na Champions League. Outros concorrentes podem ter seus craques e seus elencos qualificados, mas nenhum outro carrega consigo tamanhas glórias na principal competição do continente. Isso intimida qualquer adversário que encara os merengues, e ficou evidente quando tudo conspirava a favor da equipe de Carlo Ancelotti nos mata-matas. Obviamente, há um time equilibrado em campo e protagonistas que se sobressaem com um coletivo bastante azeitado. O fato de defenderem o Real Madrid na Champions parece motivar mais.
RB Leipzig
O RB Leipzig possui um dos elencos mais jovens da Champions League, um padrão que se repete nas últimas temporadas. São jogadores com potencial de ascensão e que podem aproveitar o lugar ao sol na fase de grupos. É um impulso para que o rendimento cresça, mesmo que a falta de experiência por vezes se torne um empecilho. Há um bom número de candidatos a destaque e a rotação fortalecida nesta temporada, pelo trabalho no mercado de transferências, também tende a auxiliar.
Celtic
O Celtic possui o grande caldeirão do grupo, e um dos maiores da Champions. Parkhead é um estádio que joga junto com o time e derrotar os alviverdes dentro de seus domínios costuma ser uma missão indigesta. Considerando a ausência do clube nas últimas edições do torneio, a empolgação dos torcedores escoceses tende ser até maior para empurrar a equipe. Entretanto, diferentemente de outros anos, a tendência é que os Bhoys partam para cima e não aguardem os oponentes no campo de defesa. Será interessante ver a vibração dos alviverdes nesse contexto.
Shakhtar Donetsk
A inspiração ao redor do Shakhtar Donetsk é que pode ser um diferencial. Os Mineiros possuem o elenco mais fraco do grupo, após as saídas dos jogadores brasileiros, e também o menor ritmo competitivo. Porém, como o rival Dynamo Kiev demonstrou contra o Fenerbahçe nas preliminares, é possível tirar uma energia além mesmo com os percalços. Alguns jogadores de qualidade permanecem à disposição do Shakhtar e o clube terá uma visibilidade especial pelo contexto. Será importante corresponder principalmente nos jogos com mando na Polônia, onde uma massa de refugiados certamente estará presente.
O craque
Real Madrid
Poucas vezes a Bola de Ouro teve um ganhador mais óbvio que o da atual temporada. Karim Benzema merece receber o troféu que o coroa individualmente, pela forma como repetidamente negou o impossível e liderou os merengues a feitos incríveis. A idade permanece como um obstáculo, mas não dá para imaginar uma queda tão abrupta do craque. Seus gols decisivos continuarão vindo, ainda que as ascensões de garotos como Vinícius Júnior e Rodrygo o auxiliem cada vez mais. A categoria do francês serve para conduzir a equipe.
RB Leipzig
Christopher Nkunku foi eleito o melhor jogador da Bundesliga na temporada passada e recebeu sua indicação na lista final da Bola de Ouro. Seu futebol fala por si, com gols e assistências abundantes, que acabaram levando o Leipzig ao seu primeiro título na Copa da Alemanha. Se o início da nova temporada não anima muito pelo baixo rendimento do time, o francês ainda consegue se safar individualmente. Foi assim na última fase de grupos, aliás, quando arrebentou mesmo com a eliminação dos alemães.
Celtic
Aos 29 anos, Callum McGregor une duas pontas do Celtic. O meio-campista participou de seis dos nove títulos consecutivos dos Bhoys no Campeonato Escocês ao longo da última década e se colocou como a referência nesse período de reformulação recente, que culminou na reconquista em 2021/22. Dono da braçadeira de capitão, o volante da seleção é um termômetro do time. Não à toa, conseguiu superar os destaques ofensivos para receber o prêmio de melhor jogador da última temporada. Carrega uma bagagem importante para liderar os escoceses também nesta Champions.
Shakhtar Donetsk
O Shakhtar é um clube que tradicionalmente apostava nos talentos brasileiros para o setor ofensivo, concentrando os ucranianos na fase defensiva da equipe. Quem apresenta uma nova perspectiva nesse sentido, até pela necessidade, é o ponta Mykhaylo Mudryk. O camisa 10 é visto como o grande talento de sua geração e gasta a bola, aos 21 anos. Possui cinco aparições pela seleção principal da Ucrânia e arrebentava na temporada passada até a liga local ser interrompida pela guerra. Chegou a ser especulado para sair no último mercado de transferências, mas poderá liderar a empreitada dos Mineiros e se fazer mais conhecido na Europa.
Mister Champions
Real Madrid
A lista de multicampeões da Champions pelo Real Madrid diminuiu nessa temporada, com o adeus de Marcelo e de Casemiro. No entanto, os merengues permanecem com o elenco mais tarimbado da competição. E, entre tantos nomes a se destacar, quem merece uma menção especial dessa vez é Thibaut Courtois. O goleiro disputou 65 jogos de Champions na carreira, apenas o sexto do elenco neste quesito. A atuação monstruosa na final recente, todavia, respalda o camisa 1. Colocou-se definitivamente como uma figura histórica na competição e responsável por impulsionar a grandeza dos madridistas – algo para poucos. Até por isso ganha reconhecimento, por mais que Luka Modric, Toni Kroos, David Alaba e ainda outros merecessem o rótulo de “Mister Champions”.
RB Leipzig
Timo Werner retornou à Red Bull Arena com o título da Champions League no currículo. O atacante pode não ter cumprido as expectativas no Chelsea, mas teve um papel importante na conquista em 2020/21 e pôde experimentar algo único no elenco do RB Leipzig. Isso certamente pesará para que o atacante ganhe mais minutos em campo durante a competição continental. Sua média de gols no torneio, aliás, é melhor do que na Bundesliga e na Premier League. São 15 gols em 31 aparições.
Celtic
O Celtic possui uma figurinha carimbada no gol, com a presença de Joe Hart. O goleiro recuperou sua carreira em Glasgow, num momento que vinha em queda livre após passagens pouco produtivas por Torino, West Ham, Burnley e Tottenham. O veterano de 35 anos foi um nome importante na conquista do último Campeonato Escocês e tem lampejos de seus melhores tempos. A Champions é um terreno fértil em sua história, especialmente nos anos em que defendia o Manchester City e teve grandes atuações na competição. Este pode ser um elo com seu passado.
Shakhtar Donetsk
Andriy Pyatov permanece no Shakhtar aos 38 anos, único remanescente da conquista da Liga Europa em 2008/09. Entretanto, o goleiro esquenta o banco de reservas. Assim, o nome mais tarimbado em Champions em campo é o do volante Taras Stepanenko. Aos 33 anos, o medalhão está no elenco desde 2010 e bate cartão na competição continental desde então. Terá uma incumbência difícil por todo o espírito de equipe que precisa incutir nos Mineiros, mas também carrega uma história de quem disputou duas edições da Eurocopa com a seleção.
A contratação
Real Madrid
Antonio Rüdiger foi um achado do Real Madrid no mercado de transferências, mas a aposta mais alta é aquela que realmente precisará ser o novo ponto de equilíbrio do time. Os merengues desembolsaram €80 milhões em Aurélien Tchouaméni, num investimento de médio prazo que no fim das contas se tornou de urgência, quando Casemiro decidiu rumar ao Manchester United. O volante não chegou a disputar a fase de grupos em seus tempos de Monaco, no máximo as preliminares. Entretanto, não parece que vai sentir a competição, pela maneira como deslancha em La Liga. Une imposição e qualidade técnica para deixar sua marca desde cedo.
RB Leipzig
O RB Leipzig investiu alto para contratar David Raum, lateral esquerdo da seleção alemã e destaque da última Bundesliga pelo Hoffenheim. Pode até se discutir se o defensor era a prioridade do clube, com a presença de Angeliño no elenco, depois repassado ao próprio Hoffe. Ainda assim, é um jogador de qualidade para se sobressair, especialmente pela potência física e pela capacidade no apoio. A Champions vai ser uma nova experiência, valiosa, a quem pretende disputar sua primeira Copa do Mundo com a seleção da Alemanha.
Celtic
O Celtic trabalhou no mercado de transferências para assegurar a permanência dos destaques da última temporada. Um deles foi Jota, ponta esquerda que estava emprestado pelo Benfica e acabou comprado por €7,5 milhões. O jovem fez ótimas partidas no último Campeonato Escocês e começou ainda melhor a nova edição, inclusive pelo papel desempenhado durante a goleada na Old Firm do sábado. É um dos vértices no tridente ofensivo, ao lado de Kyogo Furuhashi e Liel Abada. Tem bola para desequilibrar, sobretudo contra os adversários mais acessíveis.
Shakhtar Donetsk
O Shakhtar Donetsk possui um leque de opções bem limitado no mercado de transferências. A guerra causa consequências financeiras, assim como não são todos os jogadores que se submetem à situação. O número de estrangeiros caiu drasticamente, com apenas quatro no atual elenco. Um deles é Olarenwaju Kayode, atacante contratado nessa janela. O nigeriano teve uma curta e apagada passagem por Donetsk entre 2018 e 2019, tentando reescrever sua história. Também fez sucesso por Austria Viena e Maccabi Netanya, passando os últimos anos na Turquia, com o Sivasspor.
O técnico
Real Madrid
Carlo Ancelotti se colocou definitivamente como um dos maiores técnicos da história na temporada passada. O veterano faturou a Champions pela quarta vez, um feito inédito, e ainda completou os títulos nacionais nas cinco grandes ligas europeias. É o responsável pelo embalo dos merengues, por seu trato com o elenco e pela maneira como consegue extrair o melhor de sua equipe. Carrega uma bagagem singular no torneio e provou que sua carreira não estava no ocaso, com troféus que reiteraram seu talento na casamata. Tem totais condições de fazer ainda mais neste ano.
RB Leipzig
Domenico Tedesco vive uma montanha-russa à frente do RB Leipzig. O treinador foi o responsável por melhorar substancialmente os resultados na temporada passada, depois da desastrosa passagem de Jesse Marsch. Porém, quando ganhou mais tempo para preparar o elenco, não consegue reproduzir o seu próprio aproveitamento. O início de campanha apresenta os Touros Vermelhos como um time pouco protegido e sem efetividade, que toma gols em demasia. O italiano fica na corda bamba, pressionado pelo início ruim na Bundesliga. Será a sua segunda experiência no torneio, após levar o Schalke às oitavas e ser demitido com um 7 a 0 do Manchester City.
Celtic
A aposta do Celtic em Ange Postecoglu fugia das obviedades. Os alviverdes buscaram um treinador australiano, que trabalhou em Copa do Mundo na seleção de seu país e vinha de um título recente na J-League com o Yokohama F. Marinos. Os desconfiados ganharam motivos para acreditar num fracasso, diante do início turbulento no último Campeonato Escocês. Contudo, os alviverdes encorparam e exibiram um futebol de qualidade para buscar o título nacional. Hoje, Postecoglu é uma figura bastante querida em Glasgow, inclusive pelas contratações cirúrgicas que auxiliou o clube a fazer. Será a sua primeira experiência na Champions, embora ele tenha faturado a Liga dos Campeões da Oceania em 1999, com o South Melbourne.
Shakhtar Donetsk
Igor Jovicevic tem a missão de tocar o barco no Shakhtar Donetsk diante de todos os problemas. O croata foi escolhido para substituir por Roberto De Zerbi. Ex-jogador do Karpaty Lviv, ele começou sua carreira de treinador por lá, antes de voltar ao seu país e assumir a base do Dinamo Zagreb, com uma breve passagem pelo time principal. Já o trabalho que o credencia ao Shakhtar aconteceu à frente do Dnipro-1. Conseguiu levar o time à Conference League, graças aos bons resultados na edição passada do Campeonato Ucraniano, apesar da interrupção pela invasão russa.