Com excelente início, Morata dá a impressão que nunca deveria ter saído da Juventus

A quarta-feira de Álvaro Morata como grande destaque da Juventus. Seus dois gols e ótima atuação foram cruciais para a vitória da Velha Senhora, em um 4 a 1 fora de casa contra o Ferencváros. O espanhol foi apontado como o melhor em campo por quase todos os veículos.
No seu 100º jogo pelo clube, o atacante parece se entender muito melhor com os companheiros de ataque, especialmente Cristiano Ronaldo e Paulo Dybala, que os antecessores da posição. Sim, estamos falando de você, Gonzalo Higuaín.
“Eu disse quando voltei para cá que eu me sinto um jogador mais completo e maduro como pessoa ao passar por momentos bons e ruins na minha carreira. Tudo foi uma experiência de aprendizado”, disse Morata à Sky Sport Italia, depois do jogo contra o Ferencváros.
“A motivação que eu quero no meu futebol é a mesma que qualquer pessoa precisa na vida, que é me sentir querido e amado. Eu acho que eu tenho o que eu preciso na Juventus. Eu ainda posso melhorar e eu acredito que nós continuaremos a crescer juntos e irmos longe”, continuou Morata.
“Eu não preciso dizer o que Ronaldo representa e o que ele traz ao time. Ele é um grande companheiro, fala com todo mundo, ajuda todo mundo e é o jogador mais importante. Nós todos esperamos que ele possa continuar marcando e nos leve ao nível que ele visualizou na sua mente”, continuou o centroavante.
O diretor esportivo da Juventus, Fabio Paratici, afirmou que a contratação de Morata foi justamente porque ele é capaz de jogar tanto com Cristiano Ronaldo quanto com Paulo Dybala, algo que o próprio jogador comentou. “Não faz diferença para mim com quem eu estou jogando no ataque”, afirmou Morata.
“Eu sei que eles têm as suas características e eu tenho que tirar o máximo das suas qualidades para estar no lugar certo para um gol ou um passe. Eu estou à disposição do time e eu não me importo de me adaptar para suas características com o meu movimento”.
Vendo o bom desempenho que Morata tem pela Juventus, é de se perguntar: ora, por que então ele saiu de lá quando na sua primeira passagem já tinha ido tão bem? Vale relembrar como foi todo esse processo para entendermos tantas idas e vindas na carreira deste atacante de 28 anos.
Nas categorias de base, Morata passou pelo Atlético de Madrid, pelo Getafe, mas foi pelo Real Madrid que estreou entre os profissionais, em 2013. Como é esperado, ele não foi aproveitado. É uma tradição do Real Madrid não aproveitar bem os seus jogadores formados em casa. Por isso, Morata foi buscar mais tempo de jogo na Juventus, em 2014.
Aquela temporada, 2014/15, foi incrível para o jogador. Inclusive porque ele fez valer muito a lei do ex: nas semifinais da Champions League, diante do Real Madrid, ele marcou tanto na ida quanto na volta, no Santiago Bernabeu. O time foi à decisão contra o Barcelona, mas foi derrotado pelo time do trio MSN: Messi, Suárez e Neymar. A Velha Senhora conquistou o título italiano também, como se tornou comum.
Morata ficaria mais um ano em Turim, a temporada 2015/16, e ao final dela o Real Madrid tinha uma cláusula que colocou no contrato de venda: poderia recomprar o jogador por €30 milhões – tinha vendido aos italianos por €20 milhões. E assim o fez. Recomprou Morata, que, enfim, parecia que ganharia tempo de jogo no clube que o formou.
O que aconteceu nós sabemos: Morata foi até importante para o Real Madrid na disputa em duas frentes que acabou no título espanhol na temporada, além da Champions League. Embora tenha jogado um número razoável de jogos, 43, e feito um bom número de gols, 20 (sendo 15 deles só no Campeonato Espanhol). Olhando para esses números, é difícil entender por que Morata estava insatisfeito. Mas um outro número explica: o de minutos em campo.
Quando olhamos para os minutos, Morata jogou 1.873 minutos. Dividindo pelo número de jogos, o atacante esteve em campo 43,5 minutos por jogo. Ou seja: ele era um reserva. Muito utilizado e fundamental para a conquista do título, mas ainda um reserva. Morata queria mais. Por isso, quando pintou o Chelsea como interessado no seu trabalho, com o técnico Antonio Conte, ele abraçou a ideia – e os Blues pagaram incríveis €66 milhões por ele.
Seu desempenho na Inglaterra foi abaixo do esperado, ainda que ele tenha entregue alguns gols. Foram 48 jogos, 15 gols marcados, seis assistências. Não são números espetaculares, e o problema é que o valor pago por ele foi. Mais do que isso: na temporada anterior, com Diego Costa, o Chelsea teve um atacante de 22 gols em 42 jogos, além de excelentes atuações. E já estava lá, mas Antonio Conte brigou com o jogador e praticamente o descartou.
Embota tenha até mantido um desempenho razoável, não parecia convencer. Por isso, quando surgiu outra oportunidade de negociá-lo, o Chelsea não titubeou. Emprestou ao Atlético de Madrid por um valor inicial de €18 milhões, que se converteria em mais €35 milhões. A transferência se deu em janeiro de 2019. Em 61 jogos, contando uma temporada e meia que ficou por lá, fez 61 jogos e 22 gols, além de cinco assistências.
Mais uma vez: embora razoável, não convenceu. Surgiu a chance de negócio com a Juventus, liberar a folha salarial e trazer Luis Suárez. O Atlético fez o negócio. Morata foi emprestado à Juventus por um valor inicial de €10 milhões. Há opção de compra para a Juventus. Até aqui, tem sido um sucesso. Mais do que os números em si, o desempenho tem sido bom. E mesmo os números têm sido ótimos: são sete jogos em todas as competições, com seis gols. Na Champions League, são três jogos e quatro gols.
Aparentemente, o lugar de Morata é em Turim. Com o entendimento com Cristiano Ronaldo parecendo tão bom, ele tende a ganhar espaço. Talvez com ele seja possível, enfim, montar um ataque com Dybala e Cristiano Ronaldo juntos. Morata não se importa de fazer a maior parte da pressão quando se perde a bola, algo que seus dois companheiros não fazem tanto. Resta ver se o técnico Andrea Pirlo conseguirá, em algum momento, fazer o trio jogar juntos.