Champions League

O Bayern recebeu inúmeros presentes e controlou o United num elétrico 4×3

Um frango de Onana abriu o caminho para o Bayern, que não precisou fazer sua partida mais brilhante, mas se manteve ligado a todo o tempo e abafou de imediato as reações do United

Bayern de Munique e Manchester United fazem um clássico da Champions League. A história da final de 1999 fala por si, num confronto de embates recorrentes pelo torneio continental. Esperava-se uma grande partida na Allianz Arena, para abrir o Grupo A. E as duas equipes fizeram um jogo movimentado, de sete gols. O placar de 4 a 3, porém, não traduz totalmente a superioridade do Bayern. O time de Thomas Tuchel ainda se acerta na temporada e nem começou bem a partida, mas cresceu com o passar dos minutos, auxiliado por um frango de André Onana e por seguidos erros do United. A crise sobre o trabalho de Erik ten Hag se evidenciou. E por mais que os Red Devils tentassem reagir, os bávaros sempre respondiam com um gol de imediato. O final seria um pouco mais agitado, mas nada tão arriscado ao domínio dos alemães.

Jamal Musiala foi o nome do Bayern, impressionante na criação de jogadas. Infernizou a defesa adversária a cada arranque com a bola dominada. Leroy Sané também deixou seu gol num começo de temporada positivo, enquanto Harry Kane contribuiu com uma assistência e um gol de pênalti. Menção ainda ao garoto Matthys Tel, importante por definir o placar no final, num momento de maior temor. A defesa é que deixou a desejar, com gols sofridos em bolas lentas. Do lado do United, pouca coisa se salvou. O time teve um pouco mais de lucidez em seus lances pela esquerda, com Marcus Rashford. Casemiro também se saiu bem com seus dois gols tardios. Pouco para aliviar o time das críticas.

As escalações

O Bayern de Munique tinha como grande novidade a volta de Jamal Musiala ao time, recuperado de lesão que o afastou de compromissos recentes. A escalação começava com Sven Ulreich no gol. Konrad Laimer segue improvisado na lateral direita, com Alphonso Davies na esquerda. Kim Min-jae e Dayot Upamecano formam a nova zaga titular. O meio tinha Joshua Kimmich e Leon Goretzka, dando sustentação ao trio com Leroy Sané, Musiala e Serge Gnabry. Harry Kane era a referência no ataque.

Pressionado pelos maus resultados, o Manchester United escalou uma equipe leve. André Onana era protegido por uma linha defensiva com Diogo Dalot, Victor Lindelöf, Lisandro Martínez e Sergio Reguilón. Casemiro e Christian Eriksen trancavam o meio, com Bruno Fernandes na armação. Facundo Pellistri e Marcus Rashford ocupavam as pontas, no apoio a Rasmus Höjlund.

Bayern começa mal, mas United oferece os gols

O Bayern de Munique começou a partida com dificuldades. A saída de bola dos bávaros não se encaixava da melhor maneira. Com isso, a aceleração do Manchester United rendeu os primeiros perigos. Quase o gol saiu aos quatro minutos. Eriksen tentou o passe para Pellistri, mas foi travado por Davies e a bola voltou para o dinamarquês. Ele então tentou o chute sem muito ângulo e parou numa defesaça de Ulreich. Os Red Devils conseguiam suas melhores jogadas pela esquerda e ganhavam escanteios, com os bávaros demorando a se achar. O time da casa não conseguia passar do meio-campo, diante da marcação adiantada dos ingleses.

O respiro do Bayern se tornou maior a partir dos 20 minutos, quando a equipe conseguiu avançar em campo e empurrar o Manchester United. Uma batida bloqueada de Musiala e alguns escanteios sinalizavam uma ligeira melhora do time. E num momento em que os meias se envolviam mais com o jogo, o gol seria cortesia de Onana. O lance aos 28 minutos nasceu na direita. Sané penetrou em diagonal e tabelou com Kane no pivô. O chute de fora da área do alemão não saiu bom, no meio de dois jogadores. Deveria ser uma defesa protocolar de Onana, mas o camaronês não foi com firmeza e deixou a bola passar.

O Manchester United se desconcentrou depois do gol. Um erro tremendo, especialmente contra um adversário tão rápido. O segundo gol nem demorou, aos 32 minutos. Musiala girou sobre Casemiro, acelerou pela esquerda e invadiu a área na marra. A defesa dos Red Devils ficou paralisada e o passe chegou para Gnabry, solitário diante da meta. Um chute cruzado foi suficiente para tirar do alcance de Onana, sem ter o que fazer dessa vez. O United ainda conseguiu uma resposta imediata, com a tabela entre Reguilón e Casemiro, mas o cruzamento passou pela área inteira sem que ninguém completasse. Os Red Devils deram uma leve melhorada, só que não botavam Ulreich em apuros. O Bayern voltou a reduzir o ritmo antes do intervalo, mas dependia só de estalos. Aos 44, Sané deu um chute colocado que saiu lambendo a trave. Onana só acompanhou com os olhos.

United reage, Bayern se impõe de imediato

O Manchester United não voltou com mudanças para o segundo tempo, mas estava mais ligado. As investidas voltavam a fluir pela esquerda e o gol não demorou a sair, aos quatro minutos. Numa trama entre Casemiro e Rashford, Höjlund recebeu na área e chutou mascado. A bola desviou em Kim e tirou Ulreich da jogada, morrendo nas redes. Porém, o Bayern respondeu rápido. Musiala deu o primeiro aviso numa batida prensada. Já depois de um escanteio, Upamecano cabeceou e a bola bateu no braço de Eriksen. O árbitro reviu o lance no monitor e marcou o pênalti. Aos oito minutos, Kane deixou sua marca com uma cobrança perfeita, no cantinho de Onana. A bola rasteira beijou a lateral das redes.

De novo, o gol caía como um balde de água fria sobre o Manchester United. O Bayern arreganhava os dentes. Musiala estava inspirado e o melhor do time vinha com seus lances individuais. Uma jogadaça do garoto na intermediária clareou a batida de Sané. O ponta chutou de primeira, diante do estático Onana, e estalou a trave. O United não conseguia ter uma reação suficientemente consistente. O Bayern era melhor em suas chegadas. Onana teve trabalho aos 17, num chute fechado de Kane. Logo depois, Kingsley Coman entrou no lugar de Gnabry. Os Red Devils pareciam entregues, com Onana ainda rebatendo um chute com efeito de Sané.

Ten Hag esperou até os 24 do segundo tempo para fazer sua primeira alteração, com Scott McTominay no lugar de Eriksen. Não era algo que mudava as perspectivas do time. Os Red Devils pareciam pensos ao lado esquerdo, dependentes de Rashford. E cometiam muitos erros técnicos. Era uma partida muito suave para o Bayern. Tanto que Musiala saiu aplaudidíssimo aos 30 minutos, com um teste de Tuchel ao colocar Eric-Maxim Choupo Moting ao lado de Kane. A posse de bola permanecia com o Bayern, contra um United entregue. Laimer ia bem no apoio pela direita. Onana evitava algo pior, ao se esticar todo para espalmar um chute no alto de Choupo-Moting.

Anthony Martial e Alejandro Garnacho viravam outras cartadas tardias do Manchester United. Impressionava como o time entregava a bola fácil para o Bayern. A equipe passou 24 minutos sem finalizar, até que um cruzamento de Rashford rendesse um chute torto de Garnacho. O Bayern pouparia Kane e Sané, com Thomas Müller e Matthys Tel em campo aos 42. E um lance fortuito do United reacendeu a partida. Numa troca de passes pelo meio, Casemiro recebeu de Martial e insistiu na área. Mesmo caído, conseguiu bater no canto e marcar o segundo gol aos 43. O resultado dos bávaros parecia sob um risco até desnecessário.

Contudo, novamente o esforço mínimo ajudou o Bayern de Munique a ratificar a vitória. Tel chamou a responsabilidade e primeiro deu um grande passe para Müller, que acertou a trave. Já aos 47, a partida estava resolvida com o quarto gol dos bávaros. Kimmich deu um passe magnífico por elevação, para Tel se infiltrar na área pelo lado esquerdo. O garoto dominou e mandou uma pedrada no alto da meta, sem chances para Onana. O triunfo se confirmava. Por fim, no último lance da partida, o United ainda descontou de novo. Numa cobrança de falta pela esquerda, Bruno Fernandes bateu fechado e Casemiro desviou de cabeça. O resultado acabava sendo um tanto quanto mentiroso, até pela superioridade do Bayern. Os alemães tiveram 16 finalizações contra oito, incluindo duas bolas na trave.

Os próximos compromissos

O Bayern de Munique encara Bochum pela Bundesliga e Preussen Münster pela Copa da Alemanha, antes da revanche com o RB Leipzig na própria liga. Seu próximo compromisso na Champions é na visita contra o Copenhague. O Manchester United pega Burnley e Crystal Palace, este duas vezes, por Copa da Liga e Premier League. Na Champions, o próximo adversário é o Galatasaray.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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