Champions League

Após o silêncio pela crise, o Valencia deu sua resposta com uma grande vitória em Stamford Bridge

O Valencia atravessava uma semana bastante turbulenta. A demissão do técnico Marcelino García Toral foi uma decisão exclusiva (e controversa) da diretoria, que não contou com a aprovação do elenco ou mesmo da torcida. Responsável por conduzir os valencianos de volta à Champions e também por conquistar a Copa do Rei, o treinador entrou em rota de colisão com os patrões justamente por priorizar o torneio que conquistou, e também por desaprovar as decisões no mercado de transferências. Em reação à dispensa, na véspera da estreia pela Champions League, os jogadores se recusaram a falar com a imprensa e o presidente Anil Murthy precisou colocar panos quentes sobre a situação. Dentro de campo, porém, os Ches foram profissionais. Fizeram sua parte e conquistaram uma vitória enorme em Stamford Bridge, ao derrotar o Chelsea por 1 a 0 – com direito a pênalti perdido por Ross Barkley no fim.

O confronto em Londres colocava frente a frente dois treinadores estreantes na Champions. Albert Celades disputava sua segunda partida em um clube de elite e já vinha pressionado, depois da goleada por 5 a 2 aplicada pelo Barcelona no final de semana. Frank Lampard, por sua vez, se reencontrava com o torneio em meio a um novo ciclo do Chelsea, obrigado a utilizar muitos jovens. Vivenciando as oscilações iniciais, os Blues deixaram a desejar.

Mais perigoso durante os primeiros minutos, o Chelsea precisou lidar com uma baixa importante aos 15. Mason Mount saiu lesionado e deu lugar a Pedro. Apesar disso, os Blues seguiram mais efetivos no primeiro tempo. Por mais que o Valencia tenha crescido, em suas subidas velozes, falhava demais nas finalizações. Os ingleses criaram mais chances e deram trabalho, especialmente nos dez minutos anteriores ao intervalo. Willian tentou duas vezes, sem precisão. Quando acertou o gol, o brasileiro parou em grande defesa do goleiro Jasper Cillessen.

Na volta ao segundo tempo, o Chelsea tentou impor a sua intensidade. Cillessen trabalhou aos 17 minutos, em cobrança de falta de Marcos Alonso que passou por baixo da barreira e terminou salva pelo holandês no cantinho. O Valencia, entretanto, respondeu nas bolas paradas. E o gol contou com uma bobeira da defesa dos Blues, aos 29. Dani Parejo cobrou a falta em direção à área, ninguém acompanhou Rodrigo Moreno e o atacante desviou diante de Kepa Arrizabalaga. Curiosamente, Rodrigo quase foi vendido pela diretoria ao Atlético de Madrid, a despeito da vontade de Marcelino, em movimento que aumentou o atrito com o treinador.

Com o gol, o Valencia recuou. E o Chelsea teve sua grande chance de empate aos 40 minutos. Após toque de mão de Daniel Wass, a arbitragem confirmou o pênalti através do VAR. Ross Barkley pegou a bola de Willian e resolveu cobrar. O inglês bateu no meio do gol e seu chute triscou o travessão, antes de sair. Diante da oportunidade imensa que acabou desperdiçada, os Blues não conseguiram reagir. O melhor lance novamente veio com Marcos Alonso, que parou em outra intervenção providencial de Cillessen.

A vitória do Valencia possui um valor considerável, dentro do momento do clube. Mostra que o descontentamento dos jogadores não resultará necessariamente em corpo mole. De qualquer maneira, o conflito interno existe. Enquanto isso, o Chelsea entra na competição continental já com a exigência de se impor nas partidas fora de casa. Ambos figuram no Grupo H, que também contou com a vitória do Ajax por 3 a 0 sobre o Lille.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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