A passagem de bastão continua em Gales: Joe Allen anuncia aposentadoria da seleção
Um dos destaques da Eurocopa 2016, Joe Allen foi um grande jogador para a seleção de Gales, ao lado de Gareth Bale e Aaron Ramsey

Joe Allen, no começo de janeiro, após a campanha fraca de País de Gales na Copa do Mundo, disse que ainda havia espaço para a velha guarda na seleção, mas ela está ficando cada vez menor. Gareth Bale anunciou a sua aposentadoria do futebol, e agora o próprio Allen comunicou que não está mais disponível para o futebol internacional. O ex-jogador de Liverpool e Stoke City defendeu Gales em 75 partidas e o ajudou a se classificar para três grandes torneios.
O surgimento de um cara do calibre de Bale, em seu auge entre os melhores do mundo, ajudou a impulsionar Gales aos grandes palcos do futebol de seleções. Antes da Eurocopa de 2016, o único grande torneio com a presença do país era a Copa do Mundo de 1958. Mas não foi apenas o craque que o ajudou a participar de mais três. Allen e Aaron Ramsey também são integrantes de uma geração relativamente especial para o futebol galês que se desenvolveu junta desde o começo do trabalho do técnico Gary Speed, que morreu em 2011 e é sempre lembrado com muito carinho e respeito.
Depois da Copa do Mundo, foi natural questionar se eles continuariam defendendo a seleção. Os três passaram de 30 anos, atingiram o principal objetivo e não estão exatamente confortáveis em seus clubes. Bale, o mais bem sucedido, desencanou da carreira e está se divertindo em torneios de golfe. Allen ainda milita na segunda divisão pelo Swansea, clube em que se projetou em 2012 para o Liverpool de Brendan Rodgers e ao qual voltou após defender o Stoke City.
O volante estreou na seleção galesa em 2009, em amistoso contra a Estônia. Começou a virar um nome regular dois anos depois, ao mesmo tempo em que fazia a campanha pelo Swansea que lhe daria a grande chance da sua carreira, sob o comando do mesmo Rodgers que o levaria a Anfield. Nunca mais teria que brigar por espaço no time nacional e foi um dos destaques da Euro 2016, na qual Gales chegou à semifinal. Fez parte da seleção do campeonato, ao lado do compatriota Ramsey.
Também jogou o campeonato europeu seguinte, adiado por causa da pandemia para 2021, depois de sofrer uma séria lesão no tendão de Aquiles. Os problemas físicos começaram a se acumular. Chegou baleado para a Copa do Mundo do Catar, com uma lesão na coxa. Estreou apenas aos 13 minutos da segunda rodada contra o Irã e foi titular contra a Inglaterra, quando a vaca já havia ido para o brejo. A ausência do equilíbrio que ele fornece ao meio-campo, dos seus passes apurados e capacidade de organização, fez falta para o time do técnico Rob Page.
“Jogar por Gales tem sido uma grande paixão e amor na minha vida. Eu tive muita sorte. Eu compartilhei de uma jornada com pessoas incríveis. Minha família, companheiros, funcionários e torcedores tornaram-na especial e sou grato a todos vocês. O apoio da nossa nação é inspirador e me deu muito orgulho de vestir a camisa. Tantas experiências inesquecíveis. Infelizmente, o tempo e as lesões cobraram um preço, então é hora de abrir espaço para a próxima geração. O futuro do futebol galês é brilhante. Tudo de melhor. Joe”, escreveu Allen, em um comunicado divulgado pela Federação Galesa.
Ramsey, jogando pelo Nice, e com os mesmos 32 anos de Allen (Bale tem 33), ainda não anunciou o seu futuro. O técnico Page disse em janeiro que acredita que o meia ainda tem muito a dar à seleção galesa, que entrará em campo em março para dar início a mais uma campanha classificatória, para a Eurocopa de 2024. O certo é que o time galês que nos acostumamos a ver será diferente, embora ainda mantenha outros nomes importantes, como o goleiro Wayne Hennessey e o zagueiro Chris Gunter. O povo do país espera que a nova geração, liderada por Brennan Johnson, Harry Wilson e Ethan Ampadu, consiga replicar um pouco do sucesso dos velhinhos que pouco a pouco vão embora.