Aos 24 anos, Adu é exemplo de má gestão de carreira
Freddy Adu chegou ao Bahia no fim de março, com um vínculo válido até o final deste ano. A diretoria do Tricolor de Aço não pretende renovar seu contrato, e o norte-americano deverá procurar outro clube para atuar em 2014. Mas o que acontece com Adu? Por quais motivos sua carreira nunca decolou como muitos imaginavam – especialmente a imprensa dos Estados Unidos? O prodígio que nunca se realizou é o melhor exemplo de como a má condução de uma carreira no sentido da fama e das expectativas pode afetar o desempenho de um atleta.
Adu foi alavancado ao status de estrela muito precocemente. Com 13 anos, era disputado a tapas pelos times americanos e até a Internazionale tinha interesse em contratá-lo. Havia sido tema de matérias nos principais jornais americanos e na revista Sports Illustrated, já tinha patrocínio de grande empresa de material esportivo e era sinônimo de “soccer” para os americanos. Aos 14, já jogava pelo DC United e tinha o maior salário da Major League Soccer. Sem idade para sequer guiar um carro, era tratado como certeza para guiar um futuro promissor do futebol no país. Em campo, ele retribuía a atenção da mídia e os altos vencimentos com grandes jogadas e um futebol vistoso e ofensivo. Mas é bom contextualizar as coisas: se hoje a MLS não é lá grandes coisas tecnicamente, em 2004, muito menos.
Em dezembro de 2006 Adu trocou o DC United pelo Real Salt Lake, de onde saiu na metade do ano seguinte para tentar sua primeira aventura pela Europa, no Benfica. O atacante nunca se firmou no clube português, passou por vários empréstimos para clubes europeus e, em 2011, retornou à MLS. A série de insucessos no Velho Continente estigmatizou o garoto como uma joia que nunca chegou a ser lapidada. Foram então mais dois anos sem brilho no Philadelphia Union até o acerto com o Bahia neste ano.
Aqui no Brasil, praticamente não jogou, e sua dispensa por “deficiência técnica” de certa forma sintetiza o que foi sua carreira nesses quase dez anos. Com apenas 24 anos, terá em 2014 assinado com seu 10º clube. Adu não deseja jogar a NASL, a segunda liga em importância dos Estados Unidos. O México, onde outros americanos como DaMarcus Beasley e Hérculez Gómez atuam, é uma possibilidade. Eventualmente, até a própria MLS pode ser uma alternativa.
Analisando friamente, pela pouca idade que tem, o jogador ainda tem muito tempo para dar a volta por cima. Mas é difícil imaginar isso acontecendo quando consideramos todas as oportunidades que já desperdiçou. O estrago já parece estar feito, e serve como lição para os clubes saberem lidar melhor com suas potenciais estrelas. Tudo tem seu tempo, e este deve ser respeitado para que o processo de desenvolvimento do atleta não seja atropelado.
Veterano aos 24 anos, um fracasso que ainda tem muitos e muitos anos de carreira. Adu é o arquétipo perfeito do que a má gestão de uma carreira pode fazer. Pelo bem dele, é bom pensar bem antes de escolher o próximo destino. Não dá para consertar os erros do passado, mas é possível não repeti-los daqui por diante. Além disso, pode se agarrar na esperança de repetir a história recente de outros atletas jovens que têm dado a volta por cima após serem considerados fiascos, como Daniel Sturridge, Aaron Ramsey e Éverton Ribeiro – embora este último nunca tenha sido exatamente um fracasso, passou um bom tempo despercebido no Corinthians e no São Caetano antes de fazer grande trabalho no Coritiba e estourar pelo Cruzeiro neste ano. Essa é a saída para Adu caso queira recuperar sua carreira e parte do status que um dia teve.