MLS muda formato dos playoffs para dar maior vantagem a quem vai bem na fase regular
A MLS mudou a forma como será disputado os playoffs do torneio. Com objetivo de valorizar mais a campanha na fase regular, ao mesmo tempo que também aumenta o número de times na fase decisiva, a liga transformou os jogos em ida e volta em jogo único. Curiosamente, a impressão por lá é que os jogos em ida e volta acabam beneficiando o time de campanha pior, que pode embalar e vencer. Então, a mudança ataca dois problemas de uma só vez: mais gente nos playoffs e mais vantagem para quem tem campanha melhor.
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Para incentivar o bom desempenho na fase regular, o regulamento da MLS previa que dois times de cada conferência ficassem em stand by, esperando seus rivais já nas semifinais. Os outros quatro times faziam duelos por duas vagas. A chave também não era decidida previamente: o time de menor posição de classificação que avançasse seria o adversário do primeiro colocado; o outro jogaria contra o segundo colocado. Isso muda a partir de 2019.
Dos 24 times que disputarão a MLS em 2019, 14 deles vão para o mata-mata, sendo sete de cada conferência. Só o primeiro colocado ganhará folga na primeira rodada dos playoffs, esperando o seu adversário na semifinal. Acaba também a regra que o primeiro colocado enfrenta o time de pior ranking. A tabela passa a ser fixa: o primeiro colocado enfrentará o vencedor do duelo entre quarto e quinto. O terceiro colocado enfrenta o sexto, enquanto o segundo enfrentará o sétimo. Os times mais bem colocados na fase regular jogam em casa. Por lá, já existia um incentivo para os primeiros colocados de cada conferência manterem o ritmo: o melhor time da fase regular ganha uma taça menor, o Supporter's Shield, e garante vaga na Liga dos Campeões da Concacaf. Além disso, a melhor campanha garante que disputará todos os jogos do playoff em casa, o que passa a ser ainda mais importante com jogo único na semifinal, ao contrário dos jogos de ida e volta que existiam até este ano de 2018.
Os duelos passam a ser em jogo único em todas as fases dos playoffs. Isso significa que o time de melhor campanha jogará todas as partidas em casa. A de pior campanha jogará todas as partidas fora de casa. Além de valorizar a fase regular, é uma tentativa também de manter mais disputa antes dos playoffs, atendendo a um desejo dos donos dos clubes de valorizar mais os jogos para gerar mais dinheiro com as receitas de bilheteria.
Outro problema é resolvido com a mudança: o longo tempo que os playoffs duram, interrompidos por datas Fifa. As interrupções causam uma perda de momento dos times que avançam, tendo que parar, esperar os jogos da data Fifa e só então voltarem a campo, com os jogadores já em outro momento. Além disso, há a ideia que o playoff dura tempo demais: a temporada regular acaba em outubro e o campeão só sai no começo de dezembro. Com a diminuição, a ideia é fazer com que os playoffs acabem em novembro, entre a data Fifa de outubro e a de novembro e, assim, fazer com que os times não percam o embalo.
A MLS é uma das poucas ligas do mundo que joga algumas vezes mesmo em datas Fifa, como o Brasileirão. Não são muitas as ligas do mundo que ignoram a data Fifa, por motivos óbvios, e essa é uma crítica que também é constante na MLS. Assim, será algo um pouco menos problemático com o novo calendário para 2019.
Com as mudanças, a MLS terá a sua última rodada da fase regular no dia 6 de outubro, antes da data Fifa de outubro. Os playoffs começam no dia 19, depois do fim desta mesma data Fifa. Serão três semanas de jogos até a grande final, no dia 10 de novembro. A data Fifa de novembro começa logo em seguida e, assim, não atrapalha os times. A temporada regular terminará mais cedo do que em 2018, mas começará na mesma época: início de março. O calendário ganha alguma folga.
As vantagens de calendário incluem valorizar mais os jogos de fase regular, conforme anunciado, mas vai além disso. O torneio mata-mata não ser interrompido por jogos de seleções cria mais atratividade para a TV também, além de patrocinadores. A comparação é com o March Madness, do basquete universitário, um evento que atrai a atenção da imprensa, das TVs e de amantes do basquete no mundo inteiro.
A direção da MLS não tem medo de mudar e esse tipo de mudança é constante no futebol de lá. Há discussões profundas no futebol da liga sobre questões muito mais complexas, como rebaixamento e acesso (o que uniria a MLS como primeira divisão e a USL como segunda), mas isso é algo ainda muito longe de acontecer, até pelo tipo de cultura esportiva que os americanos estão acostumados, além do formato econômico: no atual, os donos que investem muito dinheiro para estarem com seus times na MLS têm garantia de continuar ali. Um sistema de acesso e rebaixamento faria com que times que não pagaram para estar na MLS, vindos da USL, poderiam colher os benefícios. É uma questão estrutural que gera um impasse e insegurança aos donos, por isso segue muito distante.
Isso inclui também os playoffs, outra discussão que já existe, sobre ter uma liga em formato de pontos corridos. Isso está descartado no curto prazo, exatamente porque essa é a cutlura do futebol do país. De qualquer forma, é bem possível que continuemos a ver mudanças pontuais de regras da liga, do formato de disputa. O que é bom, pensando no futuro da liga.