
A quarta-feira guardou um duelo bastante especial em Los Angeles: pela primeira vez em seu novo formato, o All-Star Game da MLS ofereceu o confronto entre os melhores jogadores da liga contra uma seleção formada pelos destaques do Campeonato Mexicano. E, reiterando as conquistas recentes da seleção americana na Copa Ouro e na Liga das Nações, os representantes da MLS se deram melhor também diante dos astros da Liga MX. O empate por 1 a 1 prevaleceu enquanto a bola rolou no Estádio Banc of California, mas nos pênaltis a MLS foi mais competente e confirmou a vitória por 3 a 2.
O All-Star Game da MLS adotou diferentes formatos ao longo de sua história. A partida reunia em seus primórdios Leste contra Oeste, conforme outros esportes americanos. Depois, o duelo era protagonizado por jogadores locais contra os estrangeiros da liga. Já nos últimos anos, firmou-se o modelo em que um clube europeu era convidado para enfrentar a seleção formada pelos melhores jogadores da MLS. Desta vez, com a aproximação recente das federações, seria montada uma seleção da Liga MX para o embate com a MLS. A rivalidade entre os países chamava bem mais atenção e prometia um jogo mais competitivo.
Os elencos foram formados com base nas ligas, e não nos países de origem dos jogadores. Assim, a convocação da MLS trazia dois astros mexicanos, Chicharito Hernández e Carlos Vela, que só foram cortados por lesão. A lista final da MLS misturou dez americanos com 17 estrangeiros, sobretudo sul-americanos. Já a Liga MX levou 14 mexicanos e 13 estrangeiros, entre eles André-Pierre Gignac. Dória (Santos Laguna) e João Paulo (Seattle Sounders) foram os brasileiros que participaram da festa.
Antes do All-Star Game em si, a MLS promoveu na véspera um desafio de habilidades entre as duas equipes, num modelo parecido com o que ocorre nos outros esportes americanos. Os times se enfrentaram em provas nas quais precisavam acertar o travessão de longas distâncias, acumular pontuação em lançamentos ou chutes e ver quem anotava mais gols em situações específicas. No fim das contas, a Liga MX acabou levando a melhor na brincadeira. O troco da MLS viria no dia seguinte.
A partida do All-Star Game começou quente, com Jorge Sánchez salvando de maneira espetacular um gol de Diego Rossi pela MLS. E a Liga MX abriu o placar aos 20 minutos, com um belo tento: herói do Cruz Azul no último título do clube, Jonathan Rodríguez matou no peito e finalizou cruzado para superar o goleiro Pedro Gallese. O empate da MLS saiu no início do segundo tempo, com uma cabeçada totalmente livre de Jesús Murillo após cobrança de escanteio. A partida ainda seguiu equilibrada, com chances aos dois lados, mas, sem novos gols até o fim dos 90 minutos regulamentares, a decisão acabou nos pênaltis.
Na marca da cal, quem brilhou foi o goleiro Matt Turner, do New England Revolution. O arqueiro já tinha sido decisivo na final da Copa Ouro contra o México e, desta vez, frustrou a Liga MX. Ele pegou os tiros de Rogelio Funes Mori e Salvador Reyes, enquanto Érik Lira mandou para fora. Nahuel Guzmán também parou Eduard Atuesta do outro lado e viu Nani isolar, mas acabou sendo insuficiente. A MLS concluiu a vitória por 3 a 2, com Ricardo Pepi convertendo a última cobrança – um personagem especial, por todo o contexto. Nascido no Texas, mas de família mexicana, Pepi vem sendo cortejado pelas duas seleções. A expectativa é de que, nos próximos dias, o atacante de 18 anos aceite o chamado do US Team para a próxima Data Fifa.
“Acho que esse formato é ótimo para as duas ligas. Vocês viram que o jogo estava muito animado e em alta intensidade. Os torcedores gostaram disso. Deveria ser adotado como padrão esse formato, mas essa decisão não é minha. Eu me diverti muito nessa semana. As pessoas realmente queriam ganhar, e nem sempre conseguimos isso no All-Star Game aqui”, avaliaria Matt Turner, eleito o MVP da partida. Guillermo Ochoa, goleiro da Liga MX, enfatizou a opinião: “É fantástico estar aqui com todos esses grandes jogadores. Foi ótimo para a torcida, porque eles puderam ver todos os jogadores ao vivo. Amaria estar aqui também no próximo ano”.
Pelo clima nas arquibancadas, com muita animação das duas torcidas, é bem possível que o novo formato do All Star-Game pegue. A rivalidade entre Estados Unidos e México serviu para acender o confronto de uma maneira diferente. Além do mais, com os rumores de que as ligas de ambos os países poderiam até mesmo se fundir durante os próximos anos, o All-Star Game reitera esses laços. Talvez no futuro seja exatamente a conferência americana enfrentando a conferência mexicana, como em outros esportes locais.