Para defender Vitor Roque, Deco diz que Barcelona devia seguir exemplo do Real Madrid
Diretor-esportivo do Barcelona criticou perseguição ao atacante brasileiro nos tempos de Barça e utilizou o rival como um exemplo a seguir
A ida de Vitor Roque ao Barcelona não cumpriu as expectativas dos torcedores, do clube e nem do jogador. Entre janeiro e maio deste ano, o jovem só foi titular duas vezes, disputando 16 jogos e terminando com dois gols, não tendo a confiança do ex-técnico culé Xavi Hernández.
Aos 19 anos, o atacante ex-Athletico-PR sofreu com a adaptação a um novo país e se tornou alvo de críticas de fãs e da imprensa catalã. Para o diretor-esportivo do Barça, o luso-brasileiro Deco, essa perseguição ao brasileiro é algo que nunca viu na vida, como revelou em entrevista ao jornal Mundo Deportivo.
— Desde que conheço o Barça, não me lembro de um ataque tão feio a um jovem jogador que veio de fora como o Vitor Roque. Uma crítica tão feia e ruim. Não sei de onde veio, não sei se é um ataque a mim ou ao clube, mas não creio que tenha havido um ataque pessoal contra um garoto de 18 anos tão forte e feio. Me refiro a maldade, ele foi atacado com muita força, sem sentido, sem motivo algum — criticou.
O executivo utilizou como exemplo o processo de Endrick no Real Madrid de como respeitar etapas para um jovem recém-chegado, ao contrário do que aconteceu com Roque.
— Estamos vendo agora com o Endrick um processo normal de um jogador de 18 a 19 anos que chega ao Madrid passando por um processo normal. Eles machucaram bastante o Vitor Roque e para mim foi muito difícil vê-lo sofrer e ver como ele ficou, o quão ruim ele ficou. […] O coitado não teve culpa de nada, que contrataram ele, que quem quer que seja o diretor esportivo não gosta dele, o treinador ou o presidente — justificou.
Por que Vitor Roque foi tão perseguido no Barcelona?
Deco não acredita que o atacante sofreu tantas críticas por conta do preço de 30 milhões de euros (que pode virar 60 milhões a partir do cumprimento de metas). Segundo o diretor, foi por conta do pouco tempo de recuperação de uma lesão e uma sequência de viagens pesada na temporada passada.
— Não creio [que as críticas] sejam por causa do preço. Ele fez muito chegando em janeiro, depois de se machucar antes de vir, talvez não estivesse devidamente preparado quando chegou e foi direto jogar em Barbastro [pela Copa do Rei] e na Arábia [Saudita, Supercopa da Espanha] sem ter plano — explicou.
Vitor Roque no Barcelona:
- 16 jogos (2 como titular) e 353 minutos jogados (média de 22 minutos)
- 2 gols, 2 amarelos e 1 cartão vermelho
No entanto, ele não aponta que houve precipitação do clube catalão em trazer o jovem ainda em janeiro ao invés do início da temporada seguinte.
— Não [houve pressa para trazê-lo] porque no final ele ajudou o time desde janeiro. Ele veio, marcou gols importantes, jogou, aumentou a competitividade do elenco… Era um jogador já contratado e foi contratado porque houve ‘fair play' devido à lesão do Gavi e o técnico pediu. Não creio que tenha havido precipitação — completou.
Roque voltará ao Barça?
Deco voltou a citar o rival Real Madrid sobre os planos para Vitor Roque, pois o clube da capital empresta outros atletas “e nada acontece”. Ele não quis entrar no mérito se o atacante voltará à Catalunha, apesar da boa fase no Betis, clube que está emprestado até 2025 com opção de compra.
— Não fazemos planos. O mais importante para ele era jogar. O plano do Vitor era vir nesta temporada e, caso não conseguisse ser inscrito através do ‘fair play', dar-lhe uma temporada para que pudesse ter minutos, não mudou. Se não houvesse ‘fair play', e como não era um dos jogadores prioritários a se inscrever, seria solicitado um empréstimo para que pudesse continuar a crescer num clube da La Liga ou em outra liga — disse.
— O Madrid faz isso com outros jogadores e nada acontece, mas aqui nos matamos sem sentido. Fiquei com pena dele, não porque me sentisse atacada por alguma coisa, mas porque é injusto e ele passou por isso sem necessidade — finalizou.
O atacante brasileiro soma três gols nos últimos sete jogos na temporada, período em que acumulou boas atuações e deu a volta por cima após um início negativo e de adaptação. Inclusive, Roque já tem mais gols em três meses no Betis do que meio ano no Barcelona.