Nova política ‘mão de vaca’ do Real Madrid não tem impedido o time de contratar destaques pagando pouco

Gastar dinheiro em contratação nunca foi, de fato, um problema para o Real Madrid. Quando o assunto é ter sempre os melhores jogadores em seu elenco, Florentino Pérez nunca foi conhecido por ser um gestor cauteloso.

Por mais que com o passar do tempo essas contratações caras justificassem cada centavo gasto, isso também não era uma preocupação. Apenas ter os melhores jogadores vestindo a sua camisa importava.

Mas, cinco anos atrás, duas contratações mudaram a forma do Real Madrid e de Florentino Pérez agir no mercado de transferência, dando início a uma era “mão de vaca” do time merengue: nada de pagar caro. Agora, parar ter os melhores em campo, o Real tem apostado em jovens e na paciência.

‘Efeito Hazard' fez Real Madrid e Florentino mudarem política

Quando o atacante Eden Hazard, que brilhava no Chelsea e acabará de conquistar um título europeu com o clube inglês, deixou Londres rumo à Madrid para assinar com o Real, ele entrava para a lista das contratações mais caras da história do futebol mundial: 120 milhões de euros (cerca de R$ 530 milhões na cotação da época).

Dois dias depois, ainda pagou outros 63 milhões de euros (cerca de R$ 277 milhões na cotação da época) pelo atacante e jovem promessa do Frankfurt, Luka Jovic. Ou seja: em menos de 48 horas, Florentino Pérez desembolsou quase um bilhão de reais em apenas duas contratações.

O problema foi que, desta vez, o valor gasto nestas duas contratações foram bastante questionados. Em campo, Hazard e Jovic não foram nem de perto aquilo que se esperava deles. Com 21 anos, Jovic fez 27 jogos na sua temporada de estreia e marcou dois gols.

Se contar todo o tempo que vestiu a camisa merengue, foram 51 jogos, três gols e cinco assistências para um jogador que chegou como o futuro goleador do Real Madrid, aquele que naturalmente ocuparia o lugar e herdaria a camisa de Benzema.

Cenário parecido com o de Hazard, que pouco produziu nas quatro temporadas em que defendeu o time da capital espanhola. As suas – muitas – lesões e a dificuldade para se manter em forma impediram o jogador, que chegou para assumir o posto de estrela deixado por Cristiano Ronaldo, de ser o protagonista.

Em Madrid, foram quatro temporadas. Juntas, o craque não somou sequer 10 gols. Foram apenas sete em 76 jogos, um gol a mais do que a sua pior marca em um ano pelo Chelsea.

A diferença era gritante. Em seu último ano como jogador do time londrino, o belga anotou 21 gols e somou 17 assistências, e esteve em campo em 52 jogos. No ano seguinte, como jogador do Real Madrid, ele esteve em menos da metade dos jogos (22), com apenas um gol marcado.

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Real Madrid arrumou soluções ‘baratas' para reformular elenco

O fiasco que foram essas duas contratações fez o Real Madrid mudar drasticamente a sua política de contratação. A partir de agora nada de pagar caro por estrelas no auge.

Agora, Florentino prioriza a chegada de jovens antes que o valor de mercado deles exploda e o clube precise fazer investimentos absurdos se quiser contar com eles em seu elenco.

Mas, a principal estratégia adotada pelos merengues foi a paciência. Estratégia essa que lhe permitiu levar de graça, sem custos, sem gastar um real em valor de transferência, Kylian Mbappé, o jogador mais bem avaliado e cobiçado do futebol mundial atualmente.

As cifras milionárias exigidas pelo PSG na negociação por Mbappé não faziam sentido para Florentino Peréz, que decidiu contar com o tempo e o desejo do jogador em atuar com a camisa do clube para esperar até o fim do seu contrato com os franceses para assinar sem custos com o atacante.

E o Real Madrid agora tenta aplicar a mesma estratégia para outros dois jogadores: os laterais Trent Alexander-Arnold, do Liverpool, e Alphonso Davies, do Bayern de Munique.

Amizade + paciência: o segredo do Real Madrid nas negociações

Já que a primeira opção, q cde assinar com os dois enquanto jovens promissores, não é possível, agora resta “seca4” e torcer para que a negociação dos atletas com seus respectivos clubes não terminem em um final feliz.

É o caso de Alphonso Davies. Com o seu contrato com o clube alemão terminando no fim da próxima temporada, o Real Madrid sabe que em janeiro já pode assinar um pré-contrato com ele sem precisar gastar com valores de transferência.

Sem pressa, o Real Madrid acompanha de perto o impasse na renovação de contrato do lateral canadense com o clube alemão e sabe que, na pior das hipóteses, vai precisar pagar por um valor bem mais baixo que a avaliação de mercado.

O mesmo vale para o lateral inglês do Liverpool, Trent Alexander-Arnold. Em sua primeira consulta, o time britânico sinalizou que só vende a sua joia na casa dos 70 milhões de euros (cerca de R$ 426 milhões), possibilidade descartada pela diretoria merengue.

Mas a situação do camisa 66 do Liverpool é bem parecida com a de Davies: Trent também só tem mais um ano de contrato com o time da Inglaterra e pode assinar sem custos com qualquer time do mundo na janela de meio de temporada.

O Real ainda tem outra arma potente para convencer o jogador: o poder da amizade. Jude Bellingham, uma das estrelas do Real Madrid, é amigo e companheiro de seleção do lateral do Liverpool, e vem tentando convencer o amigo a se juntar a ele no Real Madrid.

O fato é que, nem na lateral direita e nem na esquerda, o time espanhol está desesperado por reforços. Apesar das idades avançadas de Carvajal e Lucas Vásquez com 32 e 33 anos, respectivamente, contratar uma nova peça para renovar o setor não é a prioridade do momento, considerando principalmente a ótima temporada de Carvajal.