Levante se prepara para jogo que vale o acesso na Espanha: “Não é fácil jogar toda a temporada em uma partida”
Na expectativa pela final dos playoffs do acesso, o diretor esportivo Felipe Miñambres fala à Trivela sobre o jogo que marca a diferença entre primeira e segunda divisão
Levante e Alavés disputam neste domingo a última vaga para estar na primeira divisão da Espanha, La Liga. Os dois clubes vêm dos playoffs, depois de verem Granada, campeão, e Las Palmas, segundo colocado, subirem direto à primeira divisão. O Levante, terceiro colocado, eliminou o Albacete, enquanto o Alavés eliminou o Eibar. No jogo de ida, no fim de semana passado, empate por 0 a 0, no Estádio de Mendizorroza, casa do Alavés. Neste sábado, dia 17 de junho, é a vez do Levante ser o mandante e, com uma vitória, estará de volta à primeira divisão.
Estar na primeira ou na segunda divisão muda tudo na vida de um clube e o diretor esportivo Felipe Miñambres falou com exclusividade com a Trivela sobre a expectativa para o jogo e o que muda para o clube e como se planejar com antecipação diante de um cenário de tanta incerteza, em que tudo para a próxima temporada depende de um jogo.
Confira a entrevista com Felipe Miñambres na íntegra:
Como se preparar para uma temporada depois de cair de LaLiga para tentar voltar o mais rápido possível?
Não é fácil, não é fácil jogar toda a temporada em uma partida. Tentamos tratar com normalidade, mas não é normal para ninguém, não é uma normalidade real, nem para nós, nem para os jogadores. Sabemos que há muito em jogo, tanto economicamente quanto esportivamente. Há muita diferença entre estar na primeira ou segunda divisão.
E tentar esquecer o que é possível da partida, na TV quando, está em casa vendo imagens positivas de outras equipes, de outros acessos, mas sempre você cruza com alguma imagem negativa que você tem que tratar de tirar da sua mente. O mais importante é que os jogadores estejam com tranquilidade quando chegue o momento de jogar, estejam bem, estejam concentrados, mentalizados para jogar e ganhar uma partida que pode nos devolver à primeira divisão depois e uma temporada na segunda.
Em termos de gestão, planejamento da próxima temporada, como planejar uma temporada com uma mudança tão drástica que pode acontecer no próximo jogo? Como planejar antecipadamente todos os cenários para a próxima temporada?
É complicado, muito difícil, porque muitos jogadores ou representantes ou agentes que falamos viriam para o Levante na primeira divisão, mas não viriam para a segunda. E outros que você carrega para a primeira, não para a segunda, então não é fácil.
É certo que teremos um elenco amplo para a temporada que vem. Depois, nos fortaleceríamos em caso de estarmos na primeira e nos reforçaremos com jogadores desta categoria e se estamos na segunda, não piorarmos. Mas é certo que até agora, a maior parte das operações não foram feitas, porque é difícil fazer operações na situação que estamos. Tanto para nós quanto para os jogadores que podem vir.
Podemos ver um jogador ou dois que poderiam vir tanto na primeira quanto na segunda divisão, mas preferimos estar calmos e a partir daqui depois que o domingo e a segunda-feira forem de festa (risos), na terça começamos e no dia 1º de julho pensamos novamente na temporada. Mas o mais importante é subir, depois o resto é muito mais fácil de conseguir que o acesso.
Um dos desafios se o Levante voltar à primeira divisão é ter um elenco equilibrado, não gastar muito, nem tão pouco. Como planejar um elenco que seja equilibrado, que não tenha tanto risco de voltar à segunda divisão?
Teremos que buscar, mais do que tudo, a jogadores livres, jogadores emprestados, empréstimo é um modelo que nós podemos usar bem, já que o Levante é um bom clube, uma boa cidade. Neste momento já sabemos de jogadores de equipes grande que gostariam de sair para jogar, jovens com talento que poderiam vir ao Levante.
Talvez o problema para nós no tema financeiro é que tenhamos que vender, tenhamos que fazer vendas de jogadores, mas na primeira divisão é tudo muito mais fácil, sendo uma equipe competitiva, do que continuarmos na segunda divisão uma temporada a mais. Então, o mais importante é subir e, a partir daí, equilibrar a equipe, mais equilibrada do que fomos na última temporada na primeira, quando fomos uma equipe que levava muitos gols, precisamos ser uma equipe que leva menos gols.
Vocês enfrentarão uma equipe que também estava em La Liga na última temporada. Torna o desafio mais difícil jogar contra uma equipe com patamares similares?
Sim, dos três que caímos na temporada passada, subiríamos dois, que seria o Alavés ou nós, o outro já subiu, o Granada. Para qualquer um, mais um ano na segunda divisão é mudar as receitas, ter jogadores de um nível pior, mas esperamos seguir a tendência que tivemos na temporada e também ganhamos deles a última partida que jogamos na primeira divisão, esperamos seguir nesta dinâmica e voltar a ganhar do Alavés (risos).
Nota do editor: no duelo entre os dois na primeira divisão, na temporada 2021/22, o Levante venceu em casa por 3 a 1 o Alavés na última rodada de La Liga. Nesta temporada, o Levante venceu outras duas vezes na segunda divisão e empatou o jogo de ida por 0 a 0 na casa do Alavés.
Caso o Levante tenha sucesso e suba à primeira divisão, quais os desafios para aproveitar a visibilidade de La Liga em todos os sentidos?
É certo que teremos algum jogador brasileiro, o Brasil é um lugar de grandes jogadores, muitos jogadores bons, temos Wesley (Moraes, ex-Internacional e que está emprestado pelo Aston Villa) nesta temporada, temos Fabrício que este ano está emprestado ao Castellón.
Então, é um mercado amplo, que este ano, por exemplo, por estar na segunda divisão, pela intensidade, não pudemos visitar. Mas sempre que pudemos, nossa equipe viajou ao Brasil porque têm um potencial de jogadores muito grande, alguns jogadores muito grandes, nem todos podem ficar no Brasil, alguns têm que sair do país e buscar seu caminho fora.
Para nós, expandir, ao Brasil, aos Estados Unidos, que conheçam o Levante, nossa cultura, nossa identidade, isso seria importante. Você só consegue isso estando na primeira divisão e esperamos estar na primeira divisão e o mercado brasileiro é um mercado atrativo para nós, com o problema do passaporte (por ser estrangeiro, ocupa uma vaga de não-comunitário, algo que é limitado em La Liga), exceto um pouco mais ao sul, que tem mais jogadores de origem europeia. Mas é certo que são muitos bons jogadores que podem ajudar a nos mostrar ao Brasil e ao resto do mundo.
Uma vez na primeira divisão, como competir com equipes tão fortes e tão ricas como há em La Liga, como Barcelona e Real Madrid?
Em uma partida podemos competir, no nosso estádio, em uma partida, você pode ganhar. O futebol é tão grande que permite que você ganhe em uma partida de qualquer um. Depois, estar na Europa, em competições, estar em posições mais altas é muito, muito complicado. Há quatro ou cinco que estarão ali fixos. Então, duas ou três equipes precisam falhar para isso. A diferença de receitas se nota não para uma partida ou duas, mas ao final de La Liga.
Normalmente, ao final de La Liga as posições estão bastante relacionadas com o poder econômico. Há alguns que não, que saltam, que podem variar, mas a maioria, sobretudo os de cima, da metade para cima, do sexto ou sétimo para cima, têm a ver com isso. Em uma ou duas partidas, você pode ganhar de qualquer um em La Liga, isso nos engrandece.
Já tivemos para situações complicadas, mas conseguirmos competir contra outros clubes, como o Barcelona, o Atlético de Madrid, que ganhamos aqui, com o Real Madrid. No estádio deles é mais difícil, mas no nosso estádio sempre temos essa esperança que podemos ganhar. E o Levante ganhou muitas vezes do Barcelona, do Real Madrid. Nesse aspecto, ganhamos partidas muito grandes contra rivais grandes e esperamos poder voltar a desfrutar.
Qual é o papel das receitas vindas do estádio no planejamento do Levante, independente da divisão?
A nível econômico, é uma porcentagem pequena. Os clubes aqui na Espanha temos a maior porcentagem vindo de TV e acordos comerciais, especialmente a TV. Mais do que o que entra como receita, o que te dá vendo o estádio cheio, animado com seus torcedores para te apoiar é mais nesses termos, morais, de sentimento, de apoio aos jogadores, do que em termos econômicos, de receitas. É uma parte, mas é uma parte pequena do nosso orçamento com a venda de ingressos ou de carnês de temporada.
Finalizado
0
-1
Levante - CD Alaves
Spain Segunda - Ciutat de Valencia
1° Turno