Espanha

Jota Peleteiro, o espanhol que se aposentou do futebol aos 31 anos e ficou multimilionário com… agricultura

Ex-Aston Villa, Jota largou o futebol por desilusão, investiu em startup de tecnologia agrícola e se deu muito bem com isso

O ex-meia-atacante Jota Peleteiro decidiu pendurar as chuteiras aos 31 anos de anos de idade, em 2022. E mal sabia ele que estava prestes a iniciar uma carreira de sucesso e para lá de rentável em outra área: a agricultura. Sim, isso mesmo. O espanhol, que passou por clubes como Aston Villa, Brentford, Celta de Vigo e Alavés, resolveu investir em uma empresa de tecnologia agrícola. E pasmem, nunca ganhou tanto dinheiro como ganha agora. Menos de dois anos depois do investimento, Jota vê a companhia ter a projeção de lucro de 1 bilhão de libras esterlinas (aproximadamente R$ 6 bilhões na cotação atual). Em síntese, 25% deste valor irá para os acionistas, entre os quais o ex-jogador tem o controle majoritário.

A decisão de se aposentar com apenas 31 anos partiu única e exclusivamente de Jota. Mas engana-se quem acha que o espanhol resolver parar por conta de problemas físicos. Não, em nada tem a ver com isso. Autoproclamado camisa 10 clássico, ele acredita não ter mais espaço no futebol para este tipo de jogador no atual cenário do esporte. E isso mexeu com sua confiança…

– O jogo moderno é mais sobre sistemas e ser atlético. Eu era um criador de jogadas, um camisa 10, mas você não vê mais isso. Riquelme não seria titular hoje, porque estatísticas são baseadas no quanto você corre em vez do seu talento. Os jogadores não têm liberdade, é um jogo tático e todo mundo é como se fosse uma máquina -, disse Jota em entrevista ao site “The Athletic”.

Apesar da desilusão, Jota admitiu amar o futebol. Não foi fácil largar o esporte mais popular do mundo e abrir mão de tanto dinheiro, mas o ex-Aston Villa tinha um plano em mente.

– Foi uma decisão difícil, porque eu estava renunciando a muito dinheiro, mas eu amava futebol, nunca foi só sobre dinheiro. Eu perdi minha motivação, mas tinha outro projeto grande em mente -, completou.

O império milionário construído por Jota

A ideia de Jota ganhou forma, saiu do papel e hoje o ex-jogador se sente realizado com seu negócio. Logo após se aposentar, ele investiu na Groinn, startup de tecnologia agrícola criada na cidade portuária de La Coruña. Apoiado por amigos com conhecimento na área de agricultura, o espanhol decidiu fazer investimentos na casa de milhões de euros para o desenvolvimento da tecnologia e do software, em operação desde setembro de 2023. Os valores lhe asseguraram uma fatia significativa do negócio, além da posição de CEO.

A Groinn comercializa um software cujo sistema wireless tem como função monitorar o status dos campos e das colheitas através de sensores. Tais sensores são capazes de captarem informações preditivas sobre a necessidade das plantações, seja de nutrientes ou de água. E ainda de atenuação de riscos, como incêndios e mudanças climáticas.

Recentemente, a Groinn fechou um acordo com o governo espanhol, no qual passará a fornecer ajuda digital a fazendeiros do país. A projeção é que a empresa passe a valer 600 milhões de libras (aproximadamente R$ 3,7 bilhões) em 2025, e 3 bilhões de libras (R$ 18 bilhões) em 2026, já que o intuito é expandir a marca para outros mercados, como a China. Durante a entrevista, Jota explicou como e porque mergulhou de corpo e alma no projeto.

– Quando eu jogava, eu já conhecia a Groinn, mas não tinha tempo. Era uma start-up com outro nome que precisava de investimento. Eu gosto de arriscar, mas foram momentos nervosos durante o processo. Depois que você desenvolve a tecnologia e ela funciona, você vai ganhar milhões. Mas se não funcionar, você perde todo o seu dinheiro. Nossas projeções dizem que vamos fazer um lucro de 1 bilhão de libras.

Se por um lado a carreira de Jota não decolou no futebol, em contrapartida o espanhol tem tudo para se tornar um dos principais nomes do ramo da agricultura mundial. E ele tem ciência disso.

– Quando eu deixei o futebol, eu sabia que tinha algo realmente grande nas mãos. Eu coloquei muito dinheiro nisso. O valor da empresa tem projeções que mostram que seremos a maior empresa de agricultura do mundo em três anos (…) Somos como o iPhone. Antes você tinha cartas, aparelhos de fax e telefones, mas o iPhone junta tudo e não custa muito e terá melhor qualidade. Fizemos o mesmo na agricultura com toda a tecnologia numa só máquina.

– Estamos em negociações com muitos governos em todo o mundo porque eles querem a tecnologia e nós somos líderes da indústria. Estamos conversando com grandes empresas na América e estamos agindo mais rápido do que pensávamos.

Foto de Guilherme Calvano

Guilherme CalvanoRedator

Jornalista pela UNESA, nascido e criado no Rio de Janeiro. Cobriu o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Na Trivela, é redator e escreve sobre futebol brasileiro e internacional.
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