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A eficiência do Málaga silenciou o Camp Nou e relembrou que o Barça ainda tem problemas

Se o Barcelona precisava de um sinal de alerta em meio à boa fase, ele veio no melhor momento possível – se é que existe mesmo um bom momento para perder. Dentro do Camp Nou, os blaugranas foram completamente anulados pelo Málaga. Vitória por 1 a 0 para os alviazuis, em uma tarde de muita eficiência para encerrar a sequência de 11 triunfos seguidos dos adversários. Deixa os catalães com as barbas de molho, não apenas pela chance perdida de ultrapassar o Real Madrid na liderança de La Liga, permanecendo um ponto atrás, assim como para o primeiro duelo com o Manchester City pela Champions. Afinal, o Barça voltou a expor vários dos problemas do time de Luis Enrique.

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Está mais do que claro que o Barcelona depende demais do talento de seus três homens de frente. Quando Messi, Neymar e Suárez estão em dias inspirados, as chances de goleada são enormes. Mas, sem conseguir trabalhar a bola na frente, os blaugranas deixam expostas as suas vulnerabilidades. E basta um erro defensivo, que não costumam ser tão incomuns assim, para os pontos irem pelo ralo.

Neste caminho é que o Málaga construiu a sua vitória. O gol decisivo saiu logo aos sete minutos, a partir de um escanteio para o Barcelona. Kameni repôs a bola com rapidez e, com a zaga desmontada, Daniel Alves errou o domínio de bola. A chave para que Juanmi passasse por Claudio Bravo, balançasse as redes e corresse para o abraço. Também para que os donos da casa não conseguissem mais se recuperar no jogo.

Por mais que tivesse a posse de bola, o Barcelona não tinha criatividade. Com os atacantes encaixotados na forte marcação e Iniesta em mais uma atuação ruim, os catalães dependiam mais de quem voltasse para buscar a bola. Neymar era quem fazia um pouco mais, ainda que não adiantasse muita coisa diante da solidez do Málaga. Além disso, foram muitos cruzamentos para a área em vão, sem que ninguém completasse. E, quando tinha um pouco mais de espaço para arriscar, o Barça parava em Kameni e em Weligton, que salvou em cima da linha um chute de Rafinha.

O pior é que o desespero também expunha os donos da casa, e o Málaga teve algumas chances de anotar o segundo, sobretudo nos contra-ataques. A melhora do Barcelona só aconteceu no segundo tempo, quando Luis Enrique sacou Iniesta e Rafinha para as entradas de Pedro e Rakitic. Só que mais na base do desespero do que da organização tática, especialmente quando Luis Enrique tentou fazer os seus comandados jogarem no 3-4-3. A equipe conseguia ter mais profundidade, contra o cansaço dos visitantes. Nada que tenha permitido o gol. Kameni teve duas saídas providenciais no finalzinho, enquanto Piqué atrapalhou Neymar em um lance no final.

Diante da boa fase, o Barcelona não pode dizer que voltou para a crise. Mas precisa prestar mais atenção nas carências que permanecessem. Bater nos pequenos é até fácil, mas o Málaga de Javi Gracia mostrou que, com um pouco mais de estrutura, é possível segurar o trio de craques – especialmente quando eles não estão inspirados. Bom para os blaugranas voltarem a ter os pés no chão no confronto com o Manchester City. E perceber que, por mais que seus atacantes tenham talento para resolver a qualquer hora, é preciso ter calma e saber contornar os erros. Algo que o time esteve longe de fazer neste sábado.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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