Eliminatórias da EurocopaEspanha

A nova cara da seleção espanhola passa pelos seus pés, David Silva

A Macedônia não é nenhum grande adversário, mas isso não faz com que a vitória por 5 a 1 da Espanha deixe de ser relativamente uma surpresa. Quem viu a Roja nos últimos quatro anos se acostumou a placares magros em sua maioria, com muito passe e paciência, pouca contundência e finalizações escassas, mesmo contra os adversários mais fracos. A vitória na estreia das Eliminatórias para a Euro foi como um despertar, e a principal “pílula de energia” dos espanhóis foi a atuação de David Silva. O novo ciclo, que se inicia após a queda na fase de grupos da Copa deste ano, parece ter um de seus grandes expoentes definidos. No primeiro teste, o jogador foi o maior responsável pela mudança de identidade de sua seleção.

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O aspecto da posse de bola elevada foi visto mais uma vez contra a Macedônia, mas os espanhóis foram muito mais incisivos com ela do que estão acostumados. Mesmo com os macedônios recuados e com uma linha de cinco jogadores na defesa, a Roja conseguiu levar perigo constantemente, e o placar largo traduz o que foi o jogo. Usando principalmente o canto esquerdo do ataque para a criação de jogadas, o time de Del Bosque viu grande parte de seus avanços passarem pelos pés de David Silva, que atuou com posicionamento e movimentação parecidos com os que desempenha tão bem no Manchester City.

O jogador foi o que mais deu toques na bola, 124 ao todo. No quesito passe, ficou atrás apenas de Fàbregas. O recém-contratado pelo Chelsea jogou recuado e também foi importante para a criação de jogadas, mas como aquele que as iniciava. O penúltimo e último toque ficaram mais para Silva, que fez o time se movimentar bem. Participação direta mesmo, David Silva teve apenas nos últimos dois gols, fazendo o quarto e dando a assistência para Pedro fazer o quinto, além de sofrer o pênalti a partir do qual a Espanha abriu o placar. Ainda assim, sua importância durante toda a partida ficou bastante evidente.

Um dado de Silva em particular ajuda também a evidenciar a mudança de postura espanhola nessa partida. O meio-campista finalizou cinco vezes, número alto para quem não foi o jogador mais avançado do time. A Roja, ao todo, teve 23 finalizações, nada espetacular, mas número ainda muito alto para uma equipe que se caracterizou por poucos chutes a gol em sua história recente.

Vicente del Bosque conduz sem exasperação a renovação da seleção espanhola. Não se apressa em mudar completamente o time. Parece querer introduzir os novos jogadores aos poucos, chamar atletas jovens pela primeira vez com parcimônia e escalar a equipe sem alterar completamente o estilo de jogo. As individualidades dos jogadores, no entanto, contribuíram para a mudança de atitude vista hoje. Sem Iniesta, mas com Koke e Fàbregas fazendo ótimo trabalho pelo meio, o time ganhou profundidade. Porém, experiente e parte do grupo desde 2006, Silva foi o grande nome. Liderou brilhantemente o setor e parece pronto para ser o líder técnico dessa nova Espanha ao lado de Iniesta. A caminhada está só começando, mas pelo menos capacidade para isso o meio-campista demonstra ter.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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