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A maior vitória da temporada, a de Abidal na luta pela vida

Pouco importa se o Barcelona goleou o Mallorca. Se Fàbregas anotou um hat-trick, se Alexis Sánchez voltou a fazer uma boa partida ou se a ausência de Messi foi superada. Não foi o principal resultado do Barcelona, muito menos de La Liga ou da temporada europeia. Mas é difícil encontrar uma vitória mais importante do que a ocorrida neste sábado no Camp Nou. Uma vitória do ser humano sobre os obstáculos que se colocam em seu caminho, de Eric Abidal sobre uma doença que o tirou de sua rotina, de sua profissão, por um ano e dois meses

O exemplo de perseverança já tinha sido dado pelo defensor em 2011. Foram dois meses no estaleiro para tratar de um câncer no fígado. Voltou a tempo de disputar a final da Liga dos Campeões e ser homenageado por Carles Puyol, levantando a taça após a vitória sobre o Manchester United. Em fevereiro de 2012, porém, o rival foi mais duro. Abidal teve uma recaída e a cura só viria através de um transplante. A batalha pela sobrevivência foi retomada.

Depois da operação, em abril, foram mais 40 dias de internação. A continuidade da carreira profissional era mero detalhe diante dos riscos. Mas, etapa após etapa, o francês foi vencendo a doença e recuperando o vigor. Em agosto, participou da apresentação oficial do Barcelona e começou a intensificar as atividades físicas. O próximo passo foram os treinos, em dezembro, e em março o jogador participou de um amistoso com o time B.

Enfim, o triunfo ganhou reconhecimento público no Camp Nou. Bastou Abidal sair do banco de reservas para iniciar o aquecimento que a ovação tomou conta das arquibancadas. Quando o francês chegou à da linha lateral, para substituir Piqué, as dezenas de milhares de torcedores se levantaram para aplaudi-lo. Arrepiante. O defensor correu e marcou por 20 minutos. Recuperado, saudável e capaz de seguir sua vida normal.

“Foi um momento único. Quero agradecer meu primo, que fez a doação de órgão para o transplante. Para ele, não estaria aqui. Eu quero ajudar as pessoas que estão no hospital lutando. Sem querer, sou igual a um exemplo. Meu conselho é que não podem deixar de lutar, crer em Deus, rezar e ter a ajuda de muita gente por trás”, disse, na saída de campo.

Pessoalmente, a volta de Abidal me marca bastante. Vi dentro de casa uma luta parecida. Minha mãe também passou por um transplante de fígado e foi diagnosticada com câncer. Uma cirurgia delicada, que a debilitou bastante, causou efeitos colaterais e limitou muitos de seus hábitos. Não assisti a boa parte da final de Copa do Mundo que Abidal disputou porque estava no hospital com ela. A vitória da minha mãe durou três anos, até o tumor pedir revanche. Então, em meses, ele foi insuperável.

Ver Abidal jogando novamente me orgulha, ainda que reforce um pouco a saudade. É a superação que senti de perto uma vez e que, agora, se amplifica através do futebol. Acima da badalação das camisas blaugranas ou dos craques em campo, ficou o exemplo. Abidal mostrou o poder que tem a força da vontade por viver.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.

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