Raphinha fez o seu melhor jogo na Copa com assistência, drible e também muita entrega
Raphinha vinha sendo cobrado pelas atuações na fase de grupos e correspondeu muito bem, entre os melhores na goleada sobre a Coreia do Sul

Raphinha terminou a fase de grupos da Copa do Mundo entre os jogadores mais cobrados da Seleção. Não sem razão. O ponta direita teve atuações tímidas no início da competição e muitas vezes o time acabava pendendo demais ao lado esquerdo do campo. Apesar disso, o camisa 11 seguiu com a confiança de Tite. E corresponderia com uma grandiosa partida diante da Coreia do Sul. Os 4 a 1 das oitavas de final contaram com uma participação maiúscula do gaúcho. Abriu o caminho para a goleada com a jogada do primeiro gol, mas fez muito mais do que isso. Além de representar um pesadelo para o lateral esquerdo Kim Jin-su, também foi importante por sua combatividade. Justifica os créditos.
Ao longo da carreira, Raphinha nunca foi de sentir o peso da ocasião. O ponta sempre correspondeu nas oportunidades que pintavam, desde que deixou a base do Avaí para se aventurar no Campeonato Português. Foi assim em sua ascensão pelo Vitória de Guimarães, na temporada com o Sporting, no sucesso com o Rennes, na chegada ao Leeds United. Mesmo no Barcelona o atacante teve um excelente início, apesar de não manter tanto sua regularidade nesse primeiro semestre no Camp Nou. E a seleção se aproveitou dessa vontade do camisa 11. Chegou e se impôs na escalação, com grandes atuações nas Eliminatórias, bem como nos amistosos preparatórios.
Durante a fase de grupos da Copa do Mundo, porém, Raphinha não conseguiu proporcionar esse ponto de desequilíbrio para a seleção brasileira. Foram atuações abaixo da crítica nas duas primeiras rodadas. Contra a Sérvia, o camisa 11 perdeu a chance de destravar a partida mais cedo no primeiro tempo e também parou no goleiro Vanja Milinkovic-Savic quando saiu cara a cara na segunda etapa. Já diante da Suíça, o ponta participou mais da criação e gerou a melhor chance do primeiro tempo, para Vinícius Júnior, que não marcou. De qualquer maneira, até por aquilo que vinha fazendo com a Seleção, Raphinha estava abaixo da régua que colocou para si mesmo. Ao menos contra Camarões, Antony, sua sombra, não aproveitou a chance.
Com a formação principal do Brasil do meio para frente, Raphinha ganhou uma nova chance contra a Coreia do Sul. Aproveitou como poucos. A jogada do primeiro gol do Brasil mescla o talento do camisa 11 e também seu espírito de luta. O ponta encara dois marcadores, tabela, ganha a dividida e chega à linha de fundo para cruzar. O passe era de Richarlison e o atacante furou, mas o resultado final foi o esperado: assistência para Vinícius Júnior definir com uma calma impressionante.
Ainda assim, Raphinha não estava contente. Era uma ameaça nas transições rápidas brasileiras e ainda poderia ter dado outra assistência, no lance que Paquetá perdeu diante do goleiro. Já no segundo tempo, o camisa 11 foi quem mais tentou o quinto gol. Várias vezes chamou a marcação para dançar e infernizou o lateral com seus dribles. Seria barrado apenas pelo goleiro Kim Seung-gyu. Tite manteve o ponta direita em campo nos 90 minutos, também para garantir sua segurança pelo trabalho bem feito.
E o mais importante é que Raphinha não se resume aos lances de desequilíbrio. É um jogador que costuma se empenhar no trabalho defensivo – algo bastante elogiado inclusive pela imprensa inglesa, nos tempos de Leeds. Com os desfalques do Brasil nas laterais e o improviso de Éder Militão na direita, o camisa 11 permanece sempre alerta e foi muito bem na recuperação. Seriam três interceptações e três desarmes do gaúcho contra os sul-coreanos. Somando as duas estatísticas, foi o líder da Seleção em ações defensivas, acima até de Casemiro – que ainda teve um desarme a mais, mas duas interceptações a menos.
A diferença deste time do Brasil em relação a outras Copas é a quantidade de recursos ofensivos. É uma Seleção que parece ter mais cara do que se imagina do futebol brasileiro, com mais individualidade, mas sem negligenciar a qualidade coletiva que a associação desses talentos pode gerar. Foi o que se notou diante da Coreia do Sul. E desta vez surgiu a chance de Raphinha brilhar. Era um jogador que merecia ganhar confiança. Pode não ter marcado o gol, mas não é isso que reduz os elogios à sua excelente atuação.