Brasil

Walace e Romero podem jogar juntos no Cruzeiro? 4 duplas de ‘marcadores’ provam que sim

"Pitbulls” já atuaram juntos em algumas oportunidades pela Raposa e a tendência é que isso ocorra mais vezes

O meio de campo passou de ponto fraco da equipe em 2023 e até meados de 2024, para um dos setores mais bem servidos do elenco do Cruzeiro na segunda metade da temporada. Nomes como Walace, Matheus Henrique e Fabrizio Peralta se uniram a Lucas Romero, Barreal, Lucas Silva, Ramiro, Japa e Jhosefer, dando enorme leque de opções ao treinador Fernando Seabra.

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Com a chegada destes atletas, o time celeste ficou mais forte, o que trouxe a famosa “dor de cabeça boa” ao comandante da Raposa.

Matheus Henrique, que teve adaptação e condicionamento físico mais céleres, se destacou primeiro. O camisa 97 rapidamente tornou-se titular absoluto da equipe estrelada, status que possui até hoje. O jogador ter marcado gols e aparecido constantemente no ataque azul. Veja:

O argentino Álvaro Barreal, adaptado como um meio-campista por Fernando Seabra, também manteve a titularidade, enquanto Lucas Romero, aproveitou o menor preparo físico de sua nova sombra, Walace, para seguir dominando o setor celeste.

Conforme o volante ex-Udinese adquiriu condicionamento, sua participação foi sendo mais frequente e o que poucas pessoas imaginavam aconteceu: Walace passou a jogar ao lado de Lucas Romero em algumas oportunidades.

Bem, na maioria delas, não literalmente ao lado, visto que Romero começou a atuar mais adiantado no campo.

Com ambos os volantes aparecendo bem e nomes como Barreal sofrendo com problemas físicos, ficou cada vez mais plausível a atuação em conjunto da dupla de “pitbulls”.

Walace e Lucas Romero podem jogar juntos?

A formação com Walace e Romero deve se repetir no próximo domingo, já que Barreal não tem realizado atividades plenamente com o restante do grupo por estar sentindo o tornozelo esquerdo.

Apesar da grande possibilidade, torcedores e analistas se mostram reticentes à possibilidade, já que se tratam de dois primeiros volantes, ou “camisas 5”.

Normalmente, os treinadores costumam escalar duplas com pelo menos um dos volantes sendo menos marcadores e mais construtores. Por isso, há o temor de que o Cruzeiro fique exageradamente defensivo com os camisas 20 e 29 juntos.

Apesar disso, Walace já marcou seu primeiro gol pela Raposa. E foi muito importante. Assista:

Porém, é importante ressaltar que tanto Walace quanto Romero são jogadores de qualidade técnica e de estilos de jogo diferentes.

Mesmo combativos e especialistas nas recuperações de bola, os dois diferem, em especial, no porte físico. Walace é alto e muito forte, conseguindo utilizar disso e de sua boa leitura de espaços para ganhar a posse diversas vezes para o Cruzeiro.

Já Romero, por sua vez, é um jogador baixo e de muita mobilidade, que costuma “caçar” os adversários em campo, cobrindo grandes áreas. Por isso, recebeu o apelido de “El Perro”.

Além disso, como já citado, os dois possuem bom passe e sabem construir o jogo, apesar de não terem uma chegada tão constante ao ataque.

Walace celebra o gol decisivo que ajudou o Cruzeiro se classificar em confronto contra o Boca Juniors na Copa Sul-Americana
Apesar de não ser um goleador, Walace marcou gol decisivo que ajudou o Cruzeiro se classificar em confronto contra o Boca Juniors na Copa Sul-Americana – Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Quatro duplas de ‘marcadores’ que deram certo

Pensando na hipótese de Romero e Walace se fixarem como titulares do Cruzeiro, a Trivela separou quatro duplas de volantes marcadores que tiveram sucesso juntos, provando que essa é sim uma hipótese aceitável para a Raposa. Veja:

Fabrício e Henrique ou Marquinhos Paraná

Começando com uma dupla que fez muito sucesso no Cruzeiro. Fabrício e Henrique atuaram no clube celeste entre 2008 e 2011. Na época, o primeiro era o marcador principal e o segundo saia mais para o jogo, arriscando seus perigosos chutes de longe.

Mas ambos eram marcadores, tanto que henrique seguiu com essa característica em outros tempos de Cruzeiro. E assim como Walace e Romero, se tratava de uma dupla com boa técnica.

Marquinhos Paraná, o polivalente volante de Adilson Batista, também precisa ser citado. Como Fabrício costumava ter problemas físicos, era Paraná quem assumia a posição muitas vezes, sendo ele também um marcador.

A dupla, seja qual ela for, dava a sustentação necessária para o excepcional Ramires ser o elemento surpresa do ataque do Cruzeiro, o que resultava em vários gols.

Posteriormente, com a saída de Ramires, o trio Fabrício, Henrique e Marquinhos Paraná passou a ser utilizado sempre que possível, dando espaço para o ótimo setor ofensivo azul, que teve atletas como Gilberto, Roger, Montillo, Kléber, Thiago Ribeiro, Wallysson e Wellington Paulista.

Hoje, é possível lembrar de Ramires ao pensar em Matheus Henrique. Assim como o ídolo do Chelsea, Matheus é um meio-campista que chega muito bem ao ataque e que pode ser potencializado com a proteção de Romero e Walace.

Henrique e Fabrício pelo Cruzeiro no Campeonato Brasileiro de 2010
Henrique e Fabrício pelo Cruzeiro no Campeonato Brasileiro de 2010 – Foto: Imago

Pierre e Leandro Donizete

Campeões da Libertadores de 2013 com o Atlético-MG, Pierre e Leandro Donizete formaram uma dupla de destruidores de jogadas muito eficientes, mas que pouco pisavam na área.

A regra era clara: os dois marcavam para que o icônico quarteto Ronaldinho Gaúcho, Bernard, Tardelli e Jô brilhasse.

Pierre e Donizete fazendo o que sabiam de melhor com a camisa do Atlético-MG, na Recopa de 2014, contra o Lanús
Pierre e Donizete fazendo o que sabiam de melhor com a camisa do Atlético-MG, na Recopa de 2014, contra o Lanús – Foto: Imago

Nas horas de aperto, eles recuavam ainda mais, para que as “Torres Gêmeas” Réver e Léo Silva se tornassem atacantes.

A função da dupla era tão defensiva que Pierre, o mais recuado deles, não marcou um gol sequer em quatro anos de Atlético. Donizete, mais artilheiro que o companheiro, fez quatro em cinco temporadas.

Em alguns momentos, Josué substituiu Pierre na equipe.

Edinho, Magrão e Guiñazu – Internacional

O icônico Guiñazu, em 2008, com a camisa do Internacional
O icônico Guiñazu, em 2008, com a camisa do Internacional – Foto: Imago

Essa não é uma dupla mas, pasmem, um trio. Edinho, Magrão e Guiñazu foram o pilar do Internacional que conquistou a Copa Sul-Americana de 2008.

Ainda que o argentino se aventurasse ao ataque, tratava-se de destruidores de jogadas que davam toda a tranquilidade para o ataque colorado, formado por D’alessandro, Alex e Nilmar.

E aí que estava o “pulo do gato”. Com um ataque de muita qualidade, Jorge Fossati e Tite, que comandaram o Inter no período, preferiam um meio seguro, para dar oportunidade de seus craques brilharem na frente, algo que pode servir ao Cruzeiro, que possui nomes de vocação ofensiva e não só no ataque, como Matheus Pereira, Matheus Henrique e William.

Posteriormente, o ainda jovem Sandro ganhou espaço nesse time ao substituir Edinho, que deixou o Inter, mantendo a escrita de um trio de volantes marcadores no Colorado.

Mineiro e Josué

Uma das duplas mais icônicas no futebol brasileiro, Mineiro e Josué marcaram época no São Paulo. Os volantes franzinos ganharam juntos “apenas” a Copa Libertadores e o Mundial de Clubes FIFA de 2005 e o Brasileirão de 2006.

Se tratava de uma dupla de alto nível, não só na marcação, onde eram implacáveis, mas também na qualidade técnica e na movimentação.

Mineiro e Josué, ídolos do São Paulo, foram companheiros de Seleção Brasileira; foto de 2007
Mineiro e Josué, ídolos do São Paulo, foram companheiros de Seleção Brasileira; foto de 2007 – Foto: Imago

A dupla tinha valências para oferecer além da pura e simples marcação, o que ajudava no setor ofensivo. Não há exemplo melhor para retratar isso do que o gol do Mineiro na final do Mundial contra o Liverpool.

Assim como Paulo Autuori, treinador do São Paulo no Mundial de 2005, Fernando Seabra pode aproveitar que sua dupla de marcadores também tem potencial técnico para utilizá-los em funções que vão além de destruir.

Foto de Maic Costa

Maic CostaSetorista

Maic Costa é mineiro, formado em Jornalismo na UFOP, em 2019. Passou por Estado de Minas, No Ataque, Superesportes, Esporte News Mundo, Food Service News e Mais Minas, antes de se tornar setorista do Cruzeiro na Trivela.
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