‘Merecia uma sequência’: Carpini aponta culpado por demissão no São Paulo
Técnico de 40 anos apontou idade como causa para diretoria do Tricolor o ter demitido após 18 jogos
Para substituir às pressas o técnico Dorival Júnior em janeiro deste ano, a caminho da seleção brasileira, o São Paulo apostou no jovem Thiago Carpini. A passagem, que iniciou com a primeira vitória do Tricolor na casa do Corinthians e título sobre o Palmeiras, terminou em três meses, ainda em abril, quando foi demitido e substituído por Zubeldia.
Algumas das reclamações dos torcedores à época eram sobre o desempenho do time, quase sempre abaixo, em um estilo de jogo muito direto e culminando na eliminação nas quartas de final do Campeonato Paulista, e a pouca utilização de jogadores da base.
O próprio Carpini parece ter uma visão diferente dessa demissão e contou sua versão em uma carta publicada no portal Coaches' Voice.
Carpini aponta idade como causa para demissão no São Paulo
O técnico de 40 anos, atualmente no Vitória, criticou a forma que o futebol brasileiro vê os jovens treinadores, sempre colocando a culpa na falta de experiência. Segundo ele, isso aconteceu no São Paulo para cair após apenas 18 partidas, o que considerou injusto.
— Na primeira oscilação de um jovem treinador, dizem: ‘Ah, mas ele não tem experiência’. A gente quer tanto uma reformulação, mas não tem paciência para colocá-la em prática. Senti um pouco disso no São Paulo. — iniciou Carpini, emendando:
— Comandei a equipe em apenas 18 jogos. Fomos campeões da Supercopa do Brasil, tivemos bons resultados e alguma oscilação, o que é natural em um início de projeto. Acho que o trabalho merecia uma sequência. Talvez a minha idade tenha pesado na decisão contrária da diretoria. — completou.
Apesar dessa passagem rápida, marcada por um relacionamento desgastado com a torcida nos últimos momentos, Thiago não se arrepende da decisão pela evolução que teve nos últimos anos, saindo de times do interior ou fora da capital paulista para o gigante do Morumbi.
— O São Paulo apareceu com um projeto irrecusável. Acho que foi a melhor decisão que tomei na minha vida. Independentemente de como acabou o meu vínculo com o São Paulo, a experiência foi maravilhosa. Quatro anos antes, eu estava buscando um campo que tivesse um pedacinho que fosse de grama para treinar o Água Santa. Em pouco tempo, cheguei a um gigante como o São Paulo, com toda a sua estrutura impecável. — relembrou.
Thiago Carpini pelo São Paulo:
- 18 jogos, 7 vitórias, 6 empates e 5 derrotas
- Campeão da Supercopa do Brasil
- Eliminado pelo Novorizontino nas quartas do Paulistão
Ele ainda citou os destaques do elenco são-paulino e ídolos para justificar o orgulho e o sonho realizado de ter sido técnico do São Paulo um dia.
— Lembro do meu primeiro dia, ao ver jogadores como James Rodríguez, Lucas Moura, Rafinha, Arboleda, Calleri… Foi uma sensação de viver um sonho. Trabalhar no São Paulo coloca um carimbo positivo na sua carreira. É o São Paulo de Telê Santana, Muricy Ramalho, Rogério Ceni, Dorival Junior, Fernando Diniz, Hernán Crespo e de tantos grandes técnicos que passaram por lá. E eu também tive esse privilégio. — finalizou o técnico ao Coaches' Voice.
Jovem técnico sentiu que chegou sendo olhado ‘diferente' no Vitória
Contratado pelo Vitória em maio para ser o responsável por salvá-lo do rebaixamento no Campeonato Brasileiro, Carpini viu que chegou com um status inédito, pois já era campeão por um time grande como o São Paulo.
— Quando cheguei ao Vitória, senti que as pessoas me olhavam diferente do que havia acontecido até então na minha carreira. Eu já não era mais um jovem promissor. Eu era o Carpini, que foi campeão pelo São Paulo. — afirmou.
O jovem comandante conseguiu dar um ar novo e tirar o time que estava na zona de rebaixamento e levá-lo ao 12º lugar com quatro pontos de vantagem para o Z4. No momento, são três vitórias seguidas sobre RB Bragantino, Fluminense e Athletico-PR.
— Aceitei o projeto do Vitória com muita honra e responsabilidade. A equipe ainda não tinha vencido nenhum jogo na Séria A do Brasileirão, e somava 1 ponto em 5 rodadas. Conseguimos nos reinventar, fazer bons jogos e vencer rivais de peso, como Fluminense e Palmeiras, por exemplo. — exaltou.
A seis rodadas do fim do Brasileirão, o Leão ainda enfrenta Corinthians, Criciúma, Botafogo, Fortaleza, Grêmio e Flamengo. Se conseguir manter a equipe na Série A, Carpini acumulará outro bom trabalho em um time de menor orçamento, como fez no Água Santa e no Juventude, ambos no ano passado.