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São Lourenço da Mata ainda procura o seu clima de Copa

Parecia um concurso de quem falava o nome da rua mais alto. Repetiam, tentando embutir um pouco de sentido naqueles três nomes, e em seguida perguntavam por um ponto de referência. Em cidades pequenas, os moradores conhecem cada canto, todas as quebradas e os comerciantes pelo nome, sobrenome, apelido e descendência. Mas nem tanto o nome das ruas. Preferem os pontos de referência.

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São Lourenço da Mata não foge disso. Na região metropolitana de Recife, a cerca de 20 quilômetros da capital pernambucana e com uma população de cem mil pessoas, poderia ilustrar os verbetes de cidade pequena dos dicionários. Ruas planas, casas baixas e estabelecimentos comerciais sortidos. Poucos bancos, supermercados e grandes franquias. Tem o seu mercado municipal e sua rua central, pela qual passam as pessoas, a pé, de bicicleta, levando sofás em carrinhos de mão ou com grandes caixas de som no porta-malas dos automóveis. Gostam de ouvir música, bem alto.

A cidade ganhou uma honra que colegas muito maiores nunca receberam. Sediou dois jogos de Copa do Mundo e se prepara para mais três, a começar por esta segunda-feira, quando Croácia e México decidem vaga nas oitavas de final. Apesar de Recife contar com três bons estádios – Ilha do Retiro, Aflitos e Arruda -, construíram outro, imponente e moderno, em São Lourenço da Mata.

Seria esperado e muito natural que a cidade vivesse em clima de Copa do Mundo, mas as referências ao torneio são quase imperceptíveis. Inevitáveis fitas verdes e amarelas penduradas pelas ruas, uma ou outra bandeira do Brasil e um Fuleco desenhado na parede. Em plena tarde de domingo, as pessoas não pareciam interessadas nos jogos do dia. Caminhavam, tranquilas, conversando e cuidando dos seus afazeres. Não eram visíveis televisões públicas, nos poucos restaurantes ou bares que estavam abertos.

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É que na realidade a situação da cidade mudou muito pouco por causa da Copa. São Lourenço da Mata saiu do anonimato, mas os investimentos do governo serão em uma espécie de condomínio fechado, a Cidade da Copa, um pouco atrasada na sua construção, porém com a promessa de receber um shopping center, supermercado, prédios e todo o aparato moderno. Na boca do povo, será a Nova São Lourenço.

A Velha São Lourenço não foi tão afetada. Segundo alguns moradores, propriedades foram valorizadas durante a preparação da Copa do Mundo. Ganharam valor no mercado imobiliário, mas vão voltar ao normal depois do torneio e, para a maioria da população, muito pouco ou quase nada mudou. Houve um telão no centro para as pessoas assistirem à Copa das Confederações, ano passado, mas a prefeitura alega não ter verbas para repetir o evento.

Por isso, clima de Copa do Mundo em São Lourenço da Mata, apenas nos arredores da Arena Pernambuco mesmo.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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