Funkeiro, participante da última edição do Big Brother Brasil (BBB) e torcedor apaixonado pelo Santos. Do tipo que muda de humor e fica silêncio por horas – às vezes dias – quando o Peixe prova de um resultado amargo, como o constrangedor empate por 2 a 2 com a Ponte Preta, há pouco mais de uma semana.
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Esse é MC Binn, que, em entrevista exclusiva à Trivela, detalhou o significado do Alvinegro na sua vida.
Sincero e grato, o cantor revela que o time da Vila Belmiro lhe ajudou a vencer uma depressão e tirar da mente a ideia de cometer um suicídio por conta de problemas pessoais.
Hoje, nacionalmente conhecido em razão da música e da participação no reality show, ele promete passar todo o amor que aprendeu a sentir pelo Santos com o seu avô para os futuros filhos e netos.
No papo, MC Binn também fala sobre
- O encanto inicial pelo Santos, quando precisava dar um jeito de assistir o “time cheio de moleque preto, de favela, que joga para frente e faz o mundo inteiro respeitar”;
- O título mais especial;
- A dificuldade em lidar com o BBB logo depois do rebaixamento;
- O momento atual dos comandados de Fábio Carille.
O encanto pelo Santos, ‘cheio de moleque preto que joga para frente'
Trivela: Como surgiu o seu amor pelo Santos?
MC Binn: Cara, foi por total influência do meu avô. Quando eu era bem pequeno, tinha uns seis ou sete anos, escutava ele contar sobre o futebol do Santos. E ele sempre foi o cara que reunia a família para assistir aos jogos do Santos. Então, toda quarta e domingo era de lei: se o Santos jogasse, a gente se preparava e pedia uma pizza para assistir. Era a nossa rotina. Ele me fez se apaixonar pelo Santos baseado na história do clube. Lembro que sempre falava: ‘Você nunca vai ver um time de futebol igual ao Santos. Um time cheio de moleque preto, de favela, que joga para frente e faz o mundo inteiro respeitar'.
E como era para você acompanhar o Santos na infância?
Com o passar do tempo foi ficando difícil acompanhar os jogos. Fui expulso de casa entre 11 e 12 anos, passei fome e, por vezes, não tinha luz onde morava. Às vezes acompanhava as partidas pelo radinho de pilha, que custava R$ 5, ou descolava um gatonet mesmo. Quando não tinham essas opções, colava em algum bar que estivesse passando o jogo, porque não tinha TV a cabo em casa. A final da Libertadores de 2011, contra o Peñarol, por exemplo, foi um gatonet que meu pai fez. (Após ser expulso de casa, Mc Binn foi criado pelo avô e pelo pai).
A Libertadores de 2011 foi o título mais especial que você viu?
Não… o mais especial foi o de 2002. Principalmente porque o meu avô estava vivo. Aquele foi o dia que ele esperou por anos para ver o Santos sair da fila. E foi um verdadeiro presente por ver o Santos ser campeão ao lado do neto que ele fez ser santista. Então, aquele foi e sempre será um título muito significativo para mim. Aquela conquista me remete totalmente ao meu avô.
Você foi à Vila Belmiro durante a luta contra o rebaixamento?
Sim, em alguns sim, porque recebi umas intimações. Fui em alguns jogos que o Santos ganhou e quando começou a perder uns amigos começaram a falar que eu tinha que voltar para o Santos não ser rebaixado. Mas eu sabia que ia ser difícil. O Santos tinha se livrado dois anos seguidos. Aquele era o terceiro ano lutando contra o rebaixamento. Quando chegou no meio do campeonato eu falava: ‘não tá tranquilo, nem favorável'.
Mas ali no meio do campeonato você já estava sentindo que as coisas não terminariam bem?
Pô… a gente que vai para o estádio sabe, tá ligado?! A gente vê os caras jogando e ali dava para perceber que as ideias não estavam funcionando. Não estava rolando aquela pegada. Tinha jogador com salário astronômico que não estava representando a camisa do Santos. Tinha jogador, sem desmerecer a carreira de ninguém, que não merecia estar no Santos. Então, num determinado momento comecei a achar que ia cair mesmo. Ficava na torcida, mas já na cabreiragem.
O que você sentiu no exato momento do rebaixamento? Como reagiu?
Quando caiu foi um luto real pra mim. Entrei no BBB (Big Brother Brasil) de luto, mano. Foi tudo muito em seguida. O Santos caiu e eu já fui para o confinamento, num hotel. Na casa, se alguém viesse falar de futebol já batia a tristeza e a raiva do Rueda (ex-presidente do Santos). Era automático.
Você estava na Vila contra o Fortaleza?
Não… contra o Fortaleza eu escolhi não ir, mano.
Fica Carille?
Atualmente, mesmo cheio de compromissos profissionais, você ainda passa nervoso com o Santos?
Passo! E passo muito nervoso com o Santos. Às vezes a minha namorada fica nas ideias de me filmar, quando o Santos perde, para tirar uma onda. Mas, dependendo da derrota ou do empate, ela já tem ficado quieta. Nesse jogo com a Ponte Preta, por exemplo, que tomou o empate no último minuto, eu fiquei em silêncio, mudo. Tinham uns amigos em casa com ela, mas eu não falava nada. Eles conversavam entre eles e eu quieto no meu mundinho. Quando acontece algo assim com o Santos, eu demoro para voltar.
A real é que eu não fico uma pessoa legal de falar quando o Santos perde. Me torno a pior pessoa para você conversar quando isso acontece. Dependendo de como for o resultado, eu preciso de umas quatro horas ou até uns dois dias para voltar a trocar ideia legal. A minha namorada está começando a entender isso agora (risos).
Você citou o empate com a Ponte, como tem visto o momento atual do Santos? Está confiante no acesso? É a favor da demissão do Carille?
Eu acho que sobe, porque essa Série B, na minha opinião, não está tão difícil. Já acompanhei algumas Série B que foram mais pegadas e com times mais fortes. Sobre o Carille, se demitir agora, o Santos vai entrar numa multa, se complicar e criar mais dívidas. E esse não é um momento de criar dívida. Então, primeiro tem que pensar nesse lado. O Santos, na minha visão, sempre foi cuidado de uma forma sem pensar que a instituição tem contas para pagar. Se for demitir o Carille, tem que fazer tudo certo para trazer o técnico ideal. Não dá mais para ficar dando tiro no escuro. Acho as cobranças válidas e elas precisam acontecer. Mas trazer alguém para tapar buraco até dezembro não vira.
‘O Santos tem esse poder na gente'
Para terminar, tente explicar que o Santos significa para você?
Cara, pergunta complicada de responder, viu… Tem dias que minha namorada quer disputar com o Santos e não consegue ganhar, não (risos). Tatuei esse clube na minha pele porque tenho um amor muito grande por ele. Tudo aquilo que o meu avô me ensinou sobre a história do Santos vou passar para os meus filhos e netos.
Quando eu estava numa fase de depressão, ali durante e pouco depois da pandemia, a única coisa que conseguia assistir eram programas com assuntos sobre o Santos. Isso foi numa fase que eu tinha vontade de tirar minha vida. Já pensei em me suicidar e aquela foi uma fase que o só o Santos me trazia alegria, mano.
Por incrível que pareça, por mais pesado que tudo aquilo tenha sido, foi uma fase que, querendo ou não, eu vivi com o Santos e foi muito bom. Só eu sei o que passei naquele período. O Santos, junto com os cuidados médicos, psicólogos, minha mãe (adotiva), me ajudou muito a vencer a depressão. O Santos me trouxe vida novamente.
Só quem é santista sabe o significado de uma vitória dentro de um momento difícil na vida, de um dia ruim no trabalho ruim ou no relacionamento. Quando isso acontece, o seu final de semana está feito. O Santos tem esse poder na gente. Mas falar a real que ultimamente tiveram vários finais de semana que o Santos estragou.
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A entrevista com Mc Binn foi realizada na última quinta-feira (5), na Oakley, empresa que está inovando no mercado esportivo, principalmente por meio da parceria com a NFL (National Football League), que realizou o primeiro jogo oficial no Brasil, na última sexta-feira (6).
De olho no mundo esportivo, a Oakley tem estudado maneiras de, cada vez mais, se associar com grandes nomes do esporte nacional e mundial, como, no universo do futebol, é o caso do francês Mbappé, que é um dos embaixadores da marca.