Sem Dudu, mas com Endrick, ataque campeão do Palmeiras foi reinventado ao longo do ano para ser o melhor do Brasil
Palmeiras teve peças caindo de produção e jogadores improvisados, mas todos os problemas caíram por terra com a escalação de Endrick
O Palmeiras encerrou a temporada de 2023 com o melhor ataque do Brasil. Faz sentido quando se pensa que Endrick é o camisa 9 do time. Mas já não faz tanto quando se sabe que Dudu, o principal homem do setor, ficou os últimos três meses do ano sem jogar.
Os atacantes do Palmeiras passaram por muitas oscilações na temporada. Endrick começou o ano titular, mas perdeu a posição e só foi recuperá-la em outubro.
Rony, que brilhou em 2022, chegando à seleção no começo deste ano, não foi sombra do centroavante que encantou Abel. Artur começou muito bem, mas também despencou. López não conseguiu sequência.
E, como consequência de tudo isso, a linha de frente do Verdão terminou o ano escalada com Endrick, o mais badalado dos homens do elenco, e Breno Lopes, o herói da Libertadores de 2020, que nunca havia convencido Abel Ferreira de fato.
Mas os números não mentem: segundo levantamento do Blog do Rafael Reis, do UOL, ninguém balançou mais as redes que o Palmeiras no Brasil em 2023: 124 gols em 73 jogos.
A camisa 9 caiu perfeita em Endrick
Embora não tenha sido titular na maioria dos jogos, o nome do ataque do Palmeiras em 2023 é Endrick. O que o garoto de 17 anos fez na reta final do Campeonato Brasileiro já seria admirável na frieza dos números. Mas foi além.
Não é exagero dizer que foi sua entrada na equipe o que fez o Palmeiras ser campeão. Endrick foi o fato novo desequilibrante que o time precisava sem ter Dudu, após a decepção que foi a eliminação na Copa Libertadores. O título brasileiro de 2023, o 12º do Palmeiras, será para sempre lembrado como o “Brasileirão do Endrick”.
Faltaram peças para manutenção do esquema
Quando Dudu se lesionou, Abel, tendo a semifinal da Libertadores à frente, ficou oito jogos escalando um ataque com Mayke na ponta-direita e Artur na esquerda. Desse modo, ele, que já não tinha Dudu, passou a não ter também Artur, tampouco Rony, já que a bola pouco chegava a ele.
Abel precisou tirar o Palmeiras do 4-4-3 e colocar num 3-5-2 para o time voltar a jogar bem. É verdade que Abel tinha um outro ponta-esquerda destro para o lugar de Dudu. Mas, como ficou claro mais tarde, ele não via Kevin pronto para a tarefa.
Ele também tinha um ponta-direita canhoto, para não ter de improvisar Mayke. Mas tampouco viu Luis Guilherme à altura do desafio.
No fim das contas, excelente como é, Abel achou o equilíbrio ofensivo com laterais apoiando, Veiga vindo como um falso 9 e Breno Lopes mais à frente com Endrick. Mas, certamente, não seriam todos os técnicos que encontrariam tal solução.
Ano de amadurecimento e muitas mudanças
2024 promete ser um ano de algumas consolidações e amadurecimentos. Mas também marcará o nascimento de uma lacuna impreenchível.
Kevin, Luis Guilherme, Jhon Jhon e López não terão mais a pouca idade para se esconderem após um ano quase inteiro com os profissionais – ainda que, numericamente, sejam todos muito jovens.
Dudu só deve voltar no segundo semestre, o que também indica a necessidade de contratação, mesmo que Rony volte à sua melhor forma e Breno Lopes siga tendo espaço. Mas nada vai preparar o Palmeiras para não ter Endrick.
O Palmeiras só vai ter mais seis meses, com convocações e outras questões a se interpor, até a saída do seu camisa 9 para o Real Madrid. É melhor a diretoria se preparar muito bem para essa reposição, pois o baque tende a ser duro.
