Altos e baixos de Pedro e Gabigol explicam oscilação do ataque do Flamengo em 2023
Ataque do Flamengo esteve na linha tênue entre temporada artilheira de Pedro, péssima fase de Gabigol e oscilação dos outros componentes
Dentre os três setores fundamentais dentro de um jogo de futebol, o ataque foi o grande destaque do Flamengo de 2023. Não foi apenas pela qualidade das peças envolvidas no setor ofensivo do clube da Gávea, como dois centroavantes de luxo em Pedro e Gabigol, mas pelo nível abaixo apresentado pela defesa e meio-campo. Mesmo sendo protagonista, não quer dizer que não tenha falhas.
Recheado de estrelas, o ataque do Flamengo contou com sete atletas: Pedro, Gabigol, Everton Cebolinha, Bruno Henrique, Luiz Araújo e Marinho, mas o último acabou deixando o clube antes do fim da temporada, rumo ao Fortaleza. Vale destacar que o camisa 31 chegou no meio do ano, como investimento do Flamengo para suprir a saída do antigo ponta-direita.
Bruno Henrique é outro nome que só participou de metade da temporada, já que estava se recuperando de uma grave lesão no joelho. Dessa forma, o ataque oscilou demais entre os altos de Pedro e os baixos de Gabigol. Enquanto o 9 teve a temporada mais artilheira da carreira, o novo 10 teve seu pior ano pelo Flamengo em números, algo que explica, também, a falta de decisões vencidas pelo Rubro-Negro. O último destaque fica por conta de Everton Cebolinha, que começou mal, mas deu a volta por cima com Tite e encerrou a temporada como peça fundamental do setor ofensivo.
Em números, o ataque rubro-negro nem foi tão mal assim: 125 gols separados entre 76 jogos, ou seja, média de 1.65 por partida. Apesar disso, a média é uma das piores do clube desde 2019, com exceção do ano pandêmico de 2020 e, inclusive, o Flamengo nem ficou entre os dois melhores do país, atrás de Palmeiras e Grêmio. Faltou sinergia e inspiração, como no ano passado.
Pedro é destaque absoluto no ataque, com menções honrosas
É impossível falar positivamente do ataque do Flamengo sem citar a temporada de Pedro. O começo com Vítor Pereira foi avassalador, o final com Tite também, mas a passagem de Sampaoli acabou diminuindo o potencial de números do centroavante. No fim das contas, o Artilheiro Reverência terminou o 2023 com 35 gols em 61 partidas, média superior a um tento a cada dois compromissos.
Também é importante citar que a chegada de Luiz Araújo, e a ascensão de Everton Cebolinha, foram fundamentais para que o Flamengo buscasse a vaga direta na Libertadores. O ex-Atlanta United apresentou nível muito melhor do que o de Marinho, enquanto o camisa 11 assumiu de vez a condição de titular com TIte. Os dois, sem dúvida nenhuma, fizeram parte de uma reconstrução do ataque rubro-negro.
Bruno Henrique oscila após voar em retorno, e Gabigol vai muito mal em 2023
Se antes a dupla Gabigol e Bruno Henrique era sinônimo de medo nos adversários, o 2023 mostrou um outro lado da moeda. Gabriel não conseguiu repetir o desempenho das últimas temporadas e teve um dos piores anos da carreira, com apenas 20 gols e 4 assistências em 58 partidas, enquanto o Rei dos Clássicos oscilou demais. Teve momentos de genialidade, como nas quartas de final da Copa do Brasil, diante do Athletico, e outros de extrema dispersão, como diante do Grêmio, já na Era Tite.
Mais uma vez, as trocas de treinadores também prejudicaram bastante o setor ofensivo. Vítor Pereira gostava de ter Pedro e Gabi juntos em campo, com os corredores abertos para Matheuzinho e Ayrton Lucas, laterais ofensivos. Sampaoli chegou, fechou o corredor e mudou praticamente toda a estrutura de jogo, priorizando o 10 ao 9 no time titular. A chegada de Tite recolocou a reverência à frente da força, e o ano até terminou com melhora. Mesmo assim, uma coisa é certa: curioso ou não, ninguém se firmou no ataque do Flamengo em 2023.
O que esperar do ataque do Flamengo em 2024?
Quem lê o parágrafo do que deu errado em 2023 logo pensa que é necessário se livrar dos medalhões, mas é preciso ter calma. O ano do Flamengo foi muito ruim no coletivo e, por isso, a performance individual também é afetada. Gabigol e Bruno Henrique não perderam a capacidade de jogar futebol, só precisam de um pouco mais de confiança para voltar ao melhor nível. Assim, eu não mexeria tanto no ataque.
O Flamengo só deve ir ao mercado em busca mesmo de um ponta direita, única posição que não tem um reserva imediato. Com a ideia de Tite de utilizar Everton Ribeiro como armador, no meio-campo, Luiz Araújo fica solitário no setor. Bruno Henrique tem Cebolinha para dividir as funções ao longo dos 90 minutos, assim como Pedro tem Gabigol. São nomes que, mesmo sem estarem no melhor nível, ainda estão muito acima da média para o futebol brasileiro.