Brasil

Situação do Allianz Parque, única peça que não funciona no Palmeiras, é insustentável

O Palmeiras de Abel Ferreira vai jogar três de seus primeiros jogos como mandante em Barueri

Atual tricampeão do Campeonato Paulista e bi do Campeonato Brasileiro, o Palmeiras vive sua melhor época, até historiadores mais ortodoxos já reconhecem. Os títulos se multiplicam, a arrecadação é alta, as dívidas caem. Para completar, o clube tem hoje um dos melhores estádios do Brasil. Quer dizer, tem, mas não tem.

Tudo que envolve o futebol profissional funciona para o Palmeiras, menos o seu estádio. Comprado em 1920, com dinheiro emprestado pelo Conde Francisco Matarazzo, o estádio reformado entre 2010 e 2014 foi sequestrado pela Real Arenas/ Wtorre no último ano.

Quando a parceria foi idealizada pelo ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo, em 2008, havia o Pacaembu. De modo que o Palmeiras sair de sua casa algumas vezes, ainda mais amparado por indenização, não parecia uma grande questão.

Mas os números de shows cresceram muito. O Pacaembu fechou para reformas e não tem data para reabrir. E a WTorre nunca pagou o Palmeiras tal verba indenizatória — bem como os percentuais devidos de arrecadação com bares, restaurantes e lojas instaladas no espaço.

Oito vezes em cinco meses

Desse modo, o que acontece hoje é o Palmeiras ter de mudar toda sua enorme estrutura de dia de jogos para Barueri sempre que a Real Arenas, que nada paga ao Palmeiras, quiser.

O Palmeiras é refém de um parceiro assumidamente inadimplente, que não cumpre com diversas de suas obrigações contratuais — em que pese o Palmeiras dever à empresa, atualmente, uma fração do que teria a receber.

Chega a ser um escárnio, a informação de que o Palmeiras vai mandar apenas um dos seus quatro primeiros jogos em casa no Campeonato Brasileiro no Allianz, por conta de shows.

Jonas Brothers (16 de abril), Louis Tomlinson (11 de maio) e Andrea Bocelli (25 e 26 de maio) vão se apresentar na Arena. E, assim, o Palmeiras vai jogar na Arena Barueri três vezes:

Palmeiras x Internacional – 20h do dia 17 de abril, na 2ª rodada;
Palmeiras x Athletico – 16h do dia 12 de maio, na 6ª rodada;
Palmeiras x Vasco – 16h do dia 26 de maio, na 8ª rodada.

Em tese rivais pelo título e vagas na Libertadores, Inter e Furacão não pegam o Palmeiras no Allianz pelo segundo ano seguido.

É só o começo. Em 2023, o Allianz Parque recebeu absurdos 39 eventos de diferentes portes, que desalojaram o Palmeiras quatro vezes, três na reta final do Brasileiro, no qual o clube lutava pelo título. Em muitas outras oportunidades, o time foi forçado a jogar para públicos reduzidos.

Em 2024, por conta de avarias irremediáveis no gramado sintético da arena, consequência também da quantidade de eventos por lá, o Palmeiras jogou apenas quatro dos nove jogos que mandou em seu estádio. No quinto mês do ano, o Palmeiras já terá sido desalojado, portanto, oito vezes.

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Situação é insustentável

A situação não é sustentável. E seria ainda pior se a presidente do Palmeiras não tivesse conseguido a concessão da Arena Barueri. O estádio, que seria fechado para reforma agora, mas seguirá funcionando, está sucateado. Mas já melhorou em relação ao que era quando estava nas mãos do poder público.

Abel Ferreira já deu o recado: não importa o que precisa ser feito, mas o Palmeiras tem que poder jogar em seu estádio. Afinal, esse acordo precisa ser uma parceria, algo que claramente não é nos atuais moldes.

Se é arbitragem, que seja. Se é litígio, que se parta para isso, então. Mas não é aceitável o Palmeiras perder sua casa desse modo. Na prática, o Palmeiras não recebe o que lhe é direito e ainda vive desalojado.

O Allianz Parque lotado de torcedores proporciona uma festa incrível. Está empiricamente comprovado que o estádio tem o poder de ajudar o time a obter resultados. A torcida adora o lugar, o time se sente mais forte. Algo precisa ser feito para o Palmeiras não ter mais de renunciar a tudo isso.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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