Brasil

‘Não sejam histéricos’: No fim, frase de Leila, em coletiva só para mulheres, no Palmeiras, serviu para todos os assuntos

Dirigente respondeu questionamentos por quase duas horas e atendeu a todas as solicitações das jornalistas

– Não sejam histéricos – disse Leila Pereira.

A frase dita pela dirigente, durante entrevista coletiva de duas horas, concedida nesta terça-feira (16), tinha como pano de fundo a presença exclusivamente de repórteres mulheres na Academia de Futebol. Segundo a dirigente, foi isso que ela disse a um homem que a questionou sobre a medida.

Mas, no fim das contas, a resposta serviu para todos os assuntos abordados – o que não quer dizer que todos os questionamentos foram histéricos – e que tampouco Leila os tenha considerado como tal. Mas, de certo modo, o tom de tal fala foi o mesmo utilizado por ela para todos os comentários.

Leila iniciou a coletiva anunciando a renovação do contrato do técnico Abel Ferreira por mais um ano, até o final de 2025. Mas não revelou se ele terá aumento salarial – algo que a reportagem da Trivela apurou que vai acontecer.

A frase dita pela dirigente, durante entrevista coletiva concedida nesta terça-feira (16), tinha como pano de fundo a presença exclusivamente de repórteres mulheres na Academia de Futebol. Segundo a dirigente, foi isso que ela disse a um homem que a questionou sobre a medida.

Mas, no fim das contas, a resposta serviu para todos os assuntos abordados – o que não quer dizer que todos os questionamentos foram histéricos – e que tampouco Leila os tenha considerado como tal. Mas, de certo modo, o tom de tal fala foi o mesmo utilizado por ela para todos os comentários.

A impressão é que toda fala dela vinha acompanhada de um “calma” velado, implícito, tentando evidenciar que tudo vai bem no atual bicampeão brasileiro.

Leila iniciou a coletiva anunciando a renovação do contrato do técnico Abel Ferreira por mais um ano, até o final de 2025. Mas não revelou se ele terá aumento salarial – algo que a reportagem da Trivela apurou que vai acontecer.

– O que atrai o Abel (não é a questão financeira,) é o nosso projeto, nossa estrutura, as pessoas da Academia de Futebol. Trabalhamos muito para atender todos os desejos da comissão, temos uma sintonia muito grande. Ele entende, e nós também, que temos muito a ganhar juntos.

Sobre reforços, mais uma vez ela evitou engrandecer a necessidade de caras novas no elenco.

– O que for necessário e o que o Abel necessitar, nós estaremos atentos ao mercado para contratar e suprir as carências. Não o que a imprensa e o torcedor entenderem de carências, mas o que a comissão entender o que é melhor.

– Nós trouxemos três reforços. As contratações são feitas por solicitação do Departamento de Futebol, comissão e diretor. Quando você fala de nome de peso… Primeiro, os atletas que estão conosco são extremamente vitoriosos. Nome de peso são aqueles escolhidos pela comissão e diretor. O Palmeiras estará sempre atento ao mercado.

Quanto ao valor de patrocínio pago pela Crefisa ao Palmeiras, que hoje é inferior aos patricínios-máster de clubes adversários, ela também caminhou na mesma linha:

– Nós temos esse contrato que vai até dezembro de 2024. Eu já falei, por diversas vezes, que esse ano vamos fazer uma concorrência. Claro que sim. E quem oferecer o melhor valor…

– Se a Crefisa tiver interesse, quem vai decidir não vai ser eu. O clube tem o Conselho de Orientação e Fiscalização. Eu vou submeter ao COF, e o que esse conselho decidir, nós vamos atender – disse.

E assim foi, sobre quase todos os assuntos.

Futebol feminino e Allianz Parque

Entre os anúncios relevantes feitos por Leila esteve a informação de que o futebol feminino do Palmeiras enfim vai ter categorias de base.

Ela também disse que a Arena Barueri, administrada por uma empresa dela e do marido, deve ser utilizado pelas Palestrinas, que hoje atuam no quase insalubre Dr. Jayme Cintra, de Jundiaí.

Já o masculino poderá jogar tanto em Barueri quanto no futuro Pacaembu, de acordo com o que for decidido pela comissão técnica de Abel Ferreira, quando o Allianz Parque estiver indisponível.

– Infelizmente, não tem nada que eu possa fazer sobre essa questão. Eu herdei esse acordo, não fui eu que fiz

- - Continua após o recado - -

Assine a newsletter da Trivela e junte-se à nossa comunidade. Receba conteúdo exclusivo toda semana e concorra a prêmios incríveis!

Já somos mais de 3.200 apaixonados por futebol!

Ao se inscrever, você concorda com a nossa Termos de Uso.

O que mais Leila falou:

Contratos de patrocínio

– Nós temos esse contrato que vai até dezembro de 2024. Eu já falei, por diversas vezes, que esse ano vamos fazer uma concorrência. Claro que sim. E quem oferecer o melhor valor

– Durante esse ano vamos fazer a concorrência. Se a Crefisa tiver interesse, quem vai decidir não vai ser eu. O clube tem o Conselho de Orientação e Fiscalização. Eu vou submeter ao COF, e o que esse conselho decidir, nós vamos atender

– Aparecem empresas recém-criadas, com capital social ínfimo. Como pode oferecer um patrocínio milionário? Não vamos aceitar. Queremos empresas com credibilidade e que possam honrar seus compromissos. Existem muitos aventureiros que querem se valer da marca de um clube do tamanho do Palmeiras

– O nosso grande sucesso também tem a ver com credibilidade. O Palmeiras se compromete e cumpre. Eu quero empresas sérias ao lado do Palmeiras. Vai pagar R$ 400 milhões, mas e aí, cadê o dinheiro. Não adianta fechar um patrocínio de valores astronômicos, fazer uma coletiva de imprensa com a empresa, e ninguém vê o contrato

– Aliás, uma coisa que sou totalmente contra são cláusulas, no futebol, em determinados contratos. O jornalista e o torcedor têm direito de saber quanto o clube está recebendo

– Está comprovado esse valor? Depositam na conta? Muitas vezes aparecem empresas querendo patrocinar o Palmeiras oferecendo valores. Quando eu peço a verificação, a empresa não tem capacidade para arcar com esses valores. Não vou assinar contrato para ficar bonito para a torcida e para a imprensa.

– Acho engraçado que, em todo esse tempo de Crefisa e FAM no Palmeiras, eu não vi nenhuma repercussão para que outros clubes conseguissem um patrocínio relevante como o do Palmeiras. Não entendo toda essa polêmica quanto ao patrocínio.

Abel Ferreira:

– O desejo é que o Abel fique conosco o maior tempo possível. Eu acredito na continuidade. Realmente, no ano passado, todos estávamos esgotados. Foi um Brasileirão histórico. Isso vai estar para sempre na história do Palmeiras. Histórico e lindo. E extremamente importante para mim por tudo o que eu passei.

Machismo:

– Eu reflito muito sobre esses ataques machistas… Nunca falam ‘Leila, você é incompetente por ser mulher'. Mas engraçado que, quando o Palmeiras perde, a responsável é a Leila. Quando o Palmeiras é vitorioso, é apesar da Leila. A presidente não tem mérito? Claro que tem.

– Constantemente vou em reuniões na CBF e só tem homem. Na FPF, só homem. Na Libra, só homem. Convoco coletiva de imprensa e vejo 30 homens e duas ou três mulheres. Por que isso? Me sinto solitária.

– Quero que eles (homens) sintam o que nós sentimos desde que nascemos. Que toda a sociedade foque nisso, que nós, mulheres, não queremos privilégio. Queremos a oportunidade de mostrarmos que somos competentes e queremos espaço nesse mundo do futebol.

– Quando tivemos essa ideia, divulgamos. E por incrível que pareça, ouvi perguntas de homens… ‘Por que, só mulheres?'. O que eu digo para eles: não sejam histéricos. Quero que eles sintam o que nós sentimos desde que nascemos.

WTorre e ingressos

– Em alguns anos vão entregar o Coliseu pra gente, e não teremos recebido absolutamente nada. É uma empresa que não paga um centavo ao Palmeiras

— Não concordo quando dizem que os ingressos não são populares, são sim. Os jogos, por exemplo, dos meninos da base… Quem quer ver o Palmeiras pode ver os meninos.

– O futebol, apesar de ser popular, ele é elitizado a partir do momento que são investimentos altíssimos necessários para ter um time competitivo, campeão. Hoje, você não conversa sobre um jogador médio por menos de 5 milhões de dólares. Esse valores precisam sair de algum lugar.

Mancha Alvivierde:

– Estamos falando aqui há bastante tempo (quase 2h de entrevista). Demorou para sair essa pergunta… Mas vou te pedir mil desculpas. Sobre esse assunto eu não falo.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
Botão Voltar ao topo