Palmeiras tem grandes jogadores na base para mais dez a 12 anos, afirma coordenador
No clube desde 2015, João Paulo Sampaio é o comandante máximo da formação de atletas do Palmeiras
O Palmeiras tem, em suas categorias de base, grandes jogadores para “mais dez ou 12 anos”. E quem garante isso é o profissional responsável pela formação deles, o coordenador João Paulo Sampaio.
— O Palmeiras não é uma geração, não é um raio. O Palmeiras é o trabalho. E aí, com esse trabalho, tenha certeza, que quando a gente sair ou acabar o ciclo das pessoas, ele tem mais dez a 12 anos de grandes jogadores. Porque ele (o Palmeiras) sempre é o protagonista. Sempre, os melhores atletas estão no Palmeiras. O melhor futebol — disse ele à Trivela, na zona mista do Allianz Parque, minutos depois de conquistar o Campeonato Brasileiro Sub-20 pela terceira vez, na segunda-feira (30).
— Ser campeão brasileiro ganhando nos pênaltis, empatando o jogo… A gente não. A gente tem o artilheiro, a melhor defesa, o melhor ataque da competição. E, normalmente, é isso. É comum em todas as categorias. Por isso que a gente sabe que as gerações (futuras) aí vão para dez a 12 anos, tranquilo — completou.
Os segredos de João Paulo
Numa época em que os jogadores de futebol vão para Europa cada vez mais jovens e se tornam celebridades cada vez mais intocáveis, João Paulo é conhecido por duas razões.
A primeira é o fato de, já há muitos anos, ser o profissional mais vitorioso em categorias de base do futebol brasileiro. Os números são incontestáveis.
Desde 2015, quando chegou ao clube, o dirigente levantou mais de 150 taças de campeonatos no Palmeiras, incluindo duas Copas São Paulo, três Brasileiros Sub-20 e dois Mundiais Sub-17.
A segunda é o approach rústico que ele tem no trato com os jogadores. Com João Paulo, é sem massagem. Não tem biquinho, não tem exigência de estrela, nem tratamento diferente.
A cobrança é sempre alta. Seja com Endrick, seja com um recém-chegado atleta do sub-15 que acabou de ver a cidade de São Paulo pela primeira vez.
Só que a via tem duas mãos. Ao mesmo tempo em que bate, João Paulo também aceita apanhar — às vezes, no sentido literal.
— É, eu estou sofrendo já há alguns anos. Porque uma vez eu tive que sair na porrada com eles, em 2018. A gente perdeu o primeiro jogo da final (do Paulista) contra o Corinthians. E aí eu, daquele jeito João Paulo, desanquei eles no vestiário. E aí, uns dois me encararam — relembrou-se ele à Trivela, pouco tempo depois de conquistar o tricampeonato brasileiro sub-20, na noite de segunda-feira (30).
— Aí, eu fiz assim, ó: Tá bom. Virem o jogo e podem vir todos “para a mão”, que eu sou do Carnaval de Salvador. Aí, acabou o jogo, e a gente ganhou de 4 a 1 em Barueri. Aí (vieram) Patrick de Paula, Wesley, Vitão, Gabriel Menino… Tomei umas porradas feias na perna, tenho marca até hoje. Depois, tive que raspar o cabelo na Copinha. Tem hora que é verdade mesmo. É para mexer com eles — completou.
Tratamento rústico é associado ao que há de mais moderno
Mas se engana quem pensa que João Paulo é um cara folclórico, um dirigente que trabalha na base do grito. Cada passo, cada atitude dele é pensada dentro de um contexto que respeita o que há de mais avançado em termos de preparação física, nutrição, preparação física e psicológica.
Engana-se mais ainda quem imagina que João é malquisto pelos atletas. Muitos o procuram anos depois de deixar as categorias de base, inclusive muito tempo depois de deixar o próprio Palmeiras, pedindo conselhos, ajuda para tomar decisões na vida e na carreira. Porque sabem que João, doa o quanto doer, vai dizer a verdade. E a mão que bate também afaga.
— Normalmente, eu sou chato, eu digo não então (…). Agora ganharam um bichinho (premiação pelo título) dobrado, aí também que a presidente deu. Então, eles estão felizes. A presidente deu um bicho dobrado para eles. Ganharam camisa (da coleção de passeio do clube) na semifinal. E agora, a Leila e (vice-presidente) Paulo Buosi liberaram o bichinho dobrado para eles — revelou. E é óbvio que tal decisão teve a anuência de João.
Publicado por @diego_iwataVer no Threads
No Palmeiras, ganhar títulos é consequência
João Paulo afirma que não está no Palmeiras para ser campeão. Se os muitos títulos vieram, foi por causa do trabalho realizado.
— Vencer é consequência, é sempre consequência. Se você for ver,do time que jogou a final (do Brasileiro sub-20 do ano passado), só tem dois três jogadores. A gente poderia manter. Na base estoura a idade, não dá nem para manter igual ao profissional que você mantém o jogador jogando ali. Então, você tá sempre trocando de gerações, né? Por isso é só consequência — disse ele, antes de explicar mais:
— A gente não tem foco em ganhar o título. A gente tem foco de (fazer) o seu melhor. Consequentemente, você sendo melhor, você tem grandes chances de ganhar o título. Mas nosso foco nunca é ganhar. Nosso time sub-20 tem dois três jogadores de 20 anos. A gente poderia deixar os mais velhos. Mas, pelo contrário. Muitos estão no primeiro ano de júnior. Outros subiram com 16, 17 anos. Então, isso é consequência — diz.
"Hoje, de Rondônia a Caxias do Sul, em qualquer escolinha, o que seus treinadores querem e nos pedem é para 'colocar um jogador no Palmeiras'. "
trivela.com.br/brasil/palme…
— Diego Marada Iwata Lima (@diegomarada.bsky.social) September 26, 2024 at 12:29 PM
— Claro, esse gostinho (de ser campeão), eles não podem perder nunca. Até porque, vão ser cobrados no profissional sobre isso, sobre marcar história com títulos no profissional. Eu falo que, na base, quem foi o campeão paulista de 10, 15 anos atrás, ou da Copinha, ninguém vai lembrar de cabeça. Mas vai lembrar quem é Endrick, Wesley, Vitão, Luan Cândido, Luis Guilherme e outras gerações que passaram por aqui. E, assim, vai vindo…
Vai vindo um título atrás do outro, ele não disse. Mas essa é uma frase fácil de completar quando se está falando das categorias de base do Palmeiras.