Palmeiras assumiu um risco excessivo e foi castigado com gol do Barcelona no fim
Saber sofrer. Foi esse o conceito usado por Zé Roberto, o – obviamente – mais experiente jogador do Palmeiras antes da partida de ida das oitavas de final da Libertadores. Citou a final da Copa das Confederações, quando o Chile dominou a posse de bola, mas perdeu para a Alemanha. Por esse ponto de vista, a equipe paulista sofreu contra o Barcelona de Guayaquil, embora não tenha realmente sofrido. Os equatorianos pressionaram bastante no segundo tempo, levando perigo apenas naquelas bolas que cruzam a meta adversária na vã espera de que alguém a desvie, sem criar chances claras de gol. E, no fim, Jonatan Álvez contou com um desvio e com a visão encoberta de Fernando Prass para fazer o gol da vitória por 1 a 0 que dá ao Barcelona uma boa vantagem na briga pelas quartas.
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O primeiro tempo indicou que o Palmeiras poderia vencer fora de casa. Fazia um bom jogo: zagueiro seguros e firmes nas investidas, sistema defensivo bem encaixado, e o contra-ataque armado. Em uma dessas investidas, a melhor chance da partida. Dudu puxou contra-ataque, desde o seu campo de defesa, e soltou com Willian na medida certa. O chute cruzado foi muito bem defendido pelo goleiro Máximo Banguera.
No entanto, depois do intervalo, todas as dificuldades que o Palmeiras enfrentava foram acentuadas. A partir dos cinco minutos, o Barcelona passou a ter ainda mais posse de bola, os contra-ataques viraram chutões e a falta de participação de Borja passou a pesar. Na reta final da partida, os visitantes ficaram acuados, e muitas vezes passa-se ileso por esse “sofrimento”, mas essa postura representa um risco. E o risco assumido pelo Palmeiras talvez tenha sido excessivo.
O Palmeiras teve dificuldade para se manter no campo de ataque. Com a ausência de Guerra, liberado às pressas para cuidar do filho, o meio-campo começou com Thiago Santos, Bruno Henrique e Zé Roberto, este último o único com passe mais apurado, mas sem a característica de comandar o meio-campo, dar sequência à fluidez da movimentação da bola, prendendo-a em seu controle. O setor ficou mais enfraquecido com a saída do veterano para a entrada de Roger Guedes. Resultado: ligação direta. O Palmeiras deu 38 lançamentos, 25 errados.
A dinâmica da partida prejudicou a atuação de Borja, que vinha de partidas de razoáveis para boas contra Cruzeiro e Grêmio. O Palmeiras jogou pouco na grande área e, quanto mais longe dela, mais difícil fica para o colombiano dar sequência às jogadas. Não teve boas oportunidades para finalizar e saiu um pouco tarde demais. Foi trocado apenas aos 34 minutos do segundo tempo por Keno, muito tempo depois de ter ficado evidente que não daria uma boa contribuição esta noite.
As entradas de Guedes, Keno e Michel Bastos deixaram claro a estratégia de tentar aproveitar o contra-ataque em velocidade, mas isso não se viu na prática. A lógica foi acertada, a execução não funcionou. Enquanto isso, o Barcelona pressionava, e abafava e cruzava, tomando muitas decisões ruins no campo de ataque que prejudicaram suas ações ofensivas. Mas estava sempre perto da área, sempre rondando o gol defendido por Fernando Prass. Uma escorregada, uma falha, um desvio seriam fatais.
Aos 47 minutos do segundo tempo, Álvez arriscou de longe. A bola desviou em Thiago Santos e passou entre as pernas de outro jogador do Palmeiras, pegando Fernando Prass desprevenido. Entrou mansamente no canto do gol, complicando a vida dos paulistas para o jogo de volta. A equipe treinada por Cuca terá que vencer por dois gols de diferença. No cenário mais provável, o Barcelona terá espaços para contra-atacar e, como bem sabe o Botafogo, a equipe equatoriana gosta disso.