Brasil

Por que o Allianz Parque deixou de ser uma arma para o Palmeiras

Os relatos estão aos montes nas redes sociais. Uns se queixam do silêncio e da falta de apoio. Outros relatam discussões e brigas entre os torcedores que defendem e atacam jogadores e comissão técnica.

E, na soma dos fatos, uma conclusão é consenso: o Allianz Parque, estádio com a maior arrecadação do Brasil, deixou de ser uma arma para o Palmeiras.

Nesta temporada, o Palmeiras não passa de ano como mandante. Até o momento, tem apenas 48,7% de aproveitamento em casa, contra mais de 80% jogando fora.

O melhor desempenho do Palmeiras fora de casa não chega a ser uma surpresa e aconteceu em anos anteriores. Mas a disparidade vista em 2025 assusta.

Até o momento, foram 14 pontos perdidos como mandante no ano, somando Campeonato Paulista e Campeonato Brasileiro, com três derrotas e quatro empates.

Das derrotas, apenas a contra o Novorizontino no Paulistão (1 a 2) não aconteceu no Allianz, mas sim na Arena Barueri. Em seu estádio o Palmeiras empatou dois clássicos — 1 a 1 com o Corinthians, 0 a 0 com o São Paulo — e perdeu um terceiro, na ida da final do Estadual, para os Alvinegros: 0 a 1.

No Brasileiro, estreou empatando por 0 a 0 com o Botafogo e perdeu para o Bahia no domingo (27), por 0 a 1.

Elitização do público

Entre as teorias mais aventadas sobre o porquê de o estádio não estar empurrando mais o Palmeiras está a elitização.

Há anos, o Palmeiras tem o ingresso mais caro do Brasil, que só se torna mais acessível com os descontos do programa Avanti, de sócio-torcedor — ou seja, desembolsando dinheiro mensalmente.

O torcedor que consegue arcar com os altos valores, segundo quem se pauta por essa tese, não apoia tanto e prefere assistir aos jogos sentado. A pejorativamente conhecida “torcida de teatro”.

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Perda de força das uniformizadas

Desde o assassinato de um torcedor do Cruzeiro, em uma emboscada, a Mancha Verde, principal uniformizada do Palmeiras, está banida dos jogos no Estado de São Paulo.

Em que pesem todas as questões negativas relativas ao comportamento da torcida, a Mancha sempre ditou o ritmo do estádio. É quem puxa todos os cantos, inclusive comandando as ações das outras organizadas.

Sem suas principais lideranças e com um vácuo de poder, a torcida não está conseguindo trazer o mesmo impacto.

Torcedor mal acostumado

Há dez anos, o Palmeiras começou a renascer no cenário nacional, com a conquista da Copa do Brasil de 2015. Renascimento intensificado com o ciclo iniciado em 2020 com Abel.

O torcedor que tinha dez anos em 2015, por exemplo, que é a idade em que grande parte dos torcedores começa a se interessar por futebol, está habituado a ver o time ser campeão praticamente todo ano — só 2017 e 2019 são exceções.

Isso pode explicar, em parte, a falta de paciência e da cultura de apoiar o time o tempo todo. Xingamentos individualizados a jogadores e a Abel são mais comuns hoje em dia.

Recentemente, Richard Ríos entrou em atrito com a torcida e Abel se queixou publicamente do comportamento. Ambos recuaram e se desculparam. Mas teriam se queixado em vão?

— O sarrafo do Palmeiras está muito elevado. A impressão que fica é que muitos jogadores temem jogar no Allianz com medo de críticas, medo de serem vaiados por causa de erros e o time extremamente afobado dentro de campo.
A partida contra o Bahia, a primeira final contra o Corinthians, os jogos contra o Botafogo em 2024 foram a prova disso — avalia Gustavo Soler, setorista de Palmeiras na Rádio Bandeirantes.

— A comissão técnica precisa detectar quais são os jogadores que mais oscilam no Allianz e fazer um trabalho específico unindo diversas áreas dentro da Academia de Futebol, como psicologia e Núcleo de Saúde e Performance.

Resultados ruins do Palmeiras em casa em 2025

25/01 – Palmeiras 1 x 2 Novorizontino (Arena Barueri)
28/01 – Palmeiras 0 x 0 Bragantino
06/01 – Palmeiras 1 x 1 Corinthians
16/02 – Palmeiras 0 x 0 São Paulo
16/03 – Palmeiras 0 x 1 Corinthians (Final)
30/03 – Palmeiras 0 x 0 Botafogo
27/04 – Palmeiras 0 x 1 Bahia

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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