Decisões, vagas e golaços: os 10 maiores momentos do Palmeiras em 10 anos no Allianz
Mais bem-sucedida experiência de arena esportiva do Brasil, estádio do Palmeiras completa uma década
Em 19 de novembro de 2014, não dava para imaginar o que o Allianz Parque se tornaria. Mesmo ultrapassado e desconfortável, o Estádio Palestra Itália, o velho Parque Antarctica, era a incontestável casa dos alviverdes. Substituir um local lendário, palco da conquista da Copa Libertadores de 1999, não era tarefa simples.
Mas foi mais uma somatória que uma substituição. As lendas do antigo estádio ganharam companhia com novos momentos marcantes de uma década repleta de conquistas. Em um estádio moderno, adotado e adorado pelo torcedor. A mais bem-sucedida arena esportiva do Brasil.
Em seu décimo aniversário, o Allianz Parque se firma como peça mais importante do que se convencionou chamar de “retomada” do Palmeiras.
Mais de R$ 570 milhões em 308 jogos
Ao longo de dez anos, mais de 8 milhões de ingressos foram comercializados, gerando, apenas com bilheteria, cerca de R$ 570 milhões em 308 jogos do Palmeiras como mandante — 205 vitórias, 60 empates, 43 derrotas. Uma arrecadação que poderia ser muito maior, não fosse a quarentena imposta pela pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2021.
E o ganho vai além dos ingressos e dos percentuais em cima de tudo que a superficiária WTorre fatura. O Allianz é o grande motivo de o Palmeiras ter hoje cerca de 200 mil sócios-torcedores Avanti, que já renderam ao clube de R$ 357,5 milhões – R$ 39,7 milhões anuais por temporada desde 2015, sem computar 2024.
Os dez momentos mais marcantes dos dez primeiros anos do Allianz Parque:
2014: Inauguração e permanência na Série A
É emblemático que o Palmeiras tenha começado sua vida no Allianz com a corda no pescoço. Como se naquele 19 de novembro de 2014, time e estádio estivessem começando juntos, e do zero, uma vida nova.
O Palmeiras de Dorival Júnior não estava na zona de rebaixamento, mas corria muitos riscos. Com 39 pontos, era o 14º colocado, só três pontos à frente da 17ª, a Chapecoense.
Ser rebaixado pela terceira vez, com estádio novo e no ano de seu centenário era inimaginável. Mas, na inauguração do Allianz, mais de 39 mil pessoas se frustraram quando Ananias, do Sport, fez 1 a 0, aos 31 minutos do 2º tempo — Patric completaria o 2 a 0, aos 45.
Ananias só voltaria uma única vez ao estádio depois desse dia, na confirmação do título brasileiro do Palmeiras de 2016. O jogador estava no trágico voo da Chapecoense que caiu na Colômbia dois dias depois.
Foi só no segundo jogo do Palmeiras em sua casa, na última rodada daquele Brasileiro, que o time respirou. O empate em 1 a 1 com os reservas do Athletico-PR bastou para salvar o time. Henrique Dourado, de pênalti, é claro, foi o autor do primeiro gol do Palestra em sua nova casa.
2015: Robinho de cobertura, em Rogério Ceni
Na virada de 2014 para 2015, o então presidente Paulo Nobre mudou tudo no Palmeiras. E com o novo diretor de futebol, Alexandre Mattos, um novo time desembarcou no clube, para ser comandado por Oswaldo de Oliveira. Entre eles, o meia Robinho, vindo do Coritiba.
Robinho saiu no ano seguinte, após desentendimento com Cuca. Mas em 20 de março de 2015, em um jogo do Campeonato Paulista, ele escreveu seu nome na história do estádio e do clube.
Aos 2 minutos de jogo, pressionado por Dudu, Rogério Ceni afastou mal uma bola recuada. No meio-campo, Robinho matou no peito e, sem deixar a bola pingar, acertou um chute por cobertura, a 41 metros de distância. Foi o segundo da vitória por 3 a 0 sobre o São Paulo, no primeiro Choque-Rei do Allianz.
2015: A conquista da Copa do Brasil de 2015
Em 2 de dezembro de 2015, dias depois do primeiro aniversário da Arena, o Palmeiras de Gabriel Jesus, Dudu e Fernando Prass bateu o Santos de Gabigol e Ricardo Oliveira por 2 a 1. Para ser campeão da Copa do Brasil nos pênaltis — com direito a cobrança decisiva do goleiro Prass.
A final ficou mais marcada, é claro. Mas a campanha do time de Marcelo Oliveira teve outros embates épicos jogados no Allianz. Como as oitavas, contra o Cruzeiro (2 a 1). As quartas, contra o Inter (3 a 2). E a semifinal, contra o Fluminense (2 a 1, no tempo normal; 4 a 1, nos pênaltis).
2016: A conquista do Campeonato Brasileiro de 2016
O Palmeiras não começou o Brasileirão de 2016 como favorito. Após perder o Paulista para o Santos, o time com o técnico Cuca, recém-contratado, foi ganhando corpo ao longo do torneio.
O Palmeiras chegou à penúltima rodada, contra a Chapecoense, podendo ser campeão em casa. Só precisava vencer e torcer para o Santos não bater o Flamengo.
O Alviverde fez sua parte. Aos 25 do 1º tempo, em jogada ensaiada, Fabiano bateu meio sem querer, mas encobriu o goleiro Danilo e fez o gol do título.
Aos 45 minutos do 2º tempo, para matar todos os palmeirenses de tanto chorar, Cuca tirou o goleiro Jailson colocou Prass, recuperado após ficar afastado desde junho, com grave lesão no cotovelo.
O Palmeiras conquistava seu 9º Campeonato Brasileiro, o primeiro da Era Allianz Parque.
A perda do Paulista de 2018 e a conquista do Paulista de 2020
É fundamental contar os dois momentos juntos, ainda que isso acrescente, sorrateiramente, um item na lista. Porque, para o palmeirense, a história iniciada em 2018 só acabou dois anos depois.
Nenhum alviverde se esquece da anulação do pênalti assinalado sobre Dudu, cometido por Ralf, aos 26 minutos do 2º tempo — o Corinthians vencia por 1 a 0, com gol de Rodriguinho, no primeiro minuto de jogo.
Foram sete minutos até o árbitro Marcelo Ribeiro de Souza anular a marcação, após falar com o quarto árbitro.
O Palmeiras afirma ter havido interferência externa, com alguém vendo o lance na TV para a informação chegar a De Souza — na época, não existia VAR. Nos pênaltis, Cássio pegou as cobranças de Lucas Lima e Dudu, e o Corinthians foi campeão.
Por isso, em plena pandemia, ainda que com o estádio vazio, a conquista de 2020 ganhou tanto peso. Justamente sobre o Corinthians, nos pênaltis, após um 0 a 0 na ida e um 1 a 1 na volta — com direito a gol de Jô, no último segundo de jogo.
Patrick de Paula, em seu terceiro jogo pelos profissionais do Palmeiras, bateu o penal decisivo, no ângulo superior esquerdo de Cássio. A derrota de 2018 estava vingada.
Semifinal da Libertadores de 2020: Palmeiras 0 x 2 River Plate
Embora tenha sido uma derrota, não há como não listar a volta da semifinal da Copa Libertadores de 2020, contra o River Plate, em janeiro de 2021.
Na ida, o Palmeiras bateu o River por 3 a 0 aproveitando muito bem dois erros dos argentinos, com Rony e Luiz Adriano — Viña fez o terceiro de cabeça.
Na volta, a equipe de Marcelo Gallardo, defensora do título e mais time que o Verdão, veio determinada. Fez 2 a 0 já no primeiro tempo, com Rojas e Borré. E voltou para a segunda etapa no mesmo ritmo, bombardeando o Palmeiras, que pouco teve a bola.
Por três vezes, o VAR salvou o Palmeiras, com decisões certas: anulou um gol de Borré, por falta no início da jogada, aos 9 da segunda etapa. Aos 31, anulou pênalti em Montiel, que se jogou na área. E, já aos 53, o VAR chamou o árbitro para checar um possível pênalti em Borré, desconsiderado.
Mas, talvez, o lance mais emblemático do jogo seja uma verdadeira defesa de cabeça de Emerson Santos, em um bate e rebate com três finalizações do River na mesma jogada, aos 51. O zagueiro salvou em cima da linha. E o Palmeiras foi para a final.
Libertadores de 2022: 8 a 1 no I. Petrolero – A maior goleada
Entra na lista menos pela importância do que pelo resultado numérico: a goleada pela fase de grupos da Libertadores de 2022 é a maior goleada dos dez anos de Allianz Parque. E foi o primeiro jogo de Libertadores com torcida depois da pandemia.
Com um time misto, o Palmeiras construiu o placar com nada menos que quatro gols de Rafael Navarro, dois de Raphael Veiga, um de Rony e um de Zé Rafael.
Palmeiras 5 x 0 Cerro: A bicicleta de Rony
O Palmeiras jogou a volta das oitavas da Copa Libertadores de 2022 já praticamente classificado, após os 3 a 0 da ida, em Assunção. De modo que o time entrou tranquilo para a partida no Allianz.
Samudio (contra) abriu o placar aos 37 do 1º tempo. Rony, Breno Lopes e Gustavo Gómez ampliaram com três gols em sequência, aos 23, 25 e 28 da segunda etapa. Mas o gol que define o jogo como histórico saiu somente aos 38.
Há alguns jogo, até para irritação da torcida, Rony vinha correndo atrás do seu Santo Graal: um gol de bicicleta. Foram 17 tentativas equivocadas. Mas, com a ajuda de Breno Lopes, a mágica aconteceu.
Quando a bola saiu do pé de Breno Lopes e começou a desenhar uma parábola, todos olharam para a área. O que se ouvia no Allianz Parque era um “vai!” coletivo.
Quando Rony salta, o estádio inteiro já estava em pé. O “urro” que seguiu Rony durante a comemoração em que ele apontava para o gramado com os dois dedos, dizendo “eu estou aqui”, foi digno de apito final em decisão de campeonato.
Quartas da Libertadores de 2022: Palmeiras 0 (5) x 0 (4) Atlético-MG
O Palmeiras vinha de cinco derrotas seguidas em decisões por pênaltis. De modo que, segurar o empate no tempo normal contra o Atlético-MG, mesmo com Danilo e Scarpa expulsos, estava longe de ser garantia de classificação.
Mas o Palmeiras foi perfeito na disputa. Raphael Veiga, Gustavo Gómez, Zé Rafael, Piquerez, Rony e Murilo, batendo o decisivo, balançaram a rede.
Pelo Galo, Rubens errou a última cobrança, batendo fraco, para defesa de Weverton. Pelo terceiro ano seguido, o Palmeiras ia para as semifinais da Libertadores.
Final do Paulista de 2022: 4 a 0 no São Paulo
Daria para colocar também o 5 a 0 no Brasileiro de 2023, que iniciaram a arrancada da equipe rumo ao bicampeonato brasileiro.
Mas, como o 4 a 0 de um ano antes valeu o troféu diretamente, a final do Paulista de 2022 fica com a vaga.
Na ida, com um ótimo jogo, o São Paulo chegou a abrir 3 a 0 e colocar a mão na taça, no Morumbi. Mas o gol de Veiga, nos minutos finais, deu confiança ao time e à torcida de que virar era possível.
Danilo e Zé Rafael, aos 21 e 27 do 1º tempo, já igualaram a vantagem tricolor no Allianz. Com um show de pedaladas de Dudu pela direita, o Palmeiras faria 3 a 0, aos 3 da etapa complementar, com Veiga completando o cruzamento, de carrinho. Veiga também fecharia goleada, fazendo o quarto, aos 35: Palmeiras bicampeão Paulista.