Pais de torcedora do Palmeiras morta seguem legado: “Era a vida dela”
Ettore Marchiano e Dilcilene compareceram ao Allianz Parque para acompanhar o clássico contra o São Paulo
Ettore Marchiano e Dilcilene, pais de Gabriela Anelli, torcedora do Palmeiras morta aos 23 anos na última segunda-feira (10) após ter sido atingida por estilhaço de uma garrafa de vidro antes do jogo contra o Flamengo, compareceram ao Allianz Parque na noite desta quinta-feira (13) para acompanhar o clássico contra o São Paulo, pela volta das quartas de final da Copa do Brasil. Eles ressaltaram que querem seguir o legado da filha.
“Muito difícil. A gente está aqui fazendo o que a Gabriela gostaria que a gente fizesse. Numa situação dessas, infelizmente, ela chegou a comentar. Eu falava: ‘nossa, filha, isso não vai acontecer'. Isso aqui era a vida dela. Aqui em cada canto que a gente passa, a gente sente a Gabriela. A gente está aqui para fazer uma homenagem para ela”, disse Ettore Marchiano.
“Ela está aqui. Eu sinto que a Gabriela está do nosso lado. Ela é Palestra, italiana. Era o amor da vida dela o Palmeiras. E a torcida organizada é o segundo time dela. Que foi o que apoiou a gente em tudo até o momento. Sem palavras. Se estamos aqui hoje, é porque ela é um anjo de luz e pessoas muito positivas da Mancha Verde estão dando força para nós. Ficar em casa não ia adiantar. Chorar. A gente está aqui porque ela estaria aqui vibrando hoje e vamos continuar o legado dela”, afirmou Dilcilene.
Dilcilene e Ettori, os pais de Gabriela Anelli, vieram ao Allianz Parque para seguir o legado da filha: “Isso aqui é a vida dela. Em cada canto que a gente passa, a gente sente a Gabriela” pic.twitter.com/iUZAu88bYS
— Eduardo Deconto (@eduardodeconto) July 13, 2023
Gabriela Anelli foi ferida durante conflito entre palmeirenses e flamenguistas antes da partida entre as duas equipes no último sábado (8), no Allianz Parque, pela 14ª rodada do Brasileirão. Ela era integrante da organizada Mancha Alviverde, que a homenageou com uma faixa escrita “Gabi eterna”.
Nesta quinta-feira, Ettore Marchiano e Dilcilene tiveram uma rotina diferente em dia de jogos do Palmeiras. Pela primeira vez em muitos anos, eles partiram do Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo, ao Allianz Parque sem a presença de Gabriela.
“Foi diferente. Eu não estou trabalhando essa semana. Normalmente estaria no trabalho e não viria ao jogo. Ela fazia todo um preparo. Parecia que estava indo para um casamento. Ela ia, tomava banho, arrumava o cabelo. Se fardava. Se o jogo começa às 20h, às 15h ela saía de casa. Ela era amiga de todas as organizadas. Hoje foi difícil de me preparar, porque no domingo e no sábado a gente fazia isso juntos”, disse o pai.
Allianz Parque inteiro grita “Gabi” em homenagem a Gabriela Anelli. De arrepiar pic.twitter.com/tVUDtz3FhH
— Eduardo Deconto (@eduardodeconto) July 13, 2023
“A gente quer continuar essa missão por ela. A gente está conectado não ao Palmeiras, mas à ação social que a Mancha Verde fazia. Faltam palavras no momento. A minha filha tinha um coração muito bondoso, sempre sorrindo. Aqui é um pedacinho dela”, ressaltou a mãe.
Palmeiras não ajuda com ingresso
A TUP, segunda principal organizada do Palmeiras, postou uma nota oficial para reclamar da postura do clube em relação a Gabriela. De acordo com a torcida, o Palmeiras não ajudou nos pedidos de ingressos para os pais dela.
“Quando surge! Passando aqui pra deixar claro que o Palmeiras não ajudou em absolutamente NADA referente a Anelli e não está ajudando a família também. Os pedidos que fizemos foram todos negados.
Até ingressos para os familiares entrarem hoje no jogo para a homenagem foram negados com a frase ‘não podemos fazer nada’. Eu espero que vocês nunca esqueçam disso, porque nota em página oficial qualquer um faz!
Espero que o Palmeiras e sua diretoria vejam isso, mudem de ideia e ainda nos chamem de ‘mentirosos’ porque eles sempre fazem isso né?! Mas graças a Deus existe o print e a consciência limpa e isso nós temos!.”
Entorno do Allianz Parque tem proibição de garrafa de vidro
Determinação da Prefeitura de São Paulo proibiu a venda de bebidas em garrafas de vidro no entorno do Allianz Parque. Os bares e um posto tinham de colocar as bebidas em copo plástico para entregar aos clientes.
Além disso, a Guarda Civil Metropolitana reforçou a fiscalização contra os vendedores ambulantes. Alguns conseguiram entrar no perímetro do estádio, que tem as ruas fechadas – apenas torcedores com ingresso, trabalhadores e moradores podem passar pela barreira.