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Onde nascem os raios: Umbro abraçou singularidade do Santos nas novas camisas do clube

Fernando Martini Carvalho, coordenador de marketing da Umbro, e Vitor Sion, do Comitê Gestor do Santos, explicam sucesso da campanha de lançamento

Lançadas oficialmente na quarta-feira (14), no aniversário do clube, as novas camisas do Santos fizeram sucesso instantâneo entre os torcedores nas redes sociais. Isso porque, além do desenho caprichado que lhe é costumeiro, a Umbro abraçou a singularidade do alvinegro e baseou os modelos na mais forte narrativa em torno do clube: sua capacidade singular de revelar grandes talentos.

Tanto na camisa titular quanto na reserva, um padrão de raios pode ser observado, e, para quem segue mais de perto o clube, a explicação sobre o desenho está contida na peça em si. A Vila Belmiro, afinal, é o lugar onde o raio não só cai duas vezes, mas três, quatro, cinco (aliás, embora o dito popular indique que um raio cair no mesmo lugar é raro, na verdade é bem comum, como mostra o INPE, e como dizem os cientistas consultados nesta matéria do UOL, de fevereiro de 2020).

De Pelé a Rodrygo e, mais recentemente, Ângelo, passando pelos Meninos da Vila de Juary, Robinho e Diego e a geração de Neymar, o Santos construiu ao longo de sua história uma merecida reputação de fábrica de craques. O mote do raio, por fim, terminou de se sedimentar com o surgimento de Rodrygo, cuja grafia do nome favoreceu a narrativa.

Em conversa com a Trivela, Fernando Martini Carvalho, coordenador de marketing da Umbro, e Vitor Sion, membro do Comitê de Gestão do Santos, falaram sobre o processo de criação das novas camisas, revelando uma inversão na ordem normal da concepção de um novo uniforme. Se o comum é que a marca tenha a ideia inicial e o clube a aprove, desta vez a inspiração partiu de dentro dos muros da Vila Belmiro – e a campanha nasceu já pronta, nas palavras do profissional da Umbro.

Títulos do passado são pontos de partida bem comuns em camisas de futebol hoje em dia. Para os uniformes de 2021/22, a Umbro pensava em seguir a fórmula, e o Santos havia gostado da ideia, até que o clube decidiu querer trabalhar de maneira mais forte a sua narrativa dos raios.

“Pensamos: vamos botar isso no produto, é um tema rico e interessante de se trabalhar. Então, voltamos para a mesa de desenho, reformulamos o produto, colocamos o conceito dos raios no próprio produto e no selo e começamos a desenhar a história em cima disso”, conta Fernando, da Umbro.

“Normalmente, o processo de desenvolvimento de produto sempre se inicia com o nosso departamento de confecção, dentro da Umbro, aprovamos com o clube e, a partir disso, pensamos em uma campanha para fazer em cima daquele tema. Desta vez, não. Desta vez, o tema meio que já nasceu criado, com a campanha pronta na cabeça, e deu para encaixar bem o produto. Acredito que, por isso, deu tão certo este lançamento”, descreve o coordenador de marketing da fornecedora de materiais esportivos.

Vitor Sion, do Comitê de Gestão do Santos, destacou a importância do trabalho do diretor de marketing do clube, Marcelo Frazão, no processo. Para Sion, a continuidade de Frazão ao longo de três gestões, desde Peres, passando por Rollo e até a atual diretoria, do presidente Rueda, foi essencial para estabelecer uma continuidade e trabalhar melhor a identidade do clube.

O impacto imediato entre os apaixonados pelo Santos mostrou o acerto da campanha. Se normalmente vemos os clubes vestindo peças criadas de maneira genérica, por vezes com modelos replicados em diferentes equipes de diferentes países, o torcedor viu nas novas camisas um produto trabalho especificamente para ele, abraçando uma narrativa que se reforçou organicamente ao longo dos anos.

“Nas redes sociais, o torcedor ficou muito feliz porque ele viu que a Umbro pensou no Santos, especificamente. Se quiser desenvolver a história dos raios para outro clube, vai ser muito difícil. A Umbro está também com o Fluminense, que é um clube com um histórico grande de revelação de atletas da base também. Mas o Fluminense não tem esta narrativa do raio, que foi apropriada pelo Santos”, explica Sion.

Por suas características e o estabelecimento do recorde de jogador mais jovem a marcar na Libertadores, com 16 anos, 3 meses e 16 dias, Ângelo tem atraído muitos holofotes e pode ser visto como o potencial sucessor de grandes nomes do passado. Entretanto, Sion destaca que o elenco atual do Santos conta com diversos nomes de grande potencial, assemelhando o grupo àquele de 2002, de Diego, Robinho, Elano e outros.

“Poderíamos falar do Kaiky, zagueiro de 17 anos, que é uma baita promessa. No meio de campo, o (Gabriel) Pirani, que está ganhando espaço com o Holan a cada jogo, não dá para não falarmos dele. No ataque, Marcos Leonardo, com menos de 18 anos. Tenho muita confiança no Ângelo, um cara que dá para ver nos treinos que é fora da curva. Mas não vejo o Santos hoje, de maneira nenhuma, colocando essa responsabilidade no ombro do Ângelo ou pensando só nele. Acredito que temos toda uma geração muito qualificada, como em 2002. A narrativa dos raios é boa porque eles são muitos”, reforça Sion.

Agora, Umbro e Santos não repousarão sobre os louros da campanha bem sucedida. O trabalho é contínuo, e a temporada seguinte já está na mira. Como tem sido o caso na parceria, e como ficou melhor exemplificado nesta campanha dos raios, a contribuição é mútua.

“Cada clube tem sua particularidade. O Santos, em específico, nos dá bastante liberdade criativa e gosta de trabalhar junto, de colocar o departamento de marketing do clube para trabalhar junto, e isso flui muito bem”, completa Fernando.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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