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O Ceará sobreviveu na Ilha, venceu nos pênaltis e ergueu a taça do Nordestão pela terceira vez

Depois de vencer a ida no Castelão, o Ceará tomou o troco do Sport na Ilha e confirmou o título nos pênaltis, com duas defesas de Richard

Desde que a Copa do Nordeste voltou a ser disputada há dez anos, nenhum estado sabe melhor como conquistá-la do que o Ceará. São cinco títulos em 11 edições, quatro deles nos últimos cinco anos. E nenhum clube sabe melhor como conquistá-la do que o Ceará Sporting Club. Nesta quarta-feira, o Vozão se consagrou como tricampeão da Lampions League, numa decisão em que negou os prognósticos. O Sport vinha em melhor fase e tinha o apoio da torcida na Ilha do Retiro. Venceu por 1 a 0, mas a trave atrapalhou os rubro-negros três vezes e o placar levou a definição aos pênaltis, depois do triunfo alvinegro por 2 a 1 na ida. Na marca da cal, brilhou o goleiro Richard, que pegou duas cobranças dos pernambucanos e colocou o Ceará no topo do Nordestão mais uma vez, com a vitória por 4 a 2.

O momento do Ceará, no geral, não inspirava confiança. O clube perdeu o Campeonato Cearense e começou a Série B com duas derrotas. Não à toa, o técnico Gustavo Morínigo não resistiu no cargo e Eduardo Barroca assumiu o time. O Nordestão, entretanto, seguia como um sonho vivo. O Vozão vinha de boa campanha na fase de classificação e eliminou o Fortaleza na semifinal. Tinha gás para buscar a taça que tinha sido sua pela última vez em 2020, por mais que o Sport se indicasse numa fase mais confiável.

A vitória por 2 a 1 no Castelão pavimentou o caminho do Ceará. O golaço de Guilherme Castilho logo no primeiro minuto era uma enorme injeção de energia e Vítor Gabriel ampliou antes do intervalo. Porém, o gol do Sport nos acréscimos do segundo tempo, num desafortunado desvio de David Ricardo contra as próprias redes, tirava um pouco da vantagem para o reencontro em Recife. A impressão era de que o Vozão tinha perdido a chance de construir um placar mais confortável.

O Sport viria para cima e o clima fantástico na Ilha do Retiro já dava conta disso. O Leão quase marcou o primeiro numa pixotada de Richard, mas o goleiro se redimiu com um milagre para desviar levemente o chute de Jorginho Capixaba, em bola que ainda bateu no travessão. De qualquer forma, o Leão era melhor e abriu a contagem aos 26. A defesa vacilou no corte e Luciano Juba não perdoou. Já no segundo tempo, Richard fazia outras ótimas defesas, por mais que o Ceará tenha melhorado, e também contou com a sorte num lance inacreditável aos 25. Felipinho acertou o travessão e, no rebote, Wanderson carimbou a trave. O Vozão sobrevivia até os pênaltis.

Já na disputa por pênaltis, tudo parecia começar mal para o Ceará. O goleiro Renan defendeu a primeira cobrança, de Danilo Barcelos. A arbitragem mandou voltar, porque o arqueiro tirou o pé da linha instantes antes e se adiantou. Barcelos fez na segunda chance, mas não Luciano Juba, que parou em Richard no primeiro tiro do Sport. Jean Carlos e Vagner Love anotaram na sequência, até que Guilherme Castilho parasse em Renan e Sabino deixasse tudo igual. Então, Luvannor botou o Vozão na frente e Richard salvou também contra Gabriel Santos, para Erick decretar a vitória por 4 a 2 no tiro final dos alvinegros.

Com seus três títulos da Copa do Nordeste, o Ceará iguala exatamente o Sport na lista de campeões e fica com uma taça a mais que o rival Fortaleza. Somente Bahia e Vitória estão à frente, ambos com quatro troféus. No entanto, se for considerada apenas a fase moderna da Lampions League, ninguém se equipara ao Vozão. Os troféus de 2015, 2020 e 2023 fazem os alvinegros serem os maiores vencedores desde a retomada do torneio em 2013, com um título a mais que Fortaleza e Bahia. Uma prova da força regional que a torcida, agora, espera que se reflita também na Série B.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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