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No Dia da Consciência Negra, a Ponte Preta reiterou o compromisso com a questão e com sua história

Não importa tanto dizer quem abriu o caminho. O pioneirismo de ambos, por si, já vale muito. Ponte Preta e Bangu disputam o título de “primeiro clube a aceitar negros no Brasil”. Os dois possuem o seu papel histórico, em uma integração que também contou com a participação decisiva do Vasco nos anos 1920, assim como a quebra de barreiras proporcionada pelo início do profissionalismo, em 1933. De qualquer maneira, os pontepretanos têm sua identidade negra desde os primórdios. Um dos fundadores da Macaca, Miguel do Carmo também calçou chuteiras pela equipe. E a celebração do Dia da Consciência Negra, no fim das contas, não deixa de ser um reencontro dos campineiros com a própria história.

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Neste dia 20, a Ponte ressaltou a data no Moisés Lucarelli. Uma faixa relembrando o passado do clube circulou pelo gramado. Já o pontapé inicial, simbolicamente, foi dado pelo goleiro Aranha, vítima de racismo de alguns indivíduos quando atuava pelo Santos. Quando a bola rolou, os paulistas também fizeram a sua parte, vencendo o Fluminense por 1 a 0. O gol foi anotado pelo veterano Wendel, que dominou e bateu com estilo para completar a pintura, aos 41 do primeiro tempo.

As ações da Ponte Preta não vão além do emblema. No entanto, mais importante é o debate que elas ajudam a levantar. O racismo continua sendo um entrave na sociedade, que também respinga sobre o futebol. E o esporte pode ser o ponto de partida para uma conscientização maior sobre o assunto, discutindo posturas e atitudes. No início do século passado, os pontepretanos já deram sua contribuição neste sentido. Merecem o reconhecimento por continuarem se debruçando sobre a questão.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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